Dicas

Pessoas que vivem demais os problemas dos outros

 
Há pessoas que se envolvem tanto nos problemas dos outros que se esquecem de si mesmas.

Se é positivo que nos preocupemos com aqueles que nos rodeiam e que tentemos ajudar alguém que precisa de nós, passa a ser excessivo quando quase que nos responsabilizamos pela vida e pelos problemas dos demais, mas isso acontece e com muita frequência.
 
Na posição dos especialistas nesta matéria, o excesso de empatia leva a que muitas pessoas se envolvam demasiado na vida dos outros e que se esqueçam de si mesmas, tal como uma grande dificuldade em dizer “não”, compromete a necessária distância que devemos estabelecer entre o outro e nós.
 
Segundo os entendidos, as principais causas estudadas que levam a que vivamos demasiado a vida alheia e que nos responsabilizemos pelos problemas dos outros são:
 

1. Síndrome do Salvador e falta de confiança nos outros

Esta síndrome refere-se a pessoas que tendem a assumir a responsabilidade pelos problemas dos outros. Colocam-se numa posição paterna ou materna perante os amigos, familiares, o cônjuge e colegas de trabalho. Em muitos casos, essa atitude esconde uma falta de confiança na capacidade dos outros em assumirem as suas verdadeiras responsabilidades e em resolverem os seus problemas.
 
As pessoas que sofrem da síndrome do Salvador acreditam que só elas possuem a capacidade de enfrentar a realidade e de resolverem os problemas dos outros.
 
Segundo os entendidos, o desenvolvimento desta síndrome está associado ao facto de a pessoa não ter sido educada e criada num ambiente de confiança e de responsabilidade, seja porque os pais eram demasiado autoritários, protetores ou negligentes. Crianças ou jovens que tiveram de cuidar dos pais desde muito cedo, também podem ter desenvolvido esta síndrome porque foram obrigados a assumir uma responsabilidade precoce e passam a acreditar que são os únicos capazes de enfrentar e de resolver todos os problemas pelos outros.
 

2. Apego inseguro na infância

O tipo de apego construído na infância com os nossos pais, também influencia no aparecimento desta síndrome. Se desenvolvemos um tipo de apego inseguro, é mais provável que essa instabilidade e insegurança determine o adulto que nos tornamos e que, essa seja uma causa do surgimento da síndrome do Salvador.
 
É como se, “os meus pais não estiveram ao meu lado quando precisei, por isso agora, para compensar essa falta, tento ajudar a todos”. Trata-se de um mecanismo inconsciente, mas que é muito comum neste tipo de caso.
 

3. Dependência

Crianças e jovens que foram criados numa base de apego inseguro e logo, sem qualidade, acabam por desencadear relações de dependência com os outros. Seja porque os pais eram incoerentes, seja porque não construíram uma relação estável, de confiança e com afeto, na prática, estas pessoas vão tornar-se adultos dependentes, com pouca autoestima e com muita necessidade de ajudarem os demais para se sentirem úteis e com a garantia de que os outros vão precisar delas.
 

4. Incapacidade de estabelecer limites

A falta de assertividade também pode justificar que nos responsabilizemos excessivamente pelos problemas dos outros. Se não soubermos dizer “não” e estabelecer os nossos limites, certamente que os outros se vão aproveitar desse facto e recorrer ao nosso apoio sempre que necessitam, o que, de certa forma, faz com que nos envolvamos demasiado nos seus problemas e que os vivamos quase como se fossem nossos.
 

5. Uma forma de não atendermos aos nossos problemas

As pessoas que assumem a responsabilidade pelos problemas dos outros acabam por ter a sua vida numa profunda desorganização porque entregam-se tanto aos demais que descuram as suas próprias necessidades e responsabilidades. Dessa forma, desvalorizam os seus problemas, fazem de conta que os mesmos não existem e vão acumulando situações sem que reúnam força e disponibilidade para as resolverem. Estão sempre prontas para ajudar os outros, mas a sua vida é um caos absoluto.
 
Perante estas linhas de orientação, importa sublinhar que é possível modificar esta realidade. Na posição dos entendidos, o primeiro passo é logo assumir que se faz isto e que se quer mudar. Depois, devemos tentar compreender qual é a razão que se esconde por detrás dessa nossa necessidade de nos responsabilizarmos pelos problemas dos outros, pois só assim a podemos alterar. Seguidamente, temos de fazer um esforço por nos concentrarmos mais na nossa vida, nas nossas responsabilidades e exigências.
 
Pode ser um processo demorado, mas vale sempre a pena tentar. Aos poucos, verá o prazer que sente em cuidar de si e em responsabilizar-se pela sua vida e pelos seus problemas. Se precisar de apoio, consulte um profissional de psicologia, mas não arraste esta situação!