O Governo anunciou, no final de 2022, o Plano Ferroviário Nacional, colocando-o em consulta pública, com os projetos e investimentos a concretizar até 2050.
Em comunicado, a União dos Sindicatos do Algarve/CGTP-IN (USAL/CGTP-IN), considera que seria adequado, antes de se avançar com um novo plano, "fazer uma avaliação crítica sobre o facto de, plano após plano, muito do que é projetado não ser executado".
Como exemplo, refere não ter sido feita qualquer apreciação crítica sobre o facto de o programa Ferrovia 2020 (lançado em 2016), com data anunciada de conclusão para 2021, ter apenas 15% dos investimentos concluídos (e o restante com atrasos de 4 anos). "Para além disso, existem projetos que surgem a cada novo Plano Nacional que estão previstos, em alguns casos, há mais de 30 anos", regista.
Para a USAL, a ausência de qualquer abordagem crítica sobre a não concretização de planos e investimentos anteriormente previstos diminui a credibilidade da proposta do Governo.
Relativamente à região do Algarve, considera ser urgente a conclusão da eletrificação da linha (que se arrasta há anos com sucessivas derrapagens nos prazos), apostando numa oferta de qualidade entre Lagos e Vila Real de Santo António, cujo percurso continua a levar mais de 3 horas a ser percorrido na totalidade, articulada com a rede rodoviária regional. Posteriormente, aconselha a que sejam encontradas soluções de ligações à Universidade do Algarve e ao aeroporto em Faro, sendo preciso reativar a concordância em Tunes (aspeto completamente omisso neste plano) e criar as condições necessárias para que os comboios de longo curso possam fazer serviço até Lagos e Vila Real de Santo António.
Os sindicalistas entendem que a proposta apresentada pelo Plano Ferroviário Nacional para uma ligação Lisboa- Évora- Beja- Faro- Sevilha é importante, contudo, defendem que a mesma "é colocada para ser avaliada daqui a dezenas de anos, não tendo sido criadas as condições, nomeadamente, a eletrificação da linha do Alentejo e a reativação do troço Beja – Ourique, fundamental para responder à promessa de uma ligação de Alta Velocidade entre Évora, Beja e Faro".
Para além disso, a USAL considera ser inaceitável que um Plano Ferroviário Nacional seja elaborado sem que nada seja dito sobre os trabalhadores, vincando que, diariamente, colocam o sistema a funcionar: "A valorização da sua profissão, o necessário aumento dos seus salários, a melhoria das suas condições de trabalho".
Defende ainda, que a ferrovia deve ser uma aposta de futuro, promovendo a substituição do transporte individual pelo transporte público, melhorando o equilíbrio territorial, contribuindo para a redução de emissões de carbono, potenciando a produção nacional e o emprego, apontando à gratuitidade deste meio de transporte. Numa região como o Algarve, "onde o direito ao transporte público não é uma realidade – quer pelas insuficiências no plano da ferrovia, quer pela dependência que a região tem de um único operador privado rodoviário", a estrutura sindical reivindica ao Governo que promova medidas que, "representam um efetivo compromisso com a promoção do transporte público, neste caso concreto, com a promoção do transporte ferroviário", conclui.