Após uma prorrogação do prazo que a Almargem diz ter "quase passado despercebida", terminou a consulta pública da Avaliação de Impacte Ambiental do ‘Projeto de Loteamento Turístico Monte da Ribeira’ localizado no concelho de São Brás de Alportel.
Com uma oferta de 909 camas, das quais 816 num aldeamento turístico, 81 num aparthotel, e as restantes 12 em moradias turísticas, o Loteamento Turístico Monte da Ribeira em São Brás de Alportel localiza-se próximo da localidade de Arimbo, e junto à ribeira do Alportel, a pouco mais de 300 metros da Zona Especial de Conservação - Sítio de Interesse Comunitário do Caldeirão, que no entender da Almargem irá interromper um dos corredores ecológicos reconhecidos pelo PROT-Algarve2, áreas "com elevada importância ecológica onde se pretende assegurar a continuidade dos processos ecológicos entre as áreas nucleares e entre os territórios do interior e do litoral, neste caso integrado nos designados ‘Corredores fluviais meridionais’ - que ligam a faixa costeira meridional às áreas nucleares da Serra e do Barrocal.
Para a Almargem o projeto em causa apesar de usar o termo “turismo de natureza” replica o modelo "insustentável que contribuiu para degradação ambiental de várias zonas, em particular no litoral, mas também no interior, e consequentemente para a desqualificação da paisagem e identidade do território".
Recomenda, por isso, que este tipo de projetos devam ser apreciados com maior atenção, sob pena de o seu desenvolvimento colocar em causa a proteção do território e a sustentabilidade da própria atividade turística, tratando-se de um caso que "parece ser de cariz eminentemente imobiliário, eventualmente especulativo, não sendo a sua dimensão compatível com a capacidade de carga deste território".
Suportado no “Plano de Urbanização do Núcleo de Desenvolvimento Turístico (NDT) da Barragem do Monte da Ribeira” aprovado em 2008, no mesmo documento enviado à imprensa, lê-se que a concretização deste projeto "fica muito aquém" dos objetivos deste plano de “manter e preservar as zonas ambientais de características espontâneas ou importantes para o equilíbrio natural”. Pela sua localização, mas também magnitude, a Almargem entende que este Plano Municipal de Ordenamento do Território (PMOT), que foi aprovado há mais de 10 anos, se encontra "claramente desajustamento face ao extenso quadro legal entretanto publicado", nomeadamente a Convenção Europeia da Paisagem, e o novo PROT Algarve, "pelo que deveria ser reavaliado".
Considera ainda que quer este plano e o consequente, quer o projeto imobiliário, devem ser "repensados de modo a criar um empreendimento verdadeiramente sustentável, o qual possa ter um papel dinamizador da área envolvente e eventualmente dinamizador do repovoamento de diversos pequenos aglomerados abandonados, restituindo ao território a carga humana necessária à sua salvaguarda e regeneração", considerando que o projeto em apreciação deve obter um parecer fundamentado desfavorável.
De acordo com a mesma associação, "é urgente a mudança de paradigma dos modelos turísticos existentes na região Algarvia, proteger os corredores ecológicos, e promover o turismo de natureza verdadeiramente sustentável", conclui.
Redação