Sociedade

Três dezenas de manifestantes em Faro exigiram uma casa para todos

Movimento Porta a Porta (Arquivo)
Movimento Porta a Porta (Arquivo)  
O movimento Porta a Porta mobilizou hoje em Faro cerca de três dezenas de pessoas que se manifestaram pelo direito à habitação, exigindo “uma casa para todos”, numa região com muitos problemas no setor.

“Hoje estamos aqui numa luta específica para a habitação […]. O problema da habitação não é só os preços das casas, tem a ver também com […] a especulação, tem a ver também com os baixos salários”, disse à agência Lusa a porta-voz do movimento Porta a Porta, Ana Tarrafal.
 
A manifestação na capital algarvia enquadra-se na mobilização que teve lugar hoje em cerca de 22 cidades portuguesas convocadas pela plataforma Casa Para Viver, em defesa do direito à habitação.
 
Os manifestantes em Faro empunhavam cartazes onde se liam palavras de ordem a exigir “mais habitação pública”, “regular e rever as licenças de alojamento”, “combater a informalidade do arrendamento” ou “pôr o lucro dos bancos a pagar as prestações” da casa.
 
“A verdade é que PS efetivamente esteve lá [no Governo] o tempo suficiente para, pelo menos, tentar resolver este problema e não resolveu e acabou por camuflar um bocado o problema, porque não resolveu o cerne da questão, a própria especulação”, disse Ana Tarrafal.
 
Por outro lado, a porta-voz acrescentou que o atual “governo de direita não só não vai resolver o problema como o está a agravar”, dando como exemplo “as medidas apresentadas, que têm apenas aumentadas a especulação”.
 
De acordo com Ana Tarrafal, no Algarve a falta de habitações está relacionado com o facto de ser uma região em que o peso do turismo é grande e de a maioria dos trabalhadores ganharem o ordenado mínimo.
 
Para o movimento Porta a Porta, o Estado não se pode demitir das suas responsabilidades e remeter para a “mão invisível” do mercado a decisão sobre “o direito inalienável a uma habitação”, defendendo “políticas públicas” que garantam o aumento do parque público habitacional, uma baixa das taxas de juros nos empréstimosou uma travagem no aumento das rendas.
 
“Continua a luta para que alguma coisa seja feita pelas políticas de habitação”, disse à Lusa Albino, um dos manifestantes na capital algarvia, que sublinhou a necessidade de as pessoas continuarem a lutar e a exigir alterações à atual política.
 
Para ele, “o PS fez pouco” pela habitação e “ainda é cedo para perceber o que irá fazer o atual Governo” de coligação entre o PSD e o CDS.
 
A manifestação percorreu várias artérias do centro de Faro, assim como aconteceu noutras cidades portuguesas.
 
Para a plataforma Casa para Viver – que junta mais de cem organizações e já mobilizou milhares de pessoas nas ruas de várias cidades em três manifestações (junho e setembro do ano passado e janeiro deste ano) –, o novo Governo, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, “está bastante comprometido com aquilo que é o negócio imobiliário”.
 
“Os preços e as rendas das casas continuam a subir, a sobrelotação aumenta, assim como as barracas, as pessoas em situação de sem-abrigo e os despejos. A maior parte do nosso salário, senão todo (e muitas vezes este já não chega!), é gasta a pagar a casa. Desta forma, é inevitável que a pobreza aumente”, referem os organizadores.
 
A última manifestação pelo direito à habitação, em 27 de janeiro, mobilizou 19 cidades.
 
Lusa