Saúde

Diretor do programa das hepatites alerta para provável aumento de cancros do aparelho digestivo

Diretor do programa das hepatites alerta para provável aumento de cancros do aparelho digestivo
Diretor do programa das hepatites alerta para provável aumento de cancros do aparelho digestivo  
Foto Freepik
O diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais (PNHV), Rui Tato Marinho, alertou hoje que “a população e os políticos têm de estar preparados” para o aumento “em 10/15 anos” dos cancros do aparelho digestivo.

PUB

“Há três cancros do aparelho digestivo que aconteça o que acontecer vão aumentar e a população e os políticos têm de estar preparados para isso. Somos especialistas do aparelho digestivo e do fígado, temos previsões nacionais e internacionais, vão aumentar independentemente do que possamos fazer”, disse.

Em declarações à Lusa, à margem da sessão de apresentação do relatório Programa Nacional para as Hepatites Virais (PNHV) 2025 que decorre hoje no Estabelecimento Prisional do Porto, e ainda que destacando que “Portugal está muito bem em muitos aspetos desta área”, Rui Tato Marinho pediu que sejam feitos mais testes e implementados mais rastreios, valorizando o papel dos cuidados de saúde primários e o das organizações de comunidade no terreno.

Em causa estão o cancro do pâncreas, o do fígado e o das vias biliares.

“Pensa-se que [o cancro do pâncreas] é dos mais mortais e vai ultrapassar o cancro da mama. No fígado, e estamos a falar do que nasce no órgão e não das metástases, apesar de se eliminar o vírus, o risco continua a existir em quem tem cirrose, e o cancro dos canais biliares é pouco conhecido, mas tem estado a aumentar 5% todos os anos”, descreveu o especialista.

Já sobre as hepatites, frisando que “são doenças silenciosas, doenças que as pessoas não sabem que têm e podem ter durante 20/30 anos”, Rui Tato Marinho apelou às pessoas para que façam testes.

“É preciso fazer o teste da hepatite B e C pelo menos uma vez na vida. Tentar identificar pessoas que andam com hepatite B ou C e não sabem que a têm. A medicina hoje tem respostas fantásticas”, referiu.

De acordo com o relatório PNHV 2025, Portugal regista uma tendência crescente no número de testes de rastreio e de diagnóstico precoce de hepatite B e hepatite C, em diferentes contextos de prestação de cuidados.

São identificadas como metas para 2026 cumprir os objetivos da Organização Mundial de Saúde para 2030 para as hepatites B e C de redução da incidência em 90% e da mortalidade em 65%, bem como melhorar o conhecimento da epidemiologia e da resposta integrada às hepatites virais em Portugal.

Também é objetivo promover a vacinação contra a hepatite A e B na população adulta, em populações-chave e grupos vulneráveis e melhorar a literacia sobre o tratamento da hepatite B em Portugal, bem como promover o acesso imediato ao tratamento da hepatite C no momento da sua prescrição e promover a integração de cuidados no doente hepático, ao nível hospitalar, dos cuidados de saúde primários e da saúde pública.

À Lusa, Rui Tato Marinhos destacou os dados “excelentes” sobre o transplante em Portugal, que é “muito complexo [e] que implica colher órgãos e uma equipa muito organizada em todo o país”.

“E Portugal é dos melhores países do mundo neste aspeto, incluindo o transplante do fígado. Os números estão estacionários mas estão altos. Um hematologista vê as pessoas quase a morrer e esta realidade é muito apaziguadora porque quase que basta pegar no telefone e salvam-se vidas”, concluiu.

Lusa