Delio Fernández e Álvaro Trueba vão coliderar o AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense na 84.ª Volta a Portugal, com os dois ciclistas espanhóis a esperarem repetir o duplo lugar no top 10 alcançado pela formação algarvia no ano passado.
“Pela experiência, pelo percurso que tem, é evidente que o Delio tem vantagem nesse aspeto, não é? O Trueba é um ciclista que, embora tenha potencialidade para ombrear até com o Delio, passou uma parte da carreira sempre a trabalhar para um líder. Depois, fazer essa transformação, passar de trabalhador para ser líder, ou coliderar uma equipa, é um processo que também não é rápido, demora algum tempo, o ciclista tem que ter a confiança que é capaz de fazer coisas que até aqui provavelmente nunca se preocupou com isso”, distinguiu Vidal Fitas, em relação aos seus dois líderes.
O diretor desportivo da formação mais antiga do pelotão mundial mostrou-se confiante de que a AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense pode repetir o feito do ano passado, quando Alejandro Marque e Fernández acabaram, respetivamente, em quinto e em sexto na geral final.
“O pelotão português não mudou assim tanto como isso, os protagonistas são praticamente os mesmos e, sinceramente, as nossas expectativas serão um bocadinho por aí, por essa zona. Tendo em conta que há uma equipa que domina a época e não que domina só com ciclista, não pensamos mais do que isso. Eu penso que lutar pelo pódio, por um lugar no pódio, é um objetivo realista”, estimou, elegendo o mais experiente dos seus líderes como candidato a esse lugar, “porque o Delio é um ciclista que tem esse pedigree” e até já foi terceiro na prova, em 2014.
Ciclistas como Trueba e até Samuel Blanco, que Vidal Fitas juntou à equação, ainda “não são tão maduros em relação a essa possibilidade”, porque, embora sonhem com poder estar nos cinco primeiros na Volta, “nunca por lá passaram e não sabem como é que hão de estar se se apanharem num lugar desses.
A formação algarvia vai ainda “tentar disputar alguma etapa e mais do que uma, se possível”, numa edição que será quase de ‘transição’, depois da retirada de Marque, “um histórico da Volta e do pelotão” – venceu a edição de 2013 e foi terceiro em 2015 e 2021 – e a maior referência dos tavirenses nas últimas temporadas.
“A minha equipa é uma equipa que está em reconstrução neste momento. Temos aqui uma série de seis ou sete ciclistas que podem formar, nos próximos anos, se os conseguirmos manter juntos, um dos blocos mais sólidos do pelotão nacional. Estamos a falar de gente de 22, 23 anos 24 anos, 25, 19 anos. Estamos a falar de seis ou sete ciclistas que tiveram outras funções, que são jovens, que estão agora a criar a sua posição no pelotão nacional. Estão a chegar a fase madura e é a fase onde se pode criar um currículo”, destacou.
Em declarações à Lusa, Vidal Fitas prognosticou ainda quem são os favoritos a vestir a amarela no alto de Santa Luzia (Viana do Castelo), em 20 de agosto, após o contrarrelógio que encerra a edição que arranca na quarta-feira, em Viseu.
“Sabendo que, teoricamente, e se nada de anormal acontecer, a Glassdrive os dois primeiros lugares do pódio ocupa quase de certeza absoluta e, mesmo assim, o terceiro não sei se não ocupará também… A única dúvida é que os atletas que eles têm que possam ocupar o terceiro lugar não têm experiência de Volta a Portugal e essa é a dúvida que temos. Porque em condições normais, [vendo] aquilo que aconteceu na Volta, nos últimos anos, o que aconteceu nas corridas em Portugal durante todo o ano, o Frederico e o Mauricio só não ocupam as duas primeiras posições se alguma coisa anormal acontecer”, sustentou.
Para o diretor desportivo algarvio, também o russo Artem Nych e o australiano James Whelan “são candidatos ao pódio”, apesar de terem o “handicap” de não conhecerem a Volta, um problema que quer Mauricio Moreira quer Frederico Figueiredo, primeiro e segundo na passada edição, e colegas de ambos na Glassdrive-Q8-Anicolor, não têm.
“Das equipas portuguesas, o António Carvalho, o próprio Delio, o Luís Fernandes, que no ano passado também esteve no quarto lugar, da Efapel está ali o [Henrique] Casimiro, o Joaquim Silva, o próprio Tiago Antunes, que são ciclistas que normalmente estão sempre aí por perto. Dos estrangeiros, ainda não vi quem vem, mas há sempre algum que vem a andar bem”, enumerou sobre outros potenciais aspirantes ao terceiro lugar.
Olhando para o percurso, Fitas nota que a Volta não muda muito e que, “de facto, a única coisa que tem aqui diferente provavelmente dos outros anos é ter quatro etapas que teoricamente são mais fáceis”, disse, referindo-se às quatro tiradas iniciais.
“O que poderá fazer dessas etapas duras é o calor, pois vamos passar nos sítios mais quentes de Portugal. Não se prevê temperaturas muito altas acima dos 32, 33 graus, mas se é daqueles dias de 37, 38, chegas ao fim dos quatro dias e estás um bocado amassado. […] Tirando isso, é a Volta dividida em duas. A parte dura na parte final, a parte mais fácil no início. E, depois, é mais do mesmo”, avaliou, considerando que mesmo a subida ao alto de Santa Luzia, nos últimos quilómetros do contrarrelógio final, nada vai alterar “entre os candidatos”.
AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense
Equipa: Álvaro Trueba (Esp), Carlos Salgueiro (Por), Delio Fernández (Esp), Diogo Barbosa (Por), Rafael Lourenço (Por), Samuel Blanco (Esp) e Venceslau Fernandes (Por).
Diretor desportivo: Vidal Fitas.
Lusa