Esta segunda-feira a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, em parceria com o Gabinete do Ministro das Infraestruturas e Habitação e com o Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT), promoveu uma sessão de apresentação das bases do Plano Nacional Ferroviário, instrumento que irá definir a rede ferroviária de interesse nacional e internacional, para um horizonte de médio e longo prazo.
Na estratégia de desenvolvimento regional - Algarve 2030, consideram-se como muito relevantes, a melhoria das ligações modais intrarregionais, em particular na ligação ao Aeroporto Internacional de Faro, bem como o desenvolvimento do estudo de ligação a Andaluzia.
Na mesma sessão, a representação governamental focou-se na redução do tempo de viagem na ligação a Lisboa, ou seja, colocar Faro a cerca de 02h15 e todo o Algarve a 3h00 da Capital. A modernização da linha do sul entre a Torre Vã e Tunes, a articulação intermodal com serviços de transportes coletivos e de mobiliade suave partilhada (bicicletas), a acessibilidade às zonas mais populosas da região, solucionar a passagem da linha ferroviária fora dos aglomerados urbanos, bem como a ligação ao Aeroporto de Faro e à Andaluzia e a articulação intermodal de mercadorias, foram ideias partilhadas com os responsáveis algarvios.
No encontro, o Presidente da CCDR Algarve - José Apolinário, confirmou que uma das
metas para a região, passa por assegurar o abastecimento de combustível ao aeroporto, através do modo ferroviário, «numa solução que se quer segura e compatível com o uso de ferrovia ligeira». Foi também proposta uma ligação em ferrovia ligeira, por tram train, desde a estação de Faro até ao Aeroporto Internacional de Faro, Universidade do Algarve (Ualg), Parque das Cidades (com o futuro Hospital Central do Algarve) e Loulé (poente da cidade, pelo corredor da Franqueira).
O Reitor da Ualg, considera que a futura ligação da ferrovia à academia (Gambelas), no âmbito do Plano Ferroviário Nacional (PFN), é uma boa notícia, atendendo a que muitos estudantes da região são prejudicados pela barreira da mobilidade.
Ao Algarve Primeiro, Paulo Águas disse que, «a possibilidade de termos ferrovia em Gambelas, é de uma importância crucial, não só para a universidade mas também para a região, pois permitirá a redução da nossa pegada de carbono porque temos diariamente centenas, para não dizer milhares de viaturas de docentes, investigadores, pessoal não docente e de estudantes, que têm de recorrer a uma viatura para chegarem à universidade. Sei que há também um conjunto de estudantes e famílias que por razões económicas não prosseguem os seus estudos, chegam ao 12º ano e param, ou seja, uma família de Faro que apoie o seu filho no estudo, é muito mais fácil do que uma família de Albufeira, na medida em que é muito difícil chegar à Universidade do Algarve».
Nas mesmas declarações, considerou que «não é razoável» que alguém que nasça em Vila Real de Stº António ou Lagoa, tenha menos oportunidades de estudar do que um jovem natural de São Brás de Alportel, «e a ferrovia pode de facto alterar isso».
O responsável não avançou uma data para que a ferrovia chegue à universidade, contudo, realça o facto, de essa necessidade estar identificada, «está no mapa das decisões, estamos convictos que isto irá acontecer quanto mais cedo melhor, porque se só acontecer daqui a 10 anos, os tais jovens de Lagoa ou de Silves, poderão eventualmente ser privados de seguir os seus estudos, mas é uma decisão que não depende da universidade, até porque o comboio que passe por Gambelas pode servir o aeroporto e o Montenegro e há aqui uma massa muito interessante de pessoas que podem ser servidas por este projeto», concluiu.