Dicas

Resolva o passado e siga em frente

Resolva o passado e siga em frente
Resolva o passado e siga em frente  
Foto - Freepik
Torna-se confortável manter as lembranças, esperar que um amigo que se ausentou regresse, que um familiar mude, que um chefe acabe por reconhecer o nosso valor, mas segundo os psicólogos, «dificilmente isso irá acontecer e nós acabaremos por esperar uma vida inteira, por desperdiçar oportunidades e por não evoluir».

PUB

Torna-se confortável manter as lembranças, esperar que um amigo que se ausentou regresse, que um familiar mude, que um chefe acabe por reconhecer o nosso valor, mas segundo os psicólogos, «dificilmente isso irá acontecer e nós acabaremos por esperar uma vida inteira, por desperdiçar oportunidades e por não evoluir».

É recorrente que muitas pessoas não olhem para o que têm ao seu lado, para as suas conquistas, oportunidades, capacidades e que desvalorizem o facto de poderem conhecer novas pessoas e locais, «por estarem presas ao que poderia vir ou ao que desejamos que venha. Esta atitude, de acordo com a psicologia, «mascara uma depressão que não nos deixa estar no presente, aproveitar momentos de felicidade, valorizar os outros e até admitir que, se alguém não nos contacta, é porque não está interessado e que, se o fizer um dia, provavelmente terá um interesse, então para quê estar sempre à espera do que não sabemos e não aproveitar o que temos e o que podemos construir?»

O primeiro passo para chegar a este estado mental é assumir-nos tal como somos, é olhar-nos carinhosamente, despertar para aquilo que podemos melhorar e estar mais disponíveis para abraçar novos desafios. Depois, é fundamental entender o que aconteceu frontalmente, seja positivo ou negativo e ver o que podemos aprender com essas experiências para que, numa próxima situação, façamos melhor.

Também não devemos estar à espera que um momento em que já fomos muito felizes volte e que o vivamos da mesma forma porque isso não vai certamente acontecer. Nós mudamos, passamos por fases distintas, amadurecemos e, naturalmente que uma pessoa, uma experiência ou um local, não nos dizem o mesmo que já nos fizeram sentir há dez anos atrás. Aceitar esta condição é um requisito importante para crescer, para nos libertamos do passado e para seguirmos em frente.

Agarrar-nos às mágoas também não nos ajuda a seguir em frente porque bloqueamos a capacidade de ação, a criatividade e a necessária liberdade para pensar de forma mais alargada, por isso, tente compreender o que se passou, o que motivou uma separação, uma discussão, um afastamento e, mesmo que não tenha todas as respostas, aceite o que sente e o que pensa neste momento. Aos poucos, irá encontrar explicações mais atualizadas e, quanto mais se distanciar do ocorrido, mais desapego irá sentir. É a partir daí que verá a situação de fora, sem rancores, mágoas ou angústia. Aceite-as como parte do seu percurso, do seu passado e aproveite o que aprendeu para novas situações, pois já sabe melhor o que quer, o que gosta e o que não gosta, logo, escolha o que mais se ajustar à pessoa que é hoje.

Torna-se essencial que resolvamos também os nossos medos, uma vez que são eles que nos amarram ao passado. Medo de não conseguir encontrar um novo parceiro, medo de não encontrar um novo emprego, medo de sair de um grupo apesar de não estarmos felizes, medo de mantermos distância familiar, medo de mudar de casa… Todos estes receios são limites à expressão do que somos e do que temos e, em nada nos ajudam a amadurecer, a crescer emocionalmente e a evoluir, pelo que precisam de ser enfrentados. Fale abertamente consigo mesmo, sente-se ao lado dos seus medos e pense em alternativas que lhe vão dar mais autoconfiança, liberdade e motivação para sair de onde não está bem.

Se o seu familiar não o valoriza, o seu chefe insiste em mantê-lo na mesma posição por conveniência, um amigo faz sempre a mesma coisa e não pensa em si, a casa onde vive não lhe traz felicidade, está à espera de quê para ponderar uma mudança naquilo que não lhe faz bem?

Sente-se agarrado às memórias e não consegue ver as oportunidades que tem ao seu dispor? Comece por fazer um exercício interior, por aprender a gostar mais de si, por priorizar aquilo de que gosta, o que precisa e, aos poucos verá que encontra um novo sentido para a sua vida. Esta receita aplica-se a tudo e somente requer que estejamos mais atentos a nós próprios e que, efetivamente, não nos percamos em lembranças que não nos levam a lugar algum, alertam os especialistas.

É um facto que não conseguimos esquecer o passado, mas também é verdade que podemos analisá-lo noutra perspetiva, dar-lhe outro sentido e significado, atribuir-lhe a nossa interpretação e explicação, pois se não o fizermos, vamos sempre ver a vida pelos olhos de alguém, pela necessidade dos outros, pela satisfação de quem faz parte desse passado e onde nós não estamos incluídos, pois se o tivéssemos, mereceríamos respeito daqueles com quem convivemos, trabalhamos ou nos relacionamos, já pensou nisso?

Claro que é muito difícil abandonar aquilo que conhecemos e nos marcou de alguma forma. No entanto, deixar abertas as portas do passado impede que nos concentremos no que realmente é importante no presente.

Fechar a porta do passado, dá-nos liberdade para construir novos objetivos, identificar qualidades em nós próprios que antes só víamos nos outros e agarrar novas oportunidades. Pode acontecer que, alguém do seu passado até reapareça uns anos mais tarde, mas acredite que será muito mais interessante que se vejam numa perspetiva mais evoluída, respeitosa e equilibrada, pelo que, nunca é demais dar-se oportunidade de crescer interiormente e de até ver essa pessoa numa perspetiva nova, uma vez que, alguém com 50 anos, por exemplo, não olha para um amigo como o colega de escola ou com quem jogava ao berlinde, ou brincava com bonecas. Ambos têm de olhar-se como adultos, maduros e com um percurso construído. Valerá a pena ficar à espera de uma infância ou adolescência  perdida e que prejudica o adulto de hoje?

Recordar as nossas origens é crucial para que nos sintamos mais seguros com as experiências adquiridas, mas é fundamental que as transformemos e adequemos ao presente, sob pena de nos tornarmos depressivos, nostálgicos, ingratos e incapazes de valorizar quem está ao nosso lado, quem gosta de nós, quem faz parte da nossa vida atual e com quem deveríamos estar a construir um projeto de vida maior e que nos conduza a muitos mais momentos de felicidade.

Já reparou que, perder-se no passado não lhe traz qualquer satisfação a não ser a saudade, a melancolia, a sensação de perda e vazio? É assim que quer prosseguir o seu percurso? Não permita que o arrependimento por não ter vivido o presente o invada e faça sentir muito mal quando já não puder voltar para trás.