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Parceiros que colocam o casamento em segundo plano

Parceiros que colocam o casamento em segundo plano
Parceiros que colocam o casamento em segundo plano  
Foto - Freepik
Alguns estudos realizados na Universidade de Cambridge, divulgam que ter amigos e apoio familiar é um alicerce emocional importante, contudo, os adultos devem ser capazes de priorizar o casamento, sob pena de não conseguirem construir uma vida plena.

Nem todas as pessoas amadurecem da mesma forma nem dentro da idade e tempo desejáveis, pelo que, torna-se essencial que, quando um dos parceiros sente que o outro não consegue respeitar o compromisso e acaba por desviar demasiado as atenções para amigos e familiares, deve chamá-lo à atenção e fazê-lo entender que, a vida que estão a construir deve ser a prioridade.
 
É evidente que os amigos e a família hereditária são um suporte importante, que é positivo que se alimente uma boa relação com os demais, mas «é fundamental que se saiba muito bem conjugar o casamento com as restantes relações que fazem parte da nossa vida, sob pena de tudo se confundir, de se fazerem confidências privadas, de se pedir apoio a amigos quando o cônjuge de nada sabe e daí por diante».
 
Em consulta de terapia de casal, muitos parceiros queixam-se de que, a pessoa com quem partilham a vida não conseguiu cortar o cordão umbilical, reformular a relação com os pais e empenhar-se no casamento. Apontam também como ponto negativo que, muitos parceiros passam mais tempo com a família e os amigos do que em casa com o cônjuge e com os filhos.
 
Relata-se com muita frequência também que, há homens e mulheres que fazem todas as suas confidências aos pais, mesmo depois de casados, que continuam a pedir conselhos para os quais deveriam consultar a parceria amorosa, contam os seus medos e dúvidas a terceiros e, na maioria das vezes, a pessoa que está ao seu lado de nada sabe.
 
É ainda recorrente que, as celebrações de momentos importantes sejam feitas com amigos e não com a pessoa que escolheram para dividir a vida e que, o/a parceiro/a é pouco tido em consideração na vida privada, nas escolhas, na diversão e no prazer, «quase como se fosse uma mera companhia para quando lhe faz falta ou lhe dá jeito».
 
Perante estas confidências, os especialistas alertam para a importância de assumir o compromisso que se estabeleceu com a outra pessoa, a maturidade necessária para enfrentar que a vida tem altos e baixos e admitir que, quando casamos ou nos juntamos com alguém é para construir um projeto conjunto que implica cedências, partilha, confidências e decisões em conjunto, pelo que, recorrer constantemente aos pais depois da idade adulta, à margem do parceiro, é não respeitar o outro e ainda menos admitir que crescemos, que temos de amadurecer e de tomar decisões adultas, explicam os entendidos em matéria de casal».
 
«O peso da família pode estar mais ou menos presente em cada um, mas conseguir distanciar-nos desses fios é sinónimo de maturidade e bem-estar». Na prática, todos nós somos influenciados pelas nossas figuras de referência desde a infância e, pretende-se que, com o desenvolvimento e o autoconhecimento, saibamos ir precisando cada vez menos desses conselhos porque aprendemos com eles noutras etapas de vida e agora é tempo de aplicá-los, de modificá-los, sempre que necessário e de nos fazermos aceitar e conciliar opiniões com quem dividimos a vida.
 
Quer isto dizer que, quem recorre sistematicamente aos pais depois de casado e de adulto, é porque tem medo de desenvolver a sua própria opinião e forma de pensar, logo, pede apoio a quem sabe que o vai proteger para evitar um confronto com outra opinião e não ter de explicar-se e de assumir uma postura pessoal e individual.
 
O mesmo se passa com o recurso aos amigos que, normalmente, estão sempre ao nosso lado, mesmo que não estejamos certos, mas sabe-nos bem o conforto de não nos contrariarem e de não nos obrigarem a evoluir e a crescer como aconteceria se o fizéssemos com a pessoa que está ao nosso lado e com quem deveríamos assumir as nossas responsabilidades.
 
Para melhorar a convivência e tentar que o casal se una, é fundamental que, a pessoa que se sente colocada em segundo plano reivindique o seu lugar, que não aceite a situação, que fale abertamente sobre o assunto, que coloque limites e que não aceite manter a relação nesses moldes, sob pena de a convivência, tornar-se cada vez mais insustentável, de perder-se o amor, o respeito e de os outros assumirem o principal papel no casamento.
 
É importante ter em conta que, muitas pessoas não se apercebem de que fazem isto e, se não lhes dissermos, dificilmente vão poder modificar algo, pelo que, uma conversa franca pode alterar muita coisa, mas também há situações em que o hábito de recorrer aos pais ou a amigos é tão enraizado, que requer o apoio de um psicólogo para que possa ser revertido, pois a sua infância foi tão baseada num apego excessivo que se torna quase impossível que essa pessoa liberte-se do conforto dos pais e que aprenda a dividir a vida com quem tem ao seu lado.
 
As relações de amizade por vezes também são tão fortes e marcantes que, muitos adultos não conseguem saber quem é mais importante nessa fase de vida e acabam por colocar a parceria amorosa em segundo ou terceiro plano.
 
Por fim, não permita, de forma alguma, sentir-se um objeto numa relação. Converse de forma clara e empática sobre o assunto e dê uma oportunidade a quem ama de mudar de atitude, mas se tal não for possível, não hesite em pedir ajuda ou, em último caso, em colocar um ponto final na relação que, certamente não terá um futuro promissor e que irá acarretar muito sofrimento de parte a parte, concluem os entendidos.