O segundo e último dia da greve regional dos médicos teve uma adesão superior a 90% no Algarve e no Alentejo e de cerca de 70% nos Açores, segundo dados divulgados à Lusa pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
“Hoje a adesão [à greve] foi também muito expressiva, muito próxima à do dia de ontem [quarta-feira]", o que reforça “mais uma vez” a necessidade de “alteração estrutural em termos do que são os salários dos médicos”, disse o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.
Segundo dados do SIM, a generalidade dos blocos de cirurgia para atividade programada estão encerrados devido à greve que termina às 24:00 de hoje.
A adesão nas consultas externas hospitalares no Algarve é de 92% e no Alentejo é de 90%, referem os dados, segundo os quais a adesão à paralisação nos centros de saúde no Algarve é de 93% e no Alentejo de 91%.
Relativamente à adesão à greve dos médicos que exercem nos Açores, Roque da Cunha disse que ficou abaixo das expectativas, rondando os 70% nos hospitais e 72% nos centros de saúde.
“A justificação que encontramos é que, além da dispersão nas ilhas, como há muito poucos hospitais há naturalmente uma pressão maior em termos psicológicos” para que os médicos não adiram à greve, apesar de concordarem com os seus motivos, disse o líder sindical, ressalvando que, “apesar de tudo, é uma adesão expressiva para esta Região Autónoma”.
O SIM destaca “o comportamento irrepreensível dos médicos, demonstrado no integral cumprimento dos serviços mínimos” e “a compreensão dos utentes pelo transtorno e mesmo o apoio” aos clínicos.
As greves regionais convocadas pelo SIM têm como objetivo fazer com que “o governo altere de forma substancial” a proposta de aumento salarial de 1,6%, “muito longe da perda de poder de compra de 20% nos 10 anos anteriores, quando respaldados com um aumento de 11 mil milhões de euros em receitas fiscais em 2022, em que se atingiu o recorde da carga fiscal cobrada e que em 2023, já é ultrapassada em mais de 30% de aumento”.
“Não é aceitável, não é crível, que a proposta que o Governo apresentou de aumento de 1,6% dos salários dos médicos possa permitir uma alteração à acessibilidade que os portugueses não têm aos serviços de saúde. Sem este investimento, muito dificilmente a situação irá melhorar”, disse Roque da Cunha.
O dirigente sindical disse ainda que esta greve é também para exigir um aumento do investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em equipamentos, instalações e condições de trabalho.
“Não fechando a porta ao processo negocial”, o SIM afirma que vai manter todas as greves em curso, estando já decretada para os dias 6 e 7 de setembro uma greve regional, em parte da administração regional de saúde do Norte.
Lusa