Em tempos de crise, precisamos de desenvolver uma mentalidade aberta, flexível e resiliente para estarmos atentos aos fatores que nos rodeiam, adaptarmo-nos a eles e vivermos o melhor que podemos.
Na posição dos entendidos nesta matéria, é importante assumir que estamos mergulhados numa crise que nos afeta a todos e que nos exige uma atitude firme e realista, pelo que, é imperioso refletir muito bem acerca dos bens que sãoabsolutamente necessários para a qualidade de vida e dos quais não podemos abdicar e, colocar de parte aquilo que é supérfluo e que não pode ser adquirido nestes tempos de contenção.
«É evidente que as dificuldades afetam-nos a qualidade de vida e a saúde mental, uma vez que estamos habituados a comprar mais e a dar respostas às nossas necessidades, mas também é um facto que, com menos dinheiro e com tudo muito mais caro, não podemos seguir essa linha de pensamento e de comportamento».
Nesse sentido, os entendidos recomendam que desenvolvamos três características essenciais para tempos difíceis e que não desprezemos o lazer e o prazer, uma vez que, são esses momentos que nos vão dar força e motivação para prosseguirmos, sempre à espera de melhores dias.
1. A mentalidade frugal: quando menos é mais
A mentalidade frugal define as pessoas que, além de economizarem dinheiro, sabem investir o seu tempo e cuidar dos seus hábitos de vida. Muitos associam esse comportamento à mesquinhez, no entanto, essa visão está completamente errada. O homem ou a mulher frugal são grandes otimizadores dos seus próprios recursos e do seu tempo. No essencial, são pessoas simples e que aprendem a tirar mais partido daquilo que têm e abdicam mais facilmente daquilo que é supérfluo. Com o que conseguem poupar, vivem melhor e com recursos para aproveitarem também um pouco do seu tempo livre, já que investem mais no prazer do que no ter. Estas pessoas não se endividam porque aprendem a gerir melhor o que possuem e a aceitar a sensação de falta em determinados momentos, logo, quando os tempos melhoram, aproveitam mais a vida, já que defendem que o seu tempo é valioso e precioso, pelo que deve ser muito bem desfrutado e investido.
2. A mentalidade de aceitação: adaptar-se para enfrentar melhor a realidade
A inflação mudou-nos a realidade e não aceitá-la significa viver grandes momentos de frustração, já que não temos dinheiro para fazer face a tudo o que gostaríamos. É um facto que, a maior parte das pessoas criou expectativas elevadas para comprar aquilo que idealizava e, com esta realidade, tem de recuar à força. Com o desenvolvimento de uma mentalidade de aceitação, torna-se mais fácil encarar esta situação e perceber que se trata de um cenário complexo, mas passageiro, pelo que os planos e objetivos não precisam de ser suprimidos, mas suspensos até que seja retomada a estabilidade económica. É fundamental aceitarmos este cenário para evitarmsos entrar em depressão e em estados profundos de negatividade. Ao percebermos que se trata de uma realidade temporária, aprendemos a desenvolver outras habilidades e a saber aguardar o momento mais oportuno para concretizarmos alguns desejos pendentes.
3. Mentalidade de gratidão: apreciar a simplicidade do que nos rodeia
Para aproveitarmos a vida quando tudo está mais caro, devemos treinar os nossos olhos e os nossos corações que é como quem diz, aprender a olhar para o que está mais perto de nós e que pode ser valioso e, deixar para segundo ou terceiro plano aquilo que neste momento não nos é acessível por força das circunstâncias. Retirar prazer do belo, estar mais em contacto com a natureza, passar mais tempo com quem amamos, ler um bom livro, desfrutar de um momento com alguém que nos é muito agradável, são alguns exemplos do que se pode fazer em prol da nossa felicidade e que nos permite desenvolver um sentimento de gratidão pelo bem que nos faz. Dizer a nós próprios que somos importantes, que temos valor e que estamos acima da crise também é um excelente recurso para evitar adoecer mentalmente, já que, acima de tudo, temos de manter-nos positivos e com algum otimismo.
É evidente que, em muitos casos, não basta querer desenvolver uma mentalidade mais resiliente e flexível, é preciso apoio especializado, pelo que, em situações mais graves, não hesite em pedir a ajuda de um psicólogo.
Lembre-se de que, o dinheiro, infelizmente tem assumido um papel de elevada relevância nas nossas vidas e, apesar de nos fazer falta para tudo, esse recurso deve ser doseado com momentos que nos dão prazer e que envolvem poucos custos, mas, nem sempre isso é assim tão linear. Há pessoas que alimentam o “status quo” com aquilo que possuem e não com o que são, logo, estes tempos de crise são muito dolorosos e podem fazer desencadear problemas mentais, daí a importância de estarmos atentos a sinais e de pedirmos ajuda técnica, se necessário.