Sociedade

Estudo explica “chumbos” de alunos no 2º ano

O problema da reprovação dos alunos está longe de estar resolvido. Na tentativa de compreender o que explica que os alunos comecem a reprovar logo nos primeiros anos de escolaridade, foi levado a cabo um estudo sobre a retenção dos alunos no 1.º ciclo do ensino básico.

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O trabalho de investigação coordenado por Maria de Lurdes Rodrigues revela que, “a primeira causa de repetência no 2.º ano é o défice de competências de leitura dos alunos”.
 
O estudo da associação EPIS (Empresário pela Inclusão Social) foi realizado por Maria de Lurdes Rodrigues (coordenação), Isabel Alçada, João Mata e Teresa Calçada e, insere-se num projeto de investigação denominado "Aprender a ler e escrever em Portugal" que tem como principal objetivo aprofundar o conhecimento sobre o problema do insucesso escolar nos primeiros anos de escolaridade.
 
Em que medida as dificuldades de aprendizagem da leitura explicam o insucesso escolar nos primeiros anos de escolaridade, que fatores explicam, e em que medida, as dificuldades de aprendizagem da leitura, são questões às quais o estudo procurou responder.
 
A análise indica que as crianças reprovam no segundo ano “por não lerem bem, por não terem atingido os objetivos estabelecidos no programa no que respeita à leitura e à escrita, seja no domínio técnico de identificação e descodificação dos sinais, seja na compreensão da leitura ou do domínio do vocabulário”.
 
As dificuldades com a aprendizagem da leitura são consideradas pelos professores como "normais", argumentando que as crianças são todas diferentes e a grande maioria dos professores das turmas visitadas considera que “não é possível eliminar totalmente o insucesso no primeiro ciclo”.
 
Perante situações concretas em que os alunos não atingem os objetivos estabelecidos no programa para a leitura, os professores consideram que “têm apenas uma de duas alternativas: a repetência ou a passagem automática”.
 
O estudo revela que, os professores entrevistados consideram “a repetência como a alternativa correta, a única alternativa”. No seu leque de opções não são encaradas outras alternativas, não são referidas outras soluções.
 
O trabalho de investigação dá conta ainda de que, “o apoio proporcionado pela coordenação da escola ou pelo agrupamento é predominantemente a disponibilização de tempo dos designados professores do apoio educativo mas, no final, os esforços empreendidos pelos professores não têm impacto significativo”.
 
Os professores envolvidos neste estudo adiantam que, "no final do ano, os que recuperaram progridem, os que não recuperaram repetem”. Os mesmos professores entrevistados acreditam que, “para ser diferente, seriam necessárias outras medidas". 
 
O estudo adianta ainda que a repetência é vista como “uma oportunidade e não como um problema”.
 
Os resultados desta investigação serão hoje apresentados em Lisboa, em conjunto com a análise levada a cabo pelo mesmo grupo de trabalho, e que tenta explicar a relação entre os chumbos e as escolas onde se registam mais desigualdades sociais e territoriais. 
 
Algarve Primeiro