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As pessoas em que mais podemos confiar

Existe uma tendência natural para confiarmos mais em pessoas cujo rosto é mais parecido ao nosso.
Existe uma tendência natural para confiarmos mais em pessoas cujo rosto é mais parecido ao nosso.  
Foto:Katemangostar (Freepik)
É sabido que a confiança não é um processo fácil, contudo, a ciência descobriu o que nos leva a confiar mais numas pessoas do que noutras.

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De acordo com os investigadores, existe uma tendência natural para confiarmos mais em pessoas cujo rosto é mais parecido ao nosso.
 
Um estudo de Tamami Nakano e Takuto Yamamoto, da Universidade de Osaka (Japão), publicado na Humanities & Social Science Communications, sugere que, a maior ou menor capacidade que sentimos em confiar noutra pessoa que, até podemos ter conhecido há pouco tempo, se deve ao facto de nos identificarmos com o seu tipo de rosto.
 
Revela o mesmo trabalho que, a nível biológico, a confiança que o outro nos inspira parece ter muito a ver com a ativação da amígdala em determinados momentos, uma região subcortical do cérebro que desempenha um papel crucial na produção de respostas de medo.
 
Para se chegar a estas conclusões, os investigadores recrutaram 200 estudantes universitários japoneses. Foram tiradas fotos de cada aluno, especificamente do seu rosto frontal, com expressão neutra e sem óculos ou outros acessórios.
 
A área do rosto foi cortada para caber num formato quadrado e todas as imagens fotográficas tinham uma medida de 512×512 pixels. Os avaliadores decidiam se o grupo gerava ou não confiança.
 
Posteriormente, foi escolhido o grupo de pessoas que iria realizar a experiência (já tinham o material obtido das fotografias do primeiro grupo, num total de 200 rostos para analisar). Foram então selecionados 30 estudantes universitários japoneses (15 homens e 15 mulheres), também com idades entre os 19 e os 24 anos, para esse segundo grupo.
 
Estes últimos eram os encarregados de avaliar quão confiáveis lhe pareciam os rostos obtidos anteriormente.
 
Os participantes foram colocados em frente a um monitor, a uma distância de 65 cm, e em cada tentativa a fotografia facial foi –lhes apresentada durante 0,5 segundos. Posteriormente, tiveram de avaliar a confiabilidade do rosto numa escala de 1 (muito pouco confiável) a 7 (muito confiável) usando um teclado numérico.
 
Para avaliar a confiabilidade, os avaliadores (o grupo de 30 alunos) imaginaram que confiavam na pessoa do ecrã, cujo rosto era mostrado ao lado de uma quantia de dinheiro que era deles (do próprio avaliador).
 
Perguntaram-lhes se emprestariam o dinheiro a essa pessoa.
 
A resposta positiva foi codificada pelos resultados do estudo como sinal de confiança e a negativa como desconfiança. Em relação à dinâmica da experiência, a cada 1,5 segundos uma nova face era apresentada aos avaliadores (participantes).
 
Como conclusão, os investigadores verificaram que, os participantes calcularam automaticamente a semelhança do rosto de um estranho com o seu, dando-lhe uma prova de confiança.
 
De acordo com os cientistas, «Encontramos uma possível explicação para o facto de confiarmos mais em alguns rostos ou outros, de natureza psicobiológica».
 
Estudos anteriores já tinham relatado que, a atividade da amígdala (uma estrutura cerebral responsável por processar e armazenar reações emocionais como o medo, essencial para a sobrevivência) aumenta diante de rostos em que desconfiamos.
 
Além disso, outro estudo de Adolphs e outros (1998) descobriu que pacientes com lesões bilaterais na amígdala classificam cada rosto que lhes é apresentado como confiável e que a amígdala é ativada quando uma pessoa se depara com rostos temerosos. Quer isto dizer que, as pessoas percebem um objeto, neste caso um rosto, como confiável quando a amígdala não está ativada.
 
Assim, os investigadores apuraram que a amígdala é ativada na presença de rostos que não se parecem com o nosso e desativada quando a face é semelhante.
 
Segundo os cientistas, os rostos parecidos ao nosso produzem sensações positivas porque ao desativarem a atividade da amígdala, permitem que estejamos mais libertos e que sejamos capazes de vivenciar uma sensação de prazer, o que nos leva a associar aquele rosto como digno da nossa confiança.