Ambiente

Seca: Turismo do Algarve assegura que setor vai cumprir os cortes estipulados

 
O presidente do Turismo do Algarve manifestou-se hoje convencido de que o setor vai conseguir reduzir este ano em 15% o consumo de água, que o Governo deverá estipular como medida contra a seca na região.

“Estou convicto de que o setor [do turismo algarvio] dará uma resposta que vai ao encontro das metas definidas pelo Governo”, disse André Gomes à agência Lusa.
 
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) deverá propor regras para reduzir o consumo de água no Algarve em 70% para o setor agrícola e 15% para os consumidores urbanos, revelou na segunda-feira o presidente da Comunidade Intermunicipal, António Miguel Pina.
 
“Todos os setores são relevantes, mas, de facto, quem irá sofrer o maior impacto com a medida será a agricultura”, reconheceu André Gomes.
 
O responsável pelo Turismo do Algarve sublinhou que todos os subsetores ligados ao turismo “têm feito o seu trabalho nos últimos anos e vão continuar a tomar medidas no sentido da redução do consumo de água”.
 
No que diz respeito aos campos de golfe, que normalmente estão associados ao grande consumo de água, André Gomes referiu que já tinham sofrido um corte de 40% em julho passado, mas assegurou que os investimentos realizados nos últimos anos vão continuar a permitir uma redução na utilização daquele recurso.
 
O presidente do Turismo do Algarve afirmou que atualmente já estão ligados a sistemas de produção de águas para reutilização (ApR) quatro campos de golfe e a expectativa é que neste número suba para 12 em 2027 e para 32 em 2030.
 
Por outro lado, os campos de golfe utilizam cada vez mais plantas adaptadas à escassez de água, com sistemas para regar apenas o estritamente necessário e na quantidade necessária, entre outras medidas que têm sido implementadas, como a rega feita exclusivamente durante a noite.
 
O subsetor do alojamento (hotéis e alojamento local) também, segundo André Gomes, tem feito o seu “trabalho de casa”, tendo tomado medidas, nos últimos 2-3 anos, de eficiência hídrica, como, por exemplo, a instalação de redutores de caudal nas torneiras ou a redução das áreas regadas.
 
“Cada vez mais também temos turistas mais responsáveis e conscientes para a necessidade de se poupar água”, disse o responsável pelo turismo algarvio.
 
André Gomes recordou que o problema da falta de água no Algarve é “uma realidade que a região já lida há muito tempo” e enalteceu o facto de a questão estar a ser discutida com o “envolvimento” de todos os setores e “entre todas as entidades” da região.
 
“Não é uma surpresa este preanuncio das medidas” que deverão ser tomadas, disse o presidente do Turismo do Algarve.
 
A APA espera apresentar ainda este mês um plano de contingência com novas regras de consumo de água no Algarve, que está a atravessar a maior seca desde que há registo.
 
O vice-presidente da APA José Pimenta Machado admitiu na segunda-feira que o plano de contingência vai penalizar mais a agricultura, mas as quotas ainda não estavam definidas e serão articuladas com os atores locais.
 
“Este ano, no Algarve, estamos a atravessar a pior seca de sempre, nunca estivemos nesta situação, com os níveis mais baixos das reservas das albufeiras de sempre e a mesma coisa nas águas subterrâneas”, uma “consequência de dez anos de seca” contínua, afirmou Pimenta Machado.
 
“O uso prioritário é o uso humano e a agricultura terá um corte maior”, acrescentou Pimenta Machado.
 
As seis albufeiras no Algarve estão a 25% da sua capacidade, menos 20 pontos percentuais do que em igual período do ano passado, com um total de menos 90 hectómetros cúbicos de água.
 
Algumas das medidas previstas para combater a seca na região são tornar potável a água do mar, através da primeira grande central de dessalinização para a zona de Albufeira, com capacidade para 16 milhões de metros cúbicos, e o transvase no Sotavento, com ligação entre o Pomarão e o Guadiana.
 
Lusa