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Estratégias para lidar com um filho adolescente

Estratégias para lidar com um filho adolescente
Estratégias para lidar com um filho adolescente  
Foto - Freepik
Muitos pais sentem dificuldades em lidar com os filhos adolescentes sobretudo porque não sabem muito bem como posicionar-se.

Tendo por base a opinião da psicóloga Adriana Campos, citada numa publicação da Porto Editora, é importante admitir que, na fase da adolescência, os jovens colocam os seus pares em primeiro plano e a família acaba por não saber muito bem como chegar-lhes.
 
«O grupo de pares é determinante, dado que os adolescentes têm uma grande necessidade de ser iguais aos seus colegas e amigos». Nesse sentido, é essencial que os pais aprendam a ajustar-se e a admitir que, apesar de o seu papel se ter alterado, não é tempo de cruzar os braços, mas sim de construir um novo papel na vida dos filhos.
 
Não há dúvidas que, quanto mais pequena for a criança, maior é a influência da família, uma vez que, ao atingir a adolescência, os "pares" (colegas e amigos) vão ganhando progressivamente maior ascendência. Para os adolescentes, o grupo de pares constitui um grupo de referência de grande importância, com o qual passam uma grande parte do tempo e com quem adquirem uma visão do mundo diferente da que receberam dos pais e da escola. Neste grupo, os adolescentes sentem-se seguros e compreendidos, explica a também mestre em psicologia escolar.
 
Apesar da grande influência do grupo de pares, «é fundamental que os pais percebam bem a sua função e continuem a desempenhar um papel ativo junto dos filhos. Com efeito, a família tem um grande impacto, tanto direto como indireto, sobre a relação com o grupo de pares, sendo isto mais relevante do que se pensava anteriormente, destaca.
 
Assim, Adriana Campos realça que, «os pais devem monitorizar o comportamento dos seus adolescentes, ou seja, devem continuar a ter informações sobre a vida deles e manter a capacidade de estruturar ativamente os contextos onde estes se movem».
 
Este processo deve adaptar-se às características dos filhos e à sua faixa etária. Se na infância a monitorização está mais centrada na casa e na escola, durante a adolescência esta tem de se alargar à rede de amigos, aos contextos recreativos e às relações afetivas, explica.
 
A investigação indica claramente que, quando os pais monitorizam o comportamento dos filhos, «estes apresentam níveis mais baixos de consumo de álcool, tabaco e cannabis, havendo ainda uma tendência para retardar a idade de início de consumo». O controlo deve existir sempre, embora não de uma forma excessiva, pois se tal acontecer isso pode gerar problemas de rebeldia e de comportamento, evidencia a psicóloga  que também  desempenha funções num Agrupamento de escolas em Matosinhos.
 
«O controlo deve por isso, estar associado a muito afeto», sublinha acrescentando que, «embora os adolescentes pareçam rejeitar as manifestações de carinho, eles ainda precisam de sentir a proximidade de seus pais e que estes estão presentes».
 
Quando os adolescentes sentem, da parte dos pais, interesse, cuidado, carinho, empatia e compreensão, a capacidade de comunicar sai reforçada e os filhos mais facilmente pedirão “socorro”, se tal for necessário, completa a mesma especialista.
 
Na mesma sequência, Adriana Campos sugere que, os pais devem manter contacto com os pais dos amigos dos filhos, uma vez que, essa estratégia permite uma melhor e maior monitorização dos jovens, ao mesmo tempo em que suporta a partilha de dúvidas e outras informações que assegurem uma vigilância mais próxima dos comportamentos dos mais novos.
 
A psicóloga lembra que, existem diversos estudos que comprovam que, o uso desta estratégia vai diminuindo à medida que os filhos crescem, o que não deveria acontecer, «pois o facto de os pais manterem o contacto tem-se mostrado um fator de proteção contra a embriaguez e o consumo de cannabis».
 
A colaboração entre os pais é fundamental, pois permite a partilha de preocupações e soluções para problemas comuns relacionados com os filhos. Os pais aumentam os conhecimentos sobre cuidados e educação, sentem-se acompanhados e apoiados quando têm de lidar com conflitos e ampliam as possibilidades de encontrarem soluções para os problemas mais comuns, entre outras vantagens. «Infelizmente esta colaboração entre pais continua pouco aproveitada e explorada», lamenta a especialista em comportamento humano.
 
Na mesma publicação, Adriana Campos evidencia a opinião de James Garbarino (pedopsiquiatra norte-americano) que trabalhou com jovens muito problemáticos em grandes cidades norte-americanas. «Este pedopsiquiatra deu amplo relevo ao facto de o desenvolvimento adolescente ser essencialmente social. Contudo, não deixou de referir a importância dos pais, do afeto e da ligação que estes podem manter na relação com os seus filhos adolescentes como garante da sua estabilidade emocional», conclui.