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Tecnologias alteram o comportamento e a personalidade dos jovens

Tecnologias alteram o comportamento e a personalidade dos jovens
Tecnologias alteram o comportamento e a personalidade dos jovens  
Foto - Freepik
Tendo por base um estudo das Universidades Murdoch e Griffith, na Austrália, o uso excessivo de dispositivos digitais pode alterar o comportamento e a personalidade dos jovens.

O trabalho de investigação datado de 2018, envolveu cerca de 1000 estudantes com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos, e identificou que, os adolescentes perdem muitas horas de sono devido a uma grande exposição aos ecrãs, não só ao longo do dia, como também à noite, o que representa um sério impacto na sua saúde física e mental».
 
Em consultas de acompanhamento psicológico, os jovens relataram que sentem a vida passar-lhes ao lado, sem que se interessem por muito mais além das “novidades” apresentadas pelos ecrãs, sejam jogos, pesquisas, plataformas diversas, redes sociais e conversas com amigos ou colegas.
 
Naturalmente que o problema também está a afetar a população adulta que praticamente normalizou o uso da tecnologia, seja à mesa, no quarto, no trabalho, nos momentos em que se espera numa fila, para uma consulta ou em qualquer outro local, tendo-se quase perdido a capacidade para esperar sem o recurso a um ecrã, registam os entendidos alertando que, esse exemplo também contagia os mais novos que igualmente reproduzem o mesmo comportamento seja num restaurante ou em qualquer outro local.
 
Para além das implicações em termos sociais e nas relações que estabelecemos, esse comportamento está a afetar grandemente a saúde mental, sublinham.
 
Nas mesmas consultas de psicoterapia, os estudantes realçaram a dificuldade em resistir a uma notificação, a uma mensagem de um amigo ou colega, o convite para um jogo online e daí por diante, «não se importando com a hora do dia ou se têm qualquer tarefa para realizar».
 
Os investigadores concluíram que, 94% dos jovens entre os  11 e os 18 anos, permanecem ligados aos dispositivos digitais mesmo quando estão deitados e que  68% dos estudantes admite estar a sentir dificuldades em obter bons resultados escolares devido ao pouco tempo que dedicam ao sono e às horas que reservam à tecnologia, assumindo-se como “viciados em tecnologias digitais.
 
A realidade não é nova, mas tem de ser atualizada até que a sociedade tome consciência do problema, alertam os especialistas nesta matéria, acrescentando que é cada vez mais comum observar jovens cansados e, muitas vezes, logo ao acordar, mal humorados, ansiosos, 'stressados', com uma fraca capacidade de concentração e de memória, bem como perda de interesse pelas aulas e pelas matérias escolares.
 
«A falta de um sono de boa qualidade entre os mais jovens pode ter sérios efeitos na sua saúde física e mental». advertem os cientistas, sugerindo que, «os pais devem ser o melhor exemplo para os filhos e encontrarem estratégias para que todos desliguem os ecrãs pelo menos duas horas antes de ir para a cama e que regulamentem o tempo de exposição aos ecrãs ao longo do dia, pela saúde de toda a família»:
 
Para começar a implementar um novo estilo de vida, «os pais devem colocar os telemóveis numa gaveta antes do jantar, aproveitar para conviver à mesa em família e só voltar a ligá-los no dia seguinte e, todos devem cumprir este requisito, mesmo sabendo que os jovens vão protestar no início e que os adultos têm de afirmar a sua autoridade para evitar consequências maiores no futuro», aconselham.
 
Os adultos precisam de dormir entre 7 e 8 horas diárias e os jovens entre 8 e 10 horas, o que traduz que devemos ir para a cama cedo, conversar sobre o dia, encontrar soluções para os problemas, programar o dia seguinte e deixar de lado as distrações tecnológicas para um sono de qualidade, sob pena de se registarem mudanças profundas na personalidade e no comportamento dos jovens (agressividade, mau humor, irritabilidade, desmotivação, fraca autoestima, entre outros onde se inclui alterações na personalidade e um  desajustamento psicossocial).
 
Em ambiente de consulta, os jovens analisados confessaram falta de esperança perante a vida e infelicidade, o que, por si só, já é um motivo mais do que suficiente para impor limites no uso dos dispositivos «para que eles nos melhorem a qualidade de vida e que não nos prejudiquem como está a acontecer», alertam os investigadores afirmando que, «utilizar os telemóveis à noite é como recorrer a uma droga viciante que nos afasta da realidade e onde está tudo o que ocupa os mais novos. Através dos ecrãs, os adolescentes “convivem entre si, jogam, fazem compras, percorrem as redes sociais e, é como se estivessem em todo o lado sem que saiam do local, sem interação presencial, sem um contacto direto com o mundo real. Terminam o dia tarde, cansados, deprimidos, em muitos casos e, aos poucos vão registando falta de paciência e de interesse por tudo aquilo que se afasta dos monitores, o que lhes prejudica gravemente a saúde física, emocional e mental».
 
É como se se tratasse de um mundo à parte, sem uma relação presencial, um contacto físico, mas ao mesmo tempo, algo muito desgastante e pobre que se fecha num determinado circuito, alertam os entendidos nesta matéria.
 
Por fim, importa realçar que, «o excesso de utilização dos ecrãs leva a alterações metabólicas e neurológicas, dá-se um aumento nos níveis de stress, um comprometimento nas funções executivas reduzindo a memória, atenção e resolução de problemas, a par da depressão que se torna cada vez mais uma realidade.
 
Como consequência,  há uma diminuição nos resultados académicos, apatia, desmotivação, desinteresse, baixa autoestima e autoconfiança que se refletem nas relações com os outros, o que por si só, «é uma bomba-relógio para a saúde em geral, alertam os investigadores concluindo que, «os pais têm de manter uma atitude firme, não permitir negociações naquilo que compromete o sono e a qualidade de vida, por isso, trocar o sono pelos ecrãs , está completamente fora de questão. Também não podemos normalizar o uso destes dispositivos como se fossem inofensivos, mas sim, aprender a regulamentar os horários, vincar as regras, encontrar atividades prazerosas em família e aproveitar o melhor da tecnologia: com conta, peso e medida».