No trabalho, na família ou no grupo de amigos, é muito fácil encontrar uma pessoa autoritária.
Se há situações em que podemos repensar a relação e afastar-nos desse tipo de pessoa, há cenários em que somos mesmo forçados a ter de conviver com uma personalidade assim. Nesse sentido, os especialistas da revista A Mente é Maravilhosa apontam algumas orientações que lhe podem ser úteis.
Registe que, a pessoa autoritária é aquela que impõe as suas ideias aos outros, sendo que, a sua posição em relação ao mundo é a de que as suas opiniões devem ser sempre aceites, e, por uma razão muito particular: porque são as suas! Com esta atitude, a pessoa autoritária assume um estilo de relacionamento muito próprio levando a que os outros façam exatamente o que ela quer. Contrariá-la é uma ofensa, além de também ser um motivo para comportamentos agressivos e humilhantes.
As suas crenças são para ser respeitadas, pelo que desvaloriza completamente as opiniões dos outros. De um modo geral, são pessoas muito difíceis de conviver e para as quais é necessária muita arte e habilidade.
É ainda de anotar que as pessoas autoritárias colocam o poder no centro das suas relações, pelo que têm de estar sempre acima dos demais, facto que ainda dificulta mais a relação.
Ao tentarem impor as suas ideias, estas pessoas que são dominadoras por natureza, acabam por humilhar e subjugar quem com eles convive. É ainda de evidenciar que, o tipo de personalidade autoritária varia de pessoa para pessoa. Há quem exerça o seu poder de forma clara e expressiva e, por outro lado, há pessoas que o fazem de maneira subtil e muito discreta, mas em ambos os casos, está presente o domínio sobre o outro e a tentativa de abafar as opiniões e crenças de outrem.
A mesma revista de opinião e entretenimento aponta estas características das pessoas dominadoras e autoritárias:
• Tentam impor as suas ideias sem dar uma justificação;
• Acham que têm sempre razão;
• Acreditam que são líderes natos.
• Ridicularizam as pessoas ao seu redor.
• Vangloriam-se das suas conquistas.
• Têm pensamentos rígidos.
• Sentem-se superiores às outras pessoas.
• Fazem com que as pessoas as temam;
• Tendem a ser pessoas agressivas.
• Exigem lealdade aos seus valores e ideias.
O primeiro passo para facilitar este tipo de convivência é identificar que se está na presença de uma pessoa autoritária, para, a partir daí se poder proteger. Depois, é essencial aprender a estabelecer limites e mostrar claramente ao outro que não se faz tudo o que ele quer. Para isso, é importante desenvolver a assertividade que nos vai ajudar a minimizar os conflitos, mas ao mesmo tempo, a colocar um “travão” nesses ímpetos autoritários.
Tenhamos em mente que, estas pessoas não mudam precisamente porque consideram que têm sempre razão, mas, tendo mesmo de conviver com elas, teremos de encontrar um estilo capaz de nos proteger das suas agressões. Normalmente a calma e a tranquilidade são um bom requisito. Não se esqueça de que, a pessoa autoritária não respeita os limites dos outros e, é através da transgressão que consegue chegar ao que pretende. Para ajudar nessa árdua tarefa, os entendidos da mesma revista deixam-nos algumas dicas de assertividade que pode tentar aplicar:
1. Técnica do disco riscado
Defender o nosso ponto de vista, mantendo a calma e sem ser agressivo. Através desta técnica, não se ataca o outro e evita-se que ele nos ataque. Ao repetirmos várias vezes o nosso ponto de vista, é natural que a pessoa autoritária acabe por desistir por falta de argumentos e de força. É verdade que esta técnica é quase como que uma luta pelo poder, mas é importante que se aplique para evitar submissões; para mostrar que se está ao mesmo nível e que não se tem medo.
2. Banco de Neblina
Procure uma informação que a pessoa autoritária lhe tenha dito e que lhe possa fazer sentido, mas sem mudar de atitude. Com esta técnica estará a transmitir a sensação de que é capaz de ceder, mas sem que realmente se deixe submeter. No fundo, é mostrar a importância da cedência de parte a parte para que a convivência melhore, mas esteja atento, pois dificilmente a outra parte fará o mesmo, simplesmente será uma forma de “acalmar os ânimos” num momento de tensão.
3. Adiamento assertivo
O leitor está em apuros porque não sabe o que dizer ou o que fazer num determinado contexto, pelo que deve optar pelo adiamento assertivo que consiste em dizer-lhe: “resolveremos essa questão num momento mais oportuno”, “teremos certamente mais oportunidades para debater este assunto”, “Será melhor conversarmos depois de pensarmos acerca do assunto e daí por diante. Dessa forma, usando sempre um estilo calmo, estará a cortar o assunto e a impedir que o mesmo ganhe outras proporções.
4. Técnica de ignorar
Aplique esta técnica se perceber que a pessoa autoritária está muito agressiva ou zangada, evitando assim dar uma oportunidade para que ela o ofenda. Tente que a pessoa perceba que está muito alterada e que será conveniente conversar noutro momento. Diga-lhe algo como: “Estou a ver que está com muita raiva, pelo que devemos conversar quando você se acalmar” ou “É melhor falarmos num momento em que ambos estejamos mais tranquilos e com capacidade para discutir o assunto de forma civilizada!”. Ao mesmo tempo, seja delicado, compreensivo e respeitoso.
5. Técnica da pergunta assertiva
Se a pessoa autoritária o criticar, faça-lhe perguntas aprofundadas que lhe permitam conhecer e entender melhor o que ela quer dizer. Por exemplo: “o que exatamente o incomoda…?
“Então o que sugere que eu mude para poder melhorar essa situação?” Se a crítica for maliciosa, a pessoa certamente ficará sem respostas. Se pelo contrário, a base for séria e honesta, aproveite para acatar o que ouviu, pois pode encontrar um caminho mais interessante para si.
Outras técnicas assertivas que o podem ajudar são aprender a dizer “não”, saber rejeitar pedidos e pedir mudanças de comportamento.
Depois, também é interessante perceber como é que se podem estabelecer limites perante uma pessoa autoritária que, por norma não os respeita. De acordo com os mesmos especialistas, pode sempre tentar estas estratégias:
• Esclareça claramente os seus limites. Para isso, defina para si mesmo até onde quer ir e até onde vai permitir que o outro vá.
• Estabeleça esses limites de forma gradual e progressiva.
Assim, dará tempo para que a pessoa autoritária se ajuste a essas novas mudanças.
• Defina as consequências que a transgressão desses limites terá para a outra pessoa. Tente discutir essas consequências com a pessoa autoritária quando ela estiver recetiva, já que fará com que os seus direitos sejam ouvidos.
• Seja consistente com os seus limites e as suas consequências. Dessa forma, o leitor terá mais credibilidade diante do autoritário. A consistência também fará com que ele leve a sério a sua postura e os seus limites.
• Seja assertivo. A assertividade vai ajudá-lo a saber expressar os seus limites, os seus pensamentos e os seus sentimentos sem a necessidade de desrespeitar ou agredir a outra pessoa. Além disso, esta também será uma ferramenta útil para saber dizer “não”.
Como já foi referido acima, estamos a falar de uma relação muito complexa e difícil, por isso, se o leitor tentar o que está ao seu alcance e não conseguir melhorar a relação, é preferível que avalie a pertinência em continuar com essa convivência, seja no trabalho, no grupo de amigos ou na família.