A Semana Europeia da Mobilidade juntou este ano dois eventos em Loulé, o Parking Day e a FAVA – Feira do Ambiente e Vegan do Algarve, com a mensagem de alertar para a necessidade de mudança de comportamentos.
De acordo com nota da autarquia louletana, o Parque Municipal de Loulé, acolheu um conjunto de expositores de empresas, marcas, associações e outras entidades ligadas a agricultura sustentável, mobilidade elétrica, economia circular ou proteção animal, onde não faltou a componente da alimentação saudável, com tasquinhas em que o veganismo esteve em foco. Mas o programa ficou marcado também por uma concentração e passeios de bicicleta pela cidade, envolvendo as escolas.
Houve também tempo para o debate e reflexão, através da realização de mesas-redondas. “Que cidades do futuro?”, moderada por Uwe Heitkamp, jornalista que se tem dedicado à causa ambiental, reuniu pessoas da área da agricultura biológica, associações e empresas ligadas à mobilidade elétrica, além de representantes da empresa municipal Infralobo e Loulé Concelho Global, e do autarca de Loulé, Vítor Aleixo.
Uma cidade sem carros, sem resíduos, sem perdas de águas, uma cidade autossuficiente do ponto de vista energético parece ser uma realidade distante, mas, durante este espaço de discussão, foram lançadas algumas ações que podem abrir esse caminho. Desde logo, em relação à escassez hídrica, considerada o grande problema atual no Algarve, os oradores abordaram algumas das iniciativas que estão já em marcha, inclusive no próprio concelho de Loulé, possíveis respostas que permitirão gerir da melhor forma este recurso, como a aguardada dessalinizadora que se será construída entre Loulé e Albufeira, a construção de pequenas bacias de retenção no meio rural, o aproveitamento das águas das ETARS para rega dos campos de golfe e espaços verdes ou a aposta na agroecologia e na reflorestação assente em espécies autóctones.
A urgência da descarbonização é outra meta a alcançar, com espaços urbanos que estejam dotados de ciclovias e passeios, “As cidades têm que ser para as pessoas e não para as viaturas”. “Temos que criar a consciência pública de que estamos a enfrentar problemas limite. Mas não podemos operar um corte no tipo de vida que temos hoje. Acredito que a agenda para a sustentabilidade 2030 aprovada pelas Nações Unidas é uma aposta realista para fazermos face aos problemas”, considerou o presidente da Câmara.
Numa outra mesa-redonda, o tema foi “O Mercado Voluntário de Carbono em Portugal”, uma matéria que começa a ganhar força, também em Loulé, fruto de um protocolo celebrado com o CEIIA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento.
Trata-se de um sistema de incentivos para que as pessoas possam, através da mudança de comportamentos, contribuir para a descarbonização do Planeta até 2050. “O Governo está a trabalhar nessas matérias a nível legislativo e a nível de medidas muito mais globais, mas depois a responsabilidade de cada região, de cada município, é de implementar de forma local medidas que promovam a descarbonização. Acreditamos que, além daquilo que é a mudança voluntária no comportamento que cada um pode fazer, pode também ser motivador através de incentivos. A grande maioria está recetiva à mudança se tiver um incentivo”, reiterou o vereador com o pelouro do Ambiente e Ação Climática, Carlos Carmo.
De referir que no âmbito deste programa da Semana Europeia da Mobilidade, a responsável da empresa Essência do Ambiente, esteve no Parque Municipal para atribuir ao Município de Loulé o prémio “Boas Práticas”, pelo projeto “Reutilização de Águas Residuais Tratadas em Contexto Escolar” . “
O edil Vítor Aleixo sublinhou a importância de mais um prémio para Loulé na área da sustentabilidade ambiental, salientando ter sido esta uma iniciativa que partiu da comunidade escolar. “Está criado um ecossistema de interesse e motivação em Loulé para fazer face aos problemas ambientais”, garantiu. As atividades contaram ainda com a 1ª concentração de utilizadores de bicicletas elétricas.