Dicas

Temos paciência para tudo menos para os nossos filhos, porquê?

 
A maior parte dos adultos consegue um autocontrole incrível; uma capacidade extraordinária de suportar tudo, mas facilmente perde a paciência com os filhos, porquê?

Durante o dia, todos passamos por vários momentos seja no trabalho, no trânsito, na relação com colegas ou familiares, no supermercado e daí por diante. Apesar de, em certos momentos nos sentirmos cansados, normalmente não descarregamos esse estado de espírito sobre os outros, mas quando chegamos a casa, é-nos fácil gritar com os nossos filhos, colocá-los de castigo ou dar-lhes uma palmada,. Na posição dos especialistas, existem algumas razões que levam a que tal aconteça.
 
Em primeiro lugar, quando chegamos a casa, já estamos exaustos após uma longa jornada com diferentes exigências, pelo que nos é mais fácil “explodir” por qualquer motivo, mesmo que seja insignificante. Depois, temos tanto medo/respeito pelos demais adultos e fomos habituados a dever-lhes essa subserviência que dificilmente perderíamos a cabeça com eles.
 
Qualquer um de nós sabe muito bem que, se perder a paciência no trabalho corre o risco de ser despedido e que esse rendimento lhe faz falta para manter a vida que tem e que deseja.
 
Ao mesmo tempo, não “fica bem” perder o controle com os colegas, sob pena de nos julgarem mal. O mesmo se passa com os nossos familiares que praticamente nos exigem uma conduta coerente e tranquila, não havendo espaço para grandes desvios.
 
Com o nosso cônjuge, sabemos muito bem a importância de tentar manter uma boa relação para manter o casamento, por isso, evitamos faltar-lhe ao respeito, aumentar o tom de voz e, ainda mais sermos indelicados.
 
Por fim, chegam os mais novos que, também já estiveram o dia inteiro sem os pais, que estão sedentos pela nossa atenção, num momento em que já passamos por um longo dia, por muitas vivências e em que nos falta uma boa parte da paciência… É neles que a maioria dos pais descarrega o cansaço do dia! Qualquer coisa que a criança ou jovem faça é logo alvo de uma crítica, de um reparo, de um puxão de orelhas ou de um castigo, tudo porque nos falta a capacidade de perceber que, depois de tantas horas de ausência, os nossos filhos querem muito estar connosco e, se não lhes damos a atenção que procuram, fazem de tudo para a conseguir, nem que seja a partir um vaso, a fazer barulho ou a desarrumar a casa!
 
Segundo os entendidos nesta matéria, o problema não é muito complexo desde que se compreenda o que se passa. Os nossos filhos crescem ao seu ritmo, e não em função dos desejos dos pais e isso provoca uma enorme frustração nos adultos que queriam ultrapassar as fases mais exigentes dos mais novos de uma forma mais rápida.
 
Na realidade, crianças e jovens precisam de vários anos de vivências e de experiências para que se desenvolvam e, nem sempre esse processo é bem entendido e compreendido pelos pais que pensam ser um caminho  mais fácil e mais breve.
 
Ao entendermos que se trata de um processo e que os pais pouco podem fazer além de ensinar, orientar e possibilitar experiências para que aprendam com mais qualidade, será muito fácil percorrer todos os anos de desenvolvimento dos mais novos, com mais paciência, sentimentos positivos e, claro, com uma educação direcionada para os valores.
 
De acordo com os especialistas, cada pai e cada mãe tem de entender que, formar um ser humano demora tempo, exige paciência, presença, participação nos vários momentos, muito diálogo, amor, carinho e, sobretudo, disponibilidade para ser e para estar com os nossos filhos.
 
Se assumirmos que é mesmo assim e que não vale a pena tentar ultrapassar etapas, certamente que vamos ser melhores pais e que vamos ter filhos muito mais organizados, felizes, inteligentes, trabalhadores e responsáveis, pois eles aprendem muito através do exemplo e da boa relação que conseguem manter com os seus progenitores. Repare que, se o seu filho souber que tem a sua presença, o seu tempo e a sua atenção, será muito melhor comportado e dará muito menos trabalho! Se a criança ou jovem souber que, depois do trabalho, os pais chegam a casa e a incluem nas suas conversas e planos, mais facilmente ajudará nas atividades domésticas, será mais compreensiva e tranquila, pois o que angustia os mais novos é a falta de atenção e o medo que os pais não lhes liguem.
 
Assim, procure mudar algo na sua rotina. Chegue a casa, converse com os seus filhos, peça-lhes ajuda para as tarefas que vai realizar e, ao mesmo tempo, vão conversando sobre o vosso dia. Aos poucos e, com este hábito instalado, será muito mais fácil brincar e ter tempo para um número cada vez maior de atividades, sem esquecer que o ambiente melhora muito!
 
Por fim, assuma que os seus filhos também merecem muito respeito e dignidade, pelo que não podem ser tratados “de qualquer maneira”. Exercite o seu autocontrole também com os mais novos e verá que, gradualmente a relação melhora, pois os seus filhos vão sentir-se mais amados e respeitados e acabam por devolver o mesmo comportamento.
 
Fátima Fernandes