A Câmara Municipal de Lagoa, em reunião extraordinária, ratificou por unanimidade, o manifesto "Água ao Serviço do Futuro", um documento que destaca a urgência de ações concretas para garantir a sustentabilidade hídrica nas regiões do Sudoeste Alentejano e do Algarve, as zonas mais afetadas pela escassez de água em Portugal.
Segundo comunicado do Município, a deliberação formaliza o compromisso em apoiar a implementação de soluções estruturais para a gestão e uso eficiente da água, que passam pela modernização dos sistemas de rega e pela interligação de bacias hídricas, especialmente no que se refere aos perímetros de rega do Mira e de Alvor, com vista à redução de perdas no transporte de água, que chegam a ultrapassar os 40%.
A autarquia explica que "as regiões do Sudoeste Alentejano e do Algarve enfrentam um desafio cada vez maior com a redução das precipitações e a consequente escassez de água. "Nos últimos 20 anos, a pluviosidade nestas zonas decaiu em mais de 25%, o que compromete a disponibilidade de água não só para consumo humano, mas também para atividades fundamentais como a agricultura, o turismo e a indústria. Esta realidade é ainda agravada pela falta de investimento em infraestruturas de distribuição de água, muitas das quais obsoletas e ineficazes", sublinha.
O manifesto, agora ratificado pela Câmara Municipal de Lagoa, aponta para soluções que passam pela modernização dos sistemas de rega, com especial enfoque na pressurização do perímetro de rega do Mira, que atualmente regista perdas de até 48% na distribuição de água. Além disso, propõe a interligação de várias bacias hídricas, como a do Alqueva, Mira, Odelouca e Bravura, permitindo transferir água de zonas com excesso para as regiões onde a água escasseia.
O investimento na modernização das infraestruturas de distribuição de água, estimado em cerca de 130 milhões de euros, é visto como "uma solução essencial" para garantir a sobrevivência das atividades produtivas e o futuro das regiões do Sudoeste Alentejano e do Algarve. "A criação de novos blocos de rega e a ampliação da capacidade de armazenamento de água, como é o caso da Barragem de Santa Clara, também são medidas-chave para o reforço da resiliência destas áreas face aos desafios climáticos", clarifica a autarquia.
Com a ratificação do manifesto, a Câmara Municipal de Lagoa compromete-se a continuar a trabalhar em parceria com outras entidades públicas e privadas para a implementação das medidas propostas, com vista a garantir a modernização dos sistemas de rega, a redução das perdas de água e a melhoria das infraestruturas de distribuição.
O presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Luís Encarnação, afirmou que "a Câmara Municipal de Lagoa não pode deixar de se alinhar com o compromisso nacional para a gestão eficiente dos recursos hídricos. O manifesto 'Água ao Serviço do Futuro' é um passo decisivo para garantir que a água, um bem essencial, continue a ser disponível para as futuras gerações e para a manutenção da nossa atividade económica. Precisamos de agir agora, com responsabilidade e urgência, para que a água não seja um fator limitante no desenvolvimento das nossas regiões e do nosso país."