Em comunicado, a FNAM diz que num contexto marcado por carências crónicas, a decisão de abandonar o projeto do Centro Oncológico de Referência do Sul (CORS), "representa um sinal claro de desvalorização da saúde dos cidadãos algarvios". Neste contexto, a FNAM considera que "a proposta alternativa de a região ter uma estrutura a funcionar apenas em 2030, em Loulé, sem ouvir os profissionais no terreno, é uma resposta tardia, insuficiente, desrespeitosa para com os médicos e, sobretudo, para com os doentes".
Entre as denúncias apresentadas, que a FNAM considera "gravíssimas", estão atrasos de meses na autorização de medicamentos e exames essenciais, com impacto direto na sobrevivência e prognóstico dos doentes; falta de condições físicas básicas, como casas de banho e água quente, que colocam em risco doentes vulneráveis; carência extrema de recursos humanos, ausência de plano de fixação de médicos e normal funcionamento do internamento dependente de médicos internos; avarias constantes em equipamentos críticos, nomeadamente para a preparação de quimioterapia; carga assistencial insustentável e desorganização estrutural que comprometem a segurança clínica ou a falta de participação dos profissionais nas decisões estratégicas sobre o futuro da oncologia na região.
A FNAM exige, com carácter de urgência, a atuação do Ministério da Saúde, tendo feito a denúncia à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e Grupos Parlamentares.
A estrutura diz que os médicos de oncologia da ULS Algarve não estão sozinhos e que solidariza-se com a sua tomada de posição — "corajosa, ética e responsável", — e reivindica a resolução dos constrangimentos apontados, com reforço de recursos humanos e técnicos; a garantia de que decisões estruturantes, como a criação de centros oncológicos, envolvam os profissionais do SNS; bem como a valorização efetiva do trabalho médico, com condições de trabalho dignas e seguras.