Os armadores do barlavento algarvio queixam-se da falta de formação ministrada pelas entidades competentes para habilitar os interessados a trabalhar nos barcos de pesca, o que gera escassez de mão-de-obra no setor.
“Temos muita falta de trabalhadores em várias categorias de trabalho nos barcos de pesca de cerco e também para a pesca artesanal”, disse à agência Lusa Mário Galhardo, presidente da Associação dos Armadores de Pesca de Sagres.
Para o armador, o grande problema é a falta cursos de formação administrados pelo Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar (For-Mar), que assegura a realização de formação profissional necessária à qualificação nas carreiras dos profissionais marítimos e certifica a sua aptidão profissional.
“No Algarve, a última formação foi feita há vários anos”, queixou-se Mário Galhardo, que assegura haver “muita gente” a querer tirar o curso que habilita a trabalhar no setor marítimo, o que inclui também as embarcações marítimo-turísticas.
A agravar a situação, o responsável também aponta o dedo aos atrasos e à excessiva burocracia para que seja dada equivalência a profissionais do ramo com certificados dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) ou da Indonésia.
Mário Galhardo assegura que “há, pelo menos, a falta de 100 homens” para trabalharem para os 12 armadores da Cooperativa Dos Armadores Pesca do Barlavento (Barlapescas), com sede em Portimão, organização à qual também preside.
O diretor regional da Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Valadas Monteiro, disse à Lusa que estes problemas fazem parte da competência de outros organismos que dependem também da tutela, assegurando que tem sensibilizado as instituições competentes para a situação.
Para colmatar a falta de mão-de-obra no setor, o responsável sugeriu a criação de mecanismos para agilizar a concessão de vistos e a certificação de imigrantes com habilitações na área, tornando assim o processo de concessão de equivalências “mais expedito”.
A For-Mar tem 12 polos de formação ao longo da costa continental portuguesa, entre os quais, um em Portimão e um em Olhão, mas no Algarve também ministra formação nas localidades piscatórias de Quarteira, Lagos e Vila Real de Santo António.
A pesca costeira do cerco constitui uma das mais importantes atividades pesqueiras de Portugal sendo dirigida, essencialmente, à captura de sardinha.
Cada embarcação que se dedica a esta arte tem de ter um número mínimo de trabalhadores, e todos têm obrigatoriamente de estar certificados.
A agência Lusa tentou obter esclarecimentos junto do Ministério da Agricultura e da Alimentação, que tutela o setor das Pescas, mas ainda não obteve resposta.
Lusa