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Tenho mesmo de oferecer um telemóvel ao meu filho?

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Há cada vez mais famílias que apostam numa infância com menos ecrãs e mais jogos reais, conversa e tempo de qualidade em conjunto.

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Longe de ser uma moda passageira, esta decisão responde a uma preocupação crescente por parte de pais, educadores e peritos. Um estudo conduzido pela Euroconsumers e a Deco ProTeste revela que os menores portugueses passam 3,4 horas por dia online, acima da média europeia, que se mantém nas 2,3 horas.

Por outro lado, dados recolhidos pela SaveFamily apontam para uma crescente preocupação por parte dos pais que detetam já irritabilidade e ansiedade nas crianças quando se lhes limita o uso do telemóvel, com quase 38% a afirmar que os ecrãs estão, efetivamente, a afetar o seu rendimento escolar. A infância digitalizada e a antecipação na entrega dos telemóveis a crianças cada vez mais cedo revela efeitos visíveis no bem-estar emocional e social dos menores, aponta um artigo divulgado pela empresa.

“Estamos a assistir a uma geração que normaliza passar o equivalente a metade de um dia de trabalho em frente a um ecrã desde idades muito novas”, adverte Jorge Álvarez, CEO da SaveFamily, empresa especializada em tecnologia infantil. “Isso tem um impacto direto no desenvolvimento emocional e na capacidade de concentração, assim como na forma de se relacionarem com os outros”.

Neste contexto, muitos pais procuram neste Natal alternativas ao smartphone que não suponham uma desconexão total nem a criação de riscos. “Dar um telemóvel a uma criança pequena é entregar-lhe uma ferramenta com mais funções do que as que pode gerir emocionalmente”, reflete Álvarez.

“Mas também não se trata de as isolar do mundo: existem soluções intermédias que permitem comunicar-se, ganhar autonomia e estar protegidos sem abrir a porta a redes sociais, conteúdos inapropriados ou dependência digital”.

Entre estas soluções, a empresa sugere os relógios inteligentes que permitem receber, enviar mensagens, atender e realizar  chamadas apenas a contactos autorizados, entre outras funcionalidades que facilitam um maior controlo dos adultos, ao mesmo tempo em que permitem que a criança possua um equipamento tecnológico.

Neste sentido, torna-se imperioso que os pais e demais familiares usem a criatividade e que convertam o telemóvel em brinquedos e objetos adequados à idade das crianças e jovens. Acima de tudo, é essencial que os pais pensem em alternativas que também os fazem felizes, tais como: uma bicicleta, especialmente se puderem dar passeios em família, brinquedos criativos, jogos de tabuleiro que possam ocupar o tempo em conjunto de forma animada, livros que são fundamentais para o desenvolvimento em qualquer idade, vestuário do agrado da criança ou jovem, patins, especialmente se os utilizarem em conjunto, bolas, raquetes de ténis de mesa ou outras modalidades.

Nas palavras de Álvarez, “não se trata de demonizar a tecnologia, mas de educar para a sua utilização desde a infância. Este Natal pode ser o ponto de partida para que muitas famílias recuperem uma relação mais sã com o digital e para tomarem consciência de que uma criança não precisa de um telemóvel para estar mais segura, mas de pais responsáveis que a acompanhem em cada momento da sua educação.”

Por fim, torna-se essencial lembrar que, para quem já tem telemóvel, ainda há muito trabalho a fazer e que pode começar já nesta quadra festiva. Retirar os ecrãs da mesa é logo o ponto de partida para uma noite mais carinhosa e divertida, usar a criatividade para preencher o tempo em família, conversar, jogar com caneta, papel, tabuleiro, bolas e brincar com os presentes que se recebem no Natal pode mudar tudo no desenvolvimento dos seus filhos. A partir daí, é seguir a tendência controlando mais e melhor o tempo que os menores passam em frente aos ecrãs. Acredite que a vida familiar muda e que a saúde física e mental de todos também, mas não se esqueça de dar o exemplo: telemóveis numa caixa, porque não se sentam à mesa!