Dicas

Como ser feliz depois de uma infância dolorosa

 
Assim à primeira vista, uma pessoa que tenha passado por uma infância traumática pode dizer logo que já não consegue ser feliz.

 
É um facto que se torna muito difícil encontrar a felicidade depois de ter passado por um conjunto de experiências negativas. Os psicólogos alertam para essa dificuldade sobretudo porque é na mais tenra idade que se constrói a base da nossa vida adulta. Se este período é mal vivido, as consequências acabam por se projetar em todo o percurso. Uma criança que é maltratada, agredida, humilhada e que passa por um conjunto de situações dolorosas, terá muita dificuldade em superar os problemas ao nível da autoestima e bem-estar.
 
Mas, nem todos conseguem ter uma infância feliz e, precisamente por essa razão, a psicologia tem dado importantes passos no sentido de ajudar quem passou por fases de vida dolorosas, pelo que, neste momento, é possível afirmar que se podem ajudar estes adultos que passaram por uma infância traumática, oferecer-lhes mais conforto e qualidade de vida. A tarefa não é fácil, muito menos imediata, mas os resultados são visíveis no tempo, afirmam os mesmos entendidos.
 
Para tal, é preciso que a pessoa procure esse apoio especializado, que queira ir ao fundo da sua dor, uma vez que, fazer de conta que nada se passou, só vai prolongar ainda mais esse sofrimento. Assumir-se com o seu passado, com as suas memórias e com vontade para encontrar um novo caminho, é o ponto de partida para começar a encarar o mundo de forma diferente.
 
Nunca é demais recordar que, uma pessoa que passou por uma infância traumática, desenvolveu uma visão distorcida de mundo, de pessoas e da sua própria realidade, facto que torna esta intervenção sempre mais delicada, no entanto, os especialistas garantem que é possível desenvolver habilidades que vão para além desse passado. A pessoa pode tornar-se mais segura, confiante, sensível e, inclusive, aproveitar a sua experiência dolorosa para fazer o bem comum e cuidar-se carinhosamente.
 
Registe que, uma pessoa que tenha passado por uma infância traumática carrega muita dor e sofrimento, mas em muitos casos, nem se apercebe disso. Quando era pequena, era vulnerável e frágil como todas as crianças e não conseguia interpretar bem o que se estava a passar. É natural que, à medida em que vai crescendo, consiga compreender melhor o que se passou. Em muitos casos, estes filhos rejeitam completamente os pais e seguem um novo caminho mais radioso e luminoso. Mas, há muitas mais situações de pessoas que arrastam esta dor e que não se conseguem libertar dessa carga do passado, razão pela qual faz sentido este apontamento que é um alerta para uma nova possibilidade de encontro de melhoria da qualidade de vida.
 
Para facilitar essa tarefa, os psicólogos deixam algumas dicas preciosas que o podem ajudar a iniciar o processo de recuperação de um trauma de infância, mas anote que, apesar de se sentir “forte”, é muito difícil fazer este percurso sem apoio psicológico.
 
• Informe-se sobre os efeitos do trauma
É muito importante ler bibliografia sobre o assunto, pois informar-se sobre os efeitos do trauma é preparar-se para as consequências e a natureza da situação traumática que viveu. Este ponto é fundamental para tomar consciência do que lhe aconteceu, deixando pistas para a melhor forma de sair dessa situação. Identificar o que sente é também essencial nesta momento.
 
• Cuide-se e proteja-se
Naturalmente que, uma pessoa que passou por uma situação traumática, tende a descurar-se e a não cuidar de si como deveria. O autocuidado e a autoproteção geralmente passam despercebidos quando devem assumir um papel fundamental na vida de qualquer pessoa. Cuide-se física, psicológica e socialmente para que também se comece a sentir melhor.
 
• Cultive boas amizades
É natural que, uma pessoa que tenha vivido uma infância difícil sinta dificuldade em conviver e em procurar as pessoas mais adequadas; que a respeitem e que a tratem carinhosamente, mas esse é o desafio. Cultive boas relações mesmo que seja com poucas pessoas e evite o isolamento. Conviva com quem lhe devolve bons valores, uma vez que, esse facto também o vai ajudar a interpretar melhor a realidade e a confiar mais nos outros.
 
• Afaste-se das pessoas que o magoam
É comum que, uma pessoa que tenha sido maltratada na infância, se rodeie de gente que a trata mal, no entanto, é preciso inverter esse circuito dando a si mesmo a oportunidade de procurar estar com quem o trata bem. Afaste-se de quem o desrespeita, maltrata e não o valoriza como merece.
 
• Reconheça e reinterprete o seu passado
Evitar pensar no que aconteceu não o vai ajudar a diluir o ocorrido, mas sim acentuar ainda mais as marcas desse sofrimento, por isso, é importante rever o que se passou, assumir, aceitar e tentar compreender a situação. É um processo doloroso, mas passar por ele vai colher os seus resultados na fase seguinte.
 
Por fim, nunca é demais sublinhar a importância de recorrer a um psicólogo para que o ajude a iniciar este processo e que tenha em mente que, experienciar uma infância traumática dá lugar a uma perspetiva diferente de vida, o que pode traduzir uma deficiência ou uma vantagem. Tudo depende da maneira de abordá-la e geri-la.
 
Não é fácil encontrar a motivação necessária para realizar a tarefa de reparar um passado doloroso. No entanto, vale a pena porque, a partir daí, é possível crescer a nível pessoal para alcançar o bem-estar, uma vida com menos medos, mais tranquilidade, escolhas mais inteligentes e, acima de tudo, aprender a proteger-se de pessoas tóxicas e seguir em frente num caminho evolutivo onde certamente que vai querer superar-se.
 
Fátima Fernandes