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Treine o cérebro para ser feliz

Treine o cérebro para ser feliz
Treine o cérebro para ser feliz  
Foto Freepik
De acordo com o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, para alcançar uma vida feliz, «as receitas fáceis não funcionam, e os conselhos dos outros também não».

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É fundamental registar que, o primeiro passo para ser feliz é estarmos bem connosco próprios, desenvolver uma boa autoestima e uma mente flexível que nos permita ajustar e resistir às mudanças e, isso treina-se todos os dias.

Naturalmente que ninguém consegue estar sempre em pleno, muito menos afirmar que não passa por momentos difíceis, contudo, a receita deste psicólogo assenta num trabalho diário de educação mental, uma vez que, para o nosso cérebro é indiferente que estejamos felizes ou infelizes, ele só quer estar vivo, pelo que, cabe a cada um de nós reagir contra a apatia de permanecer numa zona de conforto que garante estabilidade de funcionamento cerebral.

O mesmo psicólogo sublinha que, apesar de termos um cérebro que resiste à mudança, isso não traduz que não possamos alterar aquilo que não nos faz bem ou com o qual não nos sentimos confortáveis. Mudar de uma forma equilibrada e persistente, que envolva um trabalho diário, pode surtir efeitos muito benéficos no tempo, ressalta.

Mihaly Csikszentmihalyi afirma que, para alcançar uma vida feliz, as receitas fáceis não funcionam, e os conselhos dos outros também não. Este é um processo individual em que cada um deve investir esforços sendo criativo e original.

No entanto, existem várias realidades básicas que podemos tomar como ponto de partida para construir um pensamento mais feliz:

Treine os seus pensamentos com base na reflexão, flexibilidade e positivismo realista, «uma vez que os pensamentos podem exercer uma mudança sobre o próprio funcionamento do cérebro e moldá-lo».

Com pensamentos negativos, certamente que não vamos conseguir dar uma resposta aos nossos problemas, tal como acontece com os pensamentos obsessivos e repetitivos que não nos levam a lugar algum e que, em muitos casos, ainda nos afastam mais das melhores soluções, afirmam os neurocientistas, realçando que, cuidar do pensamento é um sinal de saúde, pelo que, cada um de nós deve selecionar os pensamentos que realmente merecem mais atenção e descartar ou deixar ir aqueles que não nos ajudam a seguir em frente ou a solucionar um dilema.

O grande segredo não é substituir os pensamentos negativos por positivos e acreditar que já está ou que vai ficar tudo bem, mas sim, abrir a mente, alargar horizontes e ver a realidade sob diferentes perspetivas, uma vez que, é quando nos focamos numa só abordagem que não encontramos soluções, mas se abrirmos o leque de possibilidades, certamente que essa flexibilidade nos vai orientar para uma resolução positiva.

Quando pensarmos no futuro, igualmente devemos abrir as possibilidades para que consigamos ser realistas e não excessivamente ocos, confiantes e otimistas sem saber o que nos espera ou fatalistas por já estarmos a acreditar no que ainda não aconteceu. Colocar os pés na terra traduz um simples, vamos aguardar e ver se será assim ou planear com desapego dando espaço ao que poderá vir que, em muitos casos, será melhor do que prevíamos.

O psicólogo destaca ainda a importância de ter um propósito todos os dias, uma vez que, se a nossa realidade não tiver significado ou motivo, nós também careceremos de valor e com a sensação de estarmos num vazio que abre caminho para os transtornos de humor como a ansiedade e a depressão. Nesse sentido, ao levantar-nos de manhã, devemos ter um objetivo, uma meta, um propósito que nos mantenha vivos, ativos, com determinação, força e capacidade de luta, já que é isso que dá sentido á nossa existência e, não precisa de ser algo de grandioso, basta que tenhamos o objetivo de dormir bem, de estarmos com quem amamos mais tempo, de fazermos um passeio, praticar exercício físico, ler ou fazer algo que nos dá prazer após o trabalho.

Mihaly Csikszentmihalyi, completa que, ninguém consegue ser feliz todos os dias. É impossível alcançar e manter esse estado mental e emocional a toda a hora, contudo, «há algo muito mais importante do que ser feliz: estar bem consigo mesmo» e isso é tão complexo quanto sabermos que uma boa parte das pessoas não possui uma boa autoestima, pelo que, reforçar essa base é fundamental para quem quer ter uma vida de qualidade e satisfatória. Para tal, é importante investirmos em nós mesmos, cuidar-nos carinhosamente, direcionar pensamentos mais positivos e realistas para o que somos e temos, confiarmos nas nossas capacidades, mas sabendo sempre que os outros também as possuem, evitar comparações com os demais, concentrar-nos mais nas nossas vidas e naqueles que amamos e que nos devolvem tais sentimentos, respeitar-nos e transmitir o mesmo valor aos outros.

Igualmente devemos reservar um tempo diário para refletir, para analisar o que fazemos, o que desejamos alcançar e o que nos impede. Ponderar alternativas, ver a realidade sob diferentes perspetivas e admitir que, há coisas que temos de aceitar e outras que podemos alterar. Com isso, aprendemos a gostar de nós e a manter uma boa base pessoal que nos vai ajudar a enfrentar melhor os desafios e a permitir que tenhamos uma vida mais satisfatória.

Não menos importante é identificarmos os nossos traumas passados, entendermos e acolhermos o que se passou, aceitando que todos os temos e que, o que nos diferencia é a capacidade de nos perdoarmos, de entendermos o ocorrido e de tentarmos seguir em frente sem esse peso sobre os ombros.

Com este investimento diário em si, certamente que está a treinar o seu cérebro para ser um dia após o outro, muito mais feliz e satisfeito com a vida.