Os pais têm de estar preparados para uma fase desafiante, com avanços e recuos e que requer muita compreensão e afeto.
De acordo com uma publicação da CUF, ao longo do período de transição entre a infância e a idade adulta, os adolescentes passam por uma série de alterações psicossociais.
Os pais vão notar mudanças significativas na forma como o jovem pensa, como vive as emoções e como se relaciona com os pais, amigos e grupo de pares. Cada adolescente tem as suas próprias características e vive este período de forma única, mas, segundo o artigo da CUF, há uma série de processos que se verificam de forma mais ou menos constante. As três fases em que é habitualmente dividida a adolescência ajudam a entender e a saber o que esperar do ponto de vista psicossocial. Também facilita o entendimento do que se passa com os adolescentes se decompusermos o desenvolvimento psicossocial do adolescente em três parâmetros:
1. Desenvolvimento do pensamento abstrato
É a capacidade de levar a cabo raciocínios complexos e não concretos, como sendo o amor, o futuro e as regras morais e de estabelecer hipóteses sobre factos imaginários, o que lhes permite avaliar e escolher alternativas. A velocidade a que esta capacidade se desenvolve é muito variável, havendo jovens de 12–13 anos já com raciocínio abstrato bastante desenvolvido, enquanto outros apenas o vão atingir perto da idade adulta.
2. Autonomia
Desenvolve-se progressivamente ao longo deste período, desde uma fase pré-adolescente em que o jovem acompanha os pais nas suas ações e interesses, dependendo deles para grande parte das atividades diárias, até à idade adulta, quando o jovem deixa de acompanhar os pais e estabelece os seus próprios interesses, ideias, hábitos e valores. Este processo é complexo e tortuoso, passando por vários avanços e recuos, aproximações e afastamentos dos pais, períodos mais e menos conflituosos. Por vezes, a forma como o adolescente tenta conquistar a sua autonomia é algo atabalhoada e brusca. É importante que os pais se lembrem que este processo está cheio de ansiedade, medos e dúvidas, sendo compreensível que os seus filhos adolescentes nem sempre consigam manter a serenidade no que respeita à conquista da sua autonomia.
3. Construção da identidade
Os jovens vão construindo a sua identidade do ponto de vista moral e ético, social, sexual, vocacional, profissional. Para além de ser um processo importante, segundo a CUF, também consiste numa fase delicada em virtude da muita ansiedade e dúvidas que gera.
Vemos muitas vezes comportamentos exploratórios e experimentações que refletem a forma incerta e sinuosa como a identidade se constrói, muitas vezes por caminhos desconhecidos e por tentativa e erro. É importante que os pais saibam dar o espaço necessário para esta descoberta, mas mantendo balizas bem definidas que evitem os comportamentos de risco, conclui a publicação.
Tendo por base os profissionais de saúde mental, nunca é demais reforçar a importância da compreensão, do carinho, do apoio, do diálogo para que esta fase decorra dentro da melhor harmonia possível.
É essencial que os pais façam um esforço para recordar como passaram por este período para que melhor possam ajudar e entender os filhos. Também é crucial que as regras e os limites sejam reforçados diariamente, se necessário, e que se certifiquem de que o jovem compreendeu aquilo que lhe é pedido. Não menos importante é reter que o jovem precisa de ser ouvido e respeitado, mas que as regras são para cumprir e que os limites têm de estar acordados e aplicados, sendo que, o exemplo dos adultos é fundamental para que não percam a firmeza nas palavras e nas exigências, alertam.