A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve) promoveu esta segunda-feira no seu auditório em Faro, o seminário “3 em Linha – Programa para a Conciliação da Vida Profissional, Pessoal e Familiar” – numa partilha de experiências e perspetivas de desenvolvimento no Algarve.
O Programa foi lançado pelo Governo há um ano e tem como objetivo promover um maior equilíbrio entre a vida profissional, pessoal e familiar, "como condição para uma efetiva igualdade entre homens e mulheres, permitindo a realização de escolhas livres em todas as esferas da vida".
As 33 medidas definidas no Programa são consideradas ferramentas essenciais para favorecer a diminuição do absentismo, o aumento da produtividade e a retenção de talento, contribuindo também para a sustentabilidade demográfica pelo que procuram envolver entidades da Administração Pública central e local, e empresas públicas e privadas.
A nível nacional, o programa “3 em Linha” regista até agora 58 entidades signatárias. O Algarve tem três, nomeadamente as autarquias de Lagoa e Loulé e a Empresa Municipal - Loulé Concelho Global, em que destas, duas são certificadas pela norma portuguesa NP4552:2016, ou seja, a Loulé Concelho Global e a Câmara Municipal de Lagoa. Lisboa tem 6 entidades certificadas e o Alentejo uma, mais precisamente o Grupo Nabeiro que representa a marca "Delta".
Medidas como o teletrabalho, bolsas de mérito, banco de horas, medicina no trabalho, código de conduta, prática de acolhimento, festa de Natal, núcleo da felicidade, fraldário, sala de amamentação ou tarde livre, são ideias que as entidades públicas e privadas podem implementar para que sejam signatárias deste Programa, conforme salientou a Secretária-Geral Adjunta da Presidência do Conselho de Ministros, Catarina Romão Gonçalves, num balanço de todo o programa, referindo que estes exemplos dependem muito de entidade para entidade, e da criatividade em implementar boas práticas, «num processo que nunca está acabado, sendo alimentado por outros bons exemplos que vão surgindo».
O seminário envolveu as participações da CCDR, AMAL - Comunidade Intermunicipal do Algarve e Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade.
Foram partilhadas experiências do Município de Lagoa com Sandra Generoso, Conselheira Local para a igualdade e Chefe de Divisão de Ação Sociocultural, também do Município de Loulé com Dália Paulo, Diretora Municipal de Administração, Planeamento e Modernização Administrativa e das Empresas Municipais, Loulé Concelho Global e Infralobo, com os administradores David Pimentel e Carlos Manso respetivamente.
Nesta sessão a Empresa Municipal Inflalobo, confirmou interesse na certificação do Programa. Carlos Manso, a quem a Secretária-Geral Adjunta da Presidência do Conselho de Ministros, Catarina Romão Gonçalves, pediu a gravata para fazer um "smile", referiu ao Algarve Primeiro que «a conciliação visa melhorar vários aspetos dentro da empresa».
O mesmo responsável salientou que, «para além de se tratar de uma estratégia do Governo, esta conciliação é também uma estratégia do Município de Loulé e do seu presidente».
Referindo que se trata de um compromisso «entre a empresa e os trabalhadores», Carlos Manso evidenciou que, para atingir aquilo que se pretende - a satisfação do cliente, «tem de se começar por ter uma equipa eficiente, com mais sorrisos, mais vontade de trabalhar e com mais capacidades e talentos, daí a necessidade de existir esta conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar que confere uma maior satisfação na globalidade».
O Presidente da Infralobo adiantou que, «o processo tem mesmo de envolver a integração e a concordância de todos, pois por muito que a administração queira implementar algo novo, mas se as partes envolvidas não estiverem em consonância, o objetivo acaba por se perder. É isso que pretendemos na nossa empresa e, acima de tudo, afirmar um compromisso, mostrar aos nossos trabalhadores que o processo é para continuar, já que isso aumenta a confiança, o bem-estar e a estabilidade de todos». Ao mesmo tempo assumiu que «estamos conscientes de que, esta conciliação ajuda a contratar mais talentos para as empresas, para além de nos ajudar a fixar as pessoas nos seus postos de trabalho e com mais produtividade».
Como exemplo, o Presidente do Conselho de Administração da empresa, apresentou os cinco dias que são dados a um trabalhador aquando da perda de um ente querido. «Para alem do tempo estipulado pela lei, a nossa empresa atribui mais esse tempo, sendo que no final, temos um retorno que normalmente se traduz no aumento da qualidade de trabalho, aumento da produtividade e uma melhor relação com o cliente que beneficia desses fatores», realçou.
A Infralobo comprova esses resultados com um nível de satisfação dos seus clientes em 2019 que se situa nos 83%, o que para o responsável «ilustra bem a importância deste trabalho de conciliação que estamos a desenvolver dentro da empresa». Carlos Manso recorda que, em 2015, a empresa tinha obtido 47% no nível de satisfação dos seus clientes, um valor que subiu para 81% em 2018 e que este ano quase que duplicou.
Nas mesmas declarações salientou que este processo é para continuar, «pois só assim se garante a confiança entre todas as partes. Em termos de avaliação, nós colocámos à consideração dos trabalhadores 40 parâmetros, sendo que 99% atribuiu uma nota positiva à Infralobo».
Carlos Manso reconheceu que a política de conciliação «que deve ser transversal ao público e ao privado», ajudou a Infralobo a reduzir as reclamações dos clientes. «Em 2016, tivemos cerca de 300 reclamações que contrastam com as 13 que recebemos em 2019, o que é um sinal claro da importância desta humanização no local de trabalho», concluiu.