A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, em parceria com o Gabinete do Ministro das Infraestruturas e Habitação e com o Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT), promoveu hoje uma sessão de apresentação das bases do Plano Nacional Ferroviário.
No ano assinalado como Ano Ferroviário Europeu, o debate sobre o Plano Ferroviário Nacional (PFN), é um instrumento que irá definir a rede ferroviária de interesse nacional e internacional, para um horizonte de médio e longo prazo.
Na estratégia de desenvolvimento regional - Algarve 2030, consideram-se como muito relevantes, a melhoria das ligações modais intrarregionais, em particular na ligação ao Aeroporto Internacional de Faro, bem como o desenvolvimento do estudo de ligação a Andaluzia.
Na sessão, a representação governamental focou-se na redução do tempo de viagem na ligação a Lisboa, ou seja, colocar Faro a cerca de 02h15 e todo o Algarve a 3h00 da Capital. A modernização da linha do sul entre a Torre Vã e Tunes, a articulação intermodal com serviços de transportes coletivos e de mobiliade suave partilhada (bicicletas), a acessibilidade às zonas mais populosas da região, solucionar a passagem da linha ferroviária fora dos aglomerados urbanos, bem como a ligação ao Aeroporto de Faro e à Andaluzia e a articulação intermodal de mercadorias, foram ideias partilhadas com os responsáveis algarvios.
Na sessão de abertura dos trabalhos, o presidente da CCDR, saudou a evolução do processo relativo à eletrificação da linha ferroviária do Algarve, no valor de 46 milhões de euros ao longo de 140 Km da linha da região, uma obra prevista executar nos anos de 2022 e 2023 sob a responsabilidade da Infraestruturas de Portugal I.P.
Contudo, José Apolinário diz que falta programar a substituição do material circulante, o reforço e acessibilidade à conectividade digital em todas as estações de comboio, automotoras e composições ao longo de toda a linha ferroviária do Algarve. «Queremos e exigimos automotoras e composições mais modernas, permitindo viajar em condições de qualidade e conforto de Lagos a Vila Real de Santo António com redução do tempo de viagem e horários que dispensem o recurso ao modo automóvel».
Foi defendida a concordância ferroviária de Tunes, e a sua eletrificação, «corrigindo uma decisão tomada em Lisboa e que prejudica a sub-região do Barlavento do Algarve. Queremos e defendemos a possibilidade de realização de comboios intercidades de Lisboa a Lagos e vice-versa, sem o transbordo de Tunes», observou.
Outra meta passa por assegurar o abastecimento de combustível ao aeroporto, através do modo ferroviário, numa solução que se quer segura e compatível com o uso de ferrovia ligeira. É também proposta uma ligação em ferrovia ligeira, por tram train, desde a estação de Faro até ao Aeroporto Internacional de Faro, Universidade do Algarve, Parque das Cidades (com o futuro Hospital Central do Algarve) e Loulé (poente da cidade, pelo corredor da Franqueira).
Modelo idêntico é defendido para o troço Tunes - Lagos, mantendo o comboio de longo curso, utilizando a linha que agora vai ser eletrificada, bem como um ramal dedicado até ao Autódromo Internacional do Algarve/Parque Tecnológico.
Assinalou ainda a requalificação e modernização da Linha do Sul entre Tunes e Torre Vã, para reduzir o tempo de deslocação entre o Algarve e Lisboa, «reforçando a competitividade do modo de transporte ferroviário quando comparado com o modo automóvel».
Ligação ao Aeroporto de Faro
Neste plano regional, consta o desenvolvimento do corredor sudoeste ibérico, com uma ligação de velocidade alta entre o Algarve e a Andaluzia, entre o Aeroporto Internacional de Faro ao Aeroporto de Sevilha. Uma ideia apoiada pelos municípios do Algarve, empresários e associações, reforçando o posicionamento do Algarve e do aeroporto da região no contexto ibérico e europeu. «Mas é ainda preciso avaliar, estudar custos e trabalhar soluções economicamente sustentáveis para concretizar outros desafios», sublinhou José Apolinário.
A ligação do modo ferroviário a áreas de acolhimento empresarial, designadamente nas áreas logísticas junto à Via do Infante de Faro/Mercado Abastecedor da Região de Faro e Tunes/Albufeira, é visto como uma solução para a redução dos transportes rodoviários internos de mercadorias.
A mobilidade suave também tem aqui um papel importante para o futuro da ferrovia no Algarve, com o presidente da CCDR, a anunciar a necessidade de se desenvolver uma rede de bicicletas e ciclovias e modo rodoviário a energias renováveis, num trabalho concertado com as autarquias locais.
«Temos de aproveitar os fundos europeus disponíveis, designadamente no objetivo operativo de resiliência e clima, nas diversas fontes de financiamento ao dispor do país. A resiliência tem de passar de conceito da ciência de desenvolvimento regional, de termo regulamentar, para a concretização de ações e medidas com o nosso contributo concreto para a redução de emissões de efeito estufa e melhoria da resposta em matéria de alterações climáticas», concluiu.