Num tempo em que se coloca em causa os valores da fidelidade, compromisso e lealdade, importa analisar os comportamentos de quem está ao nosso lado para que possamos entregar-nos com mais confiança e liberdade, ao mesmo tempo em que podemos ter de reagir em caso de traição, por isso, registe alguns sinais que podem indicar que algo não está bem e que requer uma conversa esclarecedora.
John Gottman, especialista em relacionamentos, alerta para a importância de não entrarmos em obsessões e pensamentos negativos em relação ao comportamento da pessoa que está ao nosso lado. Realça que é essencial averiguar se a relação está bem e, caso não esteja, o que se passa, antes de acreditar que se trata de uma traição. Naturalmente que, a ocorrer uma infidelidade, tem de existir uma causa, pelo que, uma conversa aberta e sincera é o ponto de partida para esclarecer dúvidas.
1. Quando a pessoa usa o telemóvel de forma suspeita, pode indicar que está a esconder alguma coisa. Repare se essa pessoa fica ansiosa quando o telefone toca, se não atende chamadas na sua presença e se esconde o equipamento, as mensagens e outras notificações que a possam comprometer de algum modo. Este comportamento pode indicar que algo não está bem ou que a pessoa pode manter alguma ligação secreta.
2. Se a pessoa com quem vive ou namora começa a distanciar-se e a mostrar pouco interesse por si e pela sua companhia, pode revelar que algo a está a afastar da relação, seja outro interesse ou outra pessoa.
3. Os horários inexplicáveis e até súbitos para sair, em alguns casos podem revelar compromissos e saídas secretas. Tente conversar para saber o que se passa e analise a reação.
4. As alterações no comportamento sexual podem indicar: por um lado que a infidelidade aumenta o desejo sexual pela estimulação ou, perlo contrário, que ocorra uma diminuição pela maior satisfação alcançada com a /o amante.
5. As despesas inexplicáveis são o principal indicador de uma traição, uma vez que, é comum o gasto em presentes para dar a outra pessoa, o pagamento de restaurantes e hotéis e possíveis viagens. É fácil consultar estes dados com um extrato bancário e também com a redução de pagamentos que eram habituais e que passam a deixar de existir.
6. O excesso de preocupação com a aparência pode revelar que,
existe uma intenção em seduzir outra pessoa sendo comum a aquisição de objetos, um reforço em perfumes e outros cuidados de higiene, usar roupas novas, uma mudança súbita no estilo de vida que não é acompanhada pela pessoa que tem em casa e que não foi acordada, a prática repentina de exercício físico, alterações alimentares, entre outras.
7. Quando um parceiro opta por manter uma distância emocional, foge a assuntos do casal, não mostra interesse em conversar, sair, divertir-se consigo e envolver-se na anterior cumplicidade, pode indicar que existe uma terceira pessoa no seio da relação.
8. A existência de objetos novos e suspeitos em casa, no carro, nos bolsos, na carteira que, em alguns casos, podem ser presentes para oferecer ou recebidos.
9. Alertas de que o seu parceiro ou parceira é visto/a com outra pessoa ou em locais pouco habituais e comprometedores.
10. Excesso de entusiasmo que se reflete numa felicidade repentina, leveza, descontração associada ao distanciamento da vida conjugal e dos assuntos do casal, bem como uma maior predisposição para fazer programas sozinho/a, esquecer-se de datas e momentos importantes que antes os aproximavam, entre outras evidências que podem sugerir uma nova paixão.
11. Reações sistemáticas nas redes sociais de uma mesma pessoa podem traduzir cumplicidade, segredo, uma relação que já existe ou que pode estar a desenvolver-se.
12. Iniciar novos hobbies e sempre sozinho/a pode traduzir que alguém lhe faz companhia ou que existe esse desejo de encontrar uma pessoa para “uma escapadinha” fora do casamento ou relação.
13. Optar por não sair consigo pode demonstrar uma mudança súbita e suspeita se não existir uma explicação. É comum que a pessoa infiel marque encontros e compromissos com outra pessoa e que, naturalmente tenha menos disponibilidade para sair com a pessoa que tem em casa, o que pode levantar suspeitas de traição que merecem ser esclarecidas.
14. Alterações repentinas de humor, instabilidade e irritabilidade que, podem traduzir outra coisa, mas igualmente podem denunciar que a pessoa está a trair, que vive em conflito e que não consegue sentir-se estável. Pode também estar insatisfeita consigo mesma por não conseguir conciliar as duas relações, pelo sentimento de culpa, pelo pouco tempo ou em conflito sem saber se deve ou não iniciar a relação extraconjugal.
15. Tornou-se uma pessoa diferente dentro e fora de casa, apresentando pouca empatia, interesse em sair consigo, em conversar como antes, em realizar atividades juntos e passa cada vez menos tempo no lar. Alterou alguns hábitos e parece ser “uma nova pessoa” ou apresenta comportamentos “estranhos”.
16. Reações repentinas, impulsivas e defensivas também podem indicar que a pessoa está diferente e que algo se passa com ela podendo ou não ser uma infidelidade, mas é essencial que conversem e que procurem entender o que se passa. A pessoa infiel não tem paciência para muitas explicações, muito menos para prestar atenção aos sentimentos de quem está ao seu lado e ainda menos consegue preocupar-se com questões do dia a dia familiar, o que podem ser sinais de alerta.
17. O recurso à mentira, para além de não ser benéfico para a relação, pode indiciar que existe um motivo para fugir à verdade. Normalmente as falsas palavras ou histórias estão associadas também à manipulação, ao fingimento, vitimização, ao disfarce, à contradição, à acusação ou desculpabilização com outras pessoas ou situações. Se a pessoa recorre a este tipo de estratégias para evitar dizer o que se passa, onde esteve ou porque se atrasou, esteja atento/a.
Por fim, é importante reter que, podem existir outras razões para alterações comportamentais, que o stress, o menor interesse de uma das partes, ou uma preocupação também podem dar lugar a distanciamentos, desinteresse e daí por diante, sendo importante o diálogo para tentar compreender o que se passa. No entanto, é sempre de considerar a hipótese de uma diminuição do desejo, do amor e da satisfação entre os parceiros, pelo que, mais uma vez, os terapeutas de casal recomendam uma conversa aberta, sincera, sem a atribuição de culpas, com respeito mútuo, maturidade e disponibilidade para ouvir e para falar o que se pensa e sente sem fazer juízos antecipados que, em algumas situações, podem ser injustos ou infundados. De qualquer modo, se existir uma traição, é porque a relação não está bem e precisa que algo mude.
Em caso de término, o mesmo deve ocorrer igualmente de forma amigável e respeitosa, pois ninguém tem culpa de deixar de amar alguém, mas deve ser consciencioso e responsável no momento de expressá-lo a quem lhe dedicou os seus sentimentos e intimidade.
Uma relação não sobrevive sem uma base sólida de confiança que se conquista com um diálogo diário, um investimento constante na qualidade dos laços estabelecidos, sem que existam limites, afeto e respeito.