Dicas

Pediatra ensina a lidar com um filho adolescente

 
Muito se tem dito e escrito sobre a adolescência a ponto de, muitos pais acreditarem que se trata de uma fase complexa e que prejudica a dinâmica familiar. No entanto, o pediatra Carlos Gonzalez clarifica a importância de se cumprirem alguns requisitos que podem melhorar a relação entre pais e filhos.

De acordo com o mesmo especialista, é importante ter em conta que o adolescente precisa da atenção e do carinho dos pais, necessita que estes mostrem interesse por si e pela sua vida, mas que saibam respeitar-lhe o espaço. Assim, é fundamental seguir estas orientações:
 
1.Demonstrar interesse pela vida diária
 
Tal como em qualquer outra relação afetiva, é essencial que os pais demonstrem interesse pela vida diária do seu filho. Sem grandes intromissões, os pais devem perguntar-lhe como se sente, o que tem feito, quais são os seus hobbies favoritos e daí por diante. O facto de os progenitores ouvirem o que o filho tem para lhes dizer, mostrarem interesse pelas suas amizades, pelos seus problemas, medos, sucessos e inquietações, é a base da aproximação que se pretende entre pais e filhos. Os pais devem mostrar a sua disponibilidade para o apoiar quando for necessário, não se esquecer de dar carinho e de manter uma relação de confiança.
 
2.Respeitar o espaço do filho
 
Na sequência do ponto anterior, Carlos Gonzalez alerta que, os pais devem mostrar interesse pela vida dos filhos, mas mantendo sempre a linha do respeito pela sua privacidade. É natural que o filho não lhes conte tudo, pelo que os progenitores devem aceitar essa condição, tal como é importante que respeitem a privacidade do seu quarto, objetos e assuntos mais privados. Ao mostrar confiança, os pais fazem com que o filho se liberte e se sinta melhor ao fazer certas confidências, sobretudo porque vai sentir que diz apenas o que quer.
 
3.Repetir a mensagem as vezes que forem necessárias
 
É importante que os pais digam ao filho o que pretendem e como devem agir ou fazer algo em determinada situação, mas igualmente é fundamental que os progenitores se certifiquem se o jovem compreendeu o que lhes foi transmitido. Muitas vezes podemos pensar que passamos bem a nossa ideia, mas o nosso filho não a interpretou dessa forma, por isso, é importante conversar, esclarecer e repetir as vezes que forem necessárias. Nunca é demais reforçar que a forma como se transmite essa mensagem também é muito relevante, pelo que devemos procurar manter a calma, pensar bem antes de dizer e estar disponíveis para ouvir as dúvidas do filho. Quando se trata de cumprir uma ordem, os pais não devem deixar margem para dúvidas e ser exigentes e rigorosos. Se o jovem não compreendeu, deve-se repetir, mas não fugir do assunto.
 
4.Exercer a autoridade quando é necessário
 
O pediatra Carlos González aconselha a reserva de autoridade para problemas graves, ou seja, quando for realmente necessário. Se os pais costumam demonstrar raiva e autoridade, mesmo com trivialidades, isso dará lugar a que o jovem se acostume a esse modo de ser e que deixe de respeitá-los. Por outro lado, se os pais só recorrem à autoridade quando é necessário, ou seja, quando se trata de um assunto muito importante, o jovem vai entender que se trata de algo sério e terá muito mais respeito pelo que lhe é dito. Segundo o mesmo pediatra, esta forma de educar facilita muito a relação entre pais e filhos, já que os limites são estabelecidos de parte a parte.
 
5.Ensinar o adolescente a negociar
 
É normal que pais e filhos não concordem com tudo e, isso até é muito saudável, no entanto, é preciso que se encontrem pontos de equilíbrio para que a relação flua em harmonia. Os confrontos durante a adolescência podem levar a um verdadeiro conflito familiar. E, sem dúvida, a forma mais eficaz de resolver esse tipo de situação é através da negociação.
 
Ensinar que os conflitos são resolvidos por meio de uma negociação saudável, ou seja, quando ambas as partes ganham, é fundamental para conviver com um filho adolescente. Com esta base de entendimento, os pais estão a promover não só uma melhor relação com o filho, como igualmente a prepará-lo para o seu futuro social e profissional, já que está a desenvolver habilidades muito importantes para conseguir relacionar-se melhor com os outros nos mais variados contextos.
 
6.Ensinar a dizer “não”
 
Tal como devemos ensinar os nossos filhos a obedecerem ao “não”, igualmente devemos prepará-los para que o digam quando é necessário. Nesse sentido, Carlos Gonzalez sublinha que, os adolescentes devem aprender que têm o direito de dizer “não” e, por sua vez, os pais devem respeitar as suas recusas. Além disso, é saudável que os pais sejam questionados, tanto pela relação entre filhos e pais, como pela própria personalidade do adolescente. «Ensinar um filho a obedecer sempre sem questionar é o mesmo que não o preparar para dizer “não” aos colegas que o querem levar para um lugar indevido, que lhe oferecem álcool ou drogas e daí por diante».
 
Segundo o mesmo pediatra, os pais devem encarar a adolescência como uma fase determinante para a qualidade da vida adulta e dar o seu melhor para que a relação decorra com trocas, amor, carinho e muita compreensão. O respeito é a base de todas as relações e deve ser erguido também na convivência entre pais e filhos.
 
De acordo com o mesmo pediatra, a adolescência tem sido encarada com uma frieza muito prejudicial à relação entre pais e filhos. Criou-se uma ideia de distância e até de medo em lidar com os filhos. Para ultrapassar isso, é fundamental que os progenitores promovam um ambiente de muita confiança, amizade e diálogo e que se encurte esse afastamento. Os pais devem demonstrar muito interesse pelos filhos e não poupar nos afetos a par das regras e da exigência, concluiu.
 
Fátima Fernandes