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Traumas que afetam a qualidade das relações

Traumas que afetam a qualidade das relações
Traumas que afetam a qualidade das relações  
Foto Freepik
Muitos adultos não conseguem estabelecer laços saudáveis com quem amam devido a episódios passados não ultrapassados.

Há casais que não conseguem comunicar de forma sincera e aberta, muito menos ouvir os problemas do outro e ainda menos mostrar a sua vulnerabilidade e falar também do que pensam e sentem.
 
Na maioria dos casos, estes adultos passaram por uma infância difícil e acumularam muitos problemas que, ao não serem interpretados e superados, acabam por prejudicar um namoro, um casamento e até as relações de amizade.
 
Efetivamente, quem passou por maus-tratos na tenra idade, quem assistiu a problemas recorrentes entre os pais, observou agressões de qualquer tipo entre os progenitores, foi vítima também de algum tipo de violência, seja ela física, psicológica ou emocional, acaba por desenvolver muitos medos, desconfiança e pouca capacidade de entrega, sem esquecer que a sua forma de amar é sempre limitada e o tipo de apego desorganizado, o que afeta profundamente o casal.
 
São frequentes também as queixas em consulta que indicam que, em muitas situações, ambos os parceiros apresentam este estilo de apego pouco saudável, o que reduz significativamente a qualidade da convivência.
 
As experiências traumáticas dão lugar a pessoas instáveis, inseguras e com dificuldades em estabelecer vínculos saudáveis com os outros.
 
Uma relação de qualidade requer estabilidade, diálogo aberto e sincero, confiança, acordos, negociação, estabelecimento de consensos e uma partilha sincera de sentimentos, mas os traumas não resolvidos, acabam por impedir este desejo e por traduzir-se em comportamentos pouco adequados e relações tóxicas.
 
Muitos parceiros passam grande parte do seu tempo a fazer cobranças, a controlar, a manipular, chantagear, a discutir, a evitar o diálogo e o esclarecimento das dúvidas dando lugar a permanentes conflitos. Isso deve-se a um passado marcado pela dor, pela tristeza e por exemplos parentais de fraca qualidade que acabam por reproduzir-se quando não se reflete acerca do assunto.
 
As pessoas com um apego desorganizado não conseguem controlar-se nos momentos mais complexos, reagem impulsivamente, seja de forma física ou verbal, não têm capacidade de ouvir o outro e ainda menos de tentar entendê-lo. Descontrolam-se perante pequenos imprevistos, ofendem, humilham, não respeitam o outro e também não sabem desabafar sobre o que estão a sentir, o que aumenta a instabilidade e o desconforto.
 
No dia a dia, estes casais confrontam-se com muitas discussões evitáveis com uma boa conversa, com um afastamento do mundo emocional, superável com uma entrega honesta e com uma carência profunda mesmo estando juntos e a coabitar no mesmo espaço, mas o desapego desorganizado não permite que as pessoas se aproximem porque não há entrega, a empatia é fraca tal como existe uma constante necessidade de fugir dos afetos e do mundo mais privado, seja o seu, seja o do outro.
 
Veja se manifesta estes comportamentos que indicam um desapego desorganizado ou se a pessoa que está ao seu lado o faz:
 
1. Age de forma contraditória
 
Umas vezes são afetuosas, outras distantes como se nada tivessem a ver com quem está ao seu lado.
 
2. Vive insegurança e desconfiança constantes
 
Os membros do casal não conseguem confiar um no outro porque ambos são inseguros e desconfiados.
 
3. Baixa autoestima
 
Por sentirem muito medo do abandono e da crítica, estas pessoas vivem relações de dependência, dão-se pouco e exigem tudo do outro pelo medo da rejeição.
 
4. Reações impulsivas, exageradas e caóticas
 
Nas mais variadas situações quotidianas, estas pessoas não conseguem controlar-se. Fazem dramas por tudo, sofrem muita instabilidade, medo e insegurança e isso projeta-se na maioria das suas ações e conversas.
 
5. Não expressa emoções e foge da intimidade
 
Estas pessoas fogem do diálogo porque estão sempre com medo de serem confrontadas com as emoções; aquelas dores que escondem e que as fragilizam.
 
6. Apresentam uma visão errada do amor
 
Em virtude de terem vivido más experiências com os pais ou cuidadores, estas pessoas têm dificuldades em desfrutar plenamente da relação amorosa e da pessoa que está ao seu lado e acabam por repetir o que já vivenciaram.
 
7. Convive com traumas passados ou feridas emocionais não resolvidas
 
O apego desorganizado reduz a capacidade de confiar nos outros e de experimentar emoções positivas, dando lugar a uma continuidade do trauma que não se tratou e ultrapassou.
 
Este cenário não é positivo e implica uma atitude de ambos os parceiros, pelo que, devem sentar-se, conversar, abrir o coração e dar espaço a desabafos e confidências honestas para que se aproximem e, juntos possam superar a barreira que vos afasta diariamente.
 
Em caso de dificuldade, procurem um terapeuta de casal que poderá orientar no processo.