A mortalidade elevada que se faz sentir no País, consequência da covid-19, não dá sinais de abrandar. Esta quarta-feira, foram registados 293 óbitos em Portugal, um novo máximo diário desde o início da pandemia. No Algarve já faleceram 183 pessoas com a doença, sendo que os maiores picos de óbitos são registados durante a terceira vaga.
Por exemplo no crematório de Faro, concessionado por 30 anos à empresa de serviços funerários Servilusa, no mês de janeiro, até dia 24, foram feitas 50 cremações, o que representa um crescimento de 47% face a dezembro de 2020.
Com referência a 2019, a cremação apresentava 26% das opções das famílias algarvias, tendo vindo a aumentar progressivamente, com 38% no início deste ano.
Ao Algarve Primeiro o porta-voz da Servilusa, Paulo Moniz Carreira (Diretor Geral de Negócio) assegurou que em relação ao período homólogo, há um aumento de 58% de mortalidade, onde grande parte está ligada à covid.19.
O crematório da capital algarvia mais que duplicou o número de cremações diárias, em setembro de 2020, eram realizadas de 1,5 cremações em média, atualmente estão a ser feitas 4 cremações diárias, onde a maioria são óbitos relacionados com a pandemia.
A empresa diz ter aumentado a sua capacidade operacional em 10% para responder ao incremento de óbitos, contudo, no crematório de Faro, ainda não foi preciso esse reforço. Paulo Moniz Carreira, explicou que os funerais covid, tem regras de segurança apertadas, "nomeadamente não se pode fazer o manuseamento do corpo, não de pode fazer preparação estética do falecido, nem a funerária pode vestir o corpo, isto é, o corpo sai da morgue dentro de dois sacos de cadáveres com desinfetante dentro, com a urna sempre fechada, não podendo ser aberta, indo diretamente para o cemitério ou crematório".
Nos casos de falecimentos por covid, não pode haver velórios, mas há a possibilidade de cerimónias religiosas à entrada do crematório e não dentro da capela, "em todos os falecimentos nós temos de cumprir uma série de regras e procedimentos, que vão ao encontro das recomendações da Direção Geral da Saúde (DGS), designadamente não podemos fazer contratações de funerais em casa das pessoas, mas nas nossas lojas em segurança, com a possibilidade de fazer contratações via on-line. Quanto ao acesso das pessoas aos funerais ou cerimónias fúnebres este tem que ser restrito", acrescentou o mesmo responsável.
Ao nosso jornal referiu que os serviços têm tido o cuidado de irem buscar os corpos à morgue do hospital, e deixá-los até à cremação nas câmaras frigoríficas que se encontram nas instalações do crematório, visto que por norma, os familiares vivem alguma ansiedade, para que o corpo saia do hospital. "Nesse sentido, aliviamos a sobrecarga dos serviços hospitalares nesta fase de pressão". Devido ao incremento de óbitos, foi ampliada a capacidade da empresa para receber corpos em câmaras frigoríficas da sua rede, "no Algarve temos a possibilidade de receber 9 corpos em simultâneo", concluiu.
Recorde-se que a inauguração do crematório de Faro, aconteceu a 23 de setembro de 2020, no novo cemitério municipal, num investimento de 1,13 milhões de euros. O equipamento que está aberto 365 dias por ano, é um dos 8 crematórios sob gestão da Servilusa, (Cascais, Elvas, Figueira da Foz, Leiria, Porto, Póvoa de Santa Iria e Rio de Mouro).
Portugal, que regista uma taxa média aproximada de 20% de funerais com cremação (e mais de 50% em Lisboa), tem 32 crematórios, 28 dos quais instalados no continente - e destes, oito geridos pela Servilusa.
Nos termos do contrato de concessão, a Câmara de Faro recebe 1700 euros por mês pela ocupação do terreno e um por cento do valor de cada cremação, com a garantia de um desconto para os munícipes do concelho.
Neste momento, o Algarve tem dois crematórios em funcionamento, em Faro e Albufeira, este último inaugurado em março de 2020, mas sabe-se que a Câmara Municipal de Portimão, tem intenção de ter um equipamento do género no concelho.