Dicas

Saiba proteger-se da inveja

 
Dizem os entendidos que, a inveja é uma das piores emoções que podemos experimentar, sobretudo porque implica baixa autoestima, falta de aceitação de quem somos e desvalorização do que temos.

É complicada a tarefa de sentir a inveja dos outros sobre o que somos e o que temos, mas ainda mais é sermos nós a sentir-nos inferiorizados perante a vida de alguém.
 
Começamos a sentir inveja cada vez mais cedo, muito devido às redes sociais e à exibição de “vidas perfeitas”, “corpos perfeitos”, ambientes maravilhosos e divertidos e gente que está sempre feliz, de tal forma que acabamos por não desenvolver aquilo que nos protege desse sentimento tão negativo e destrutivo.
 
É um facto que há pessoas que fazem de tudo para despertar inveja nos outros e, naturalmente que há muitas outras que se deixam levar nesse circuito, mas, segundo a ciência, a única forma que temos para nos protegermos é a construção de uma boa autoestima e aprendermos a olhar mais para aquilo que temos e menos para aquilo que nos falta.
 
É também fundamental que aprendamos a não depender tanto da informação que nos remete para o sofrimento, como é o caso das redes sociais onde são publicadas fotos e conteúdos que nos fazem despertar essa inveja.
 
Na mesma sequência, devemos fazer um trabalho diário de encontro conosco próprios de forma a evitar comparações com os demais. Torna-se essencial que desenvolvamos estratégias para que consigamos ver valor em nós mesmos e na nossa vida e que minimizemos a importância da vida alheia.
 
De acordo com os especialistas, temos de aprender a controlar o sentimento de inveja e transformá-lo em algo positivo como sendo, a capacidade de nos inspirarmos em alguém, mas sabendo sempre adequar-nos à situação com as características que temos e com o que somos.
 
O grande problema da inveja «é que se torna muito fácil detetá-la nos outros, mas pouco eficaz a tomada de consciência de que também temos inveja de alguém», dizem os entendidos nesta matéria.
 
Passamos uma boa parte da nossa vida a sofrer em silêncio, porque todos sabemos que a inveja é um sentimento horrível, e acabamos por nada fazer para nos libertarmos dessa carga negativa e destrutiva.
 
Concentramo-nos tanto na vida alheia que nos esquecemos do que somos e do nosso real valor, frisam os cientistas reconhecendo que se tem dado pouca importância a este sentimento ao longo dos anos, mas que o mesmo é um ponto de destruição e de muita dor.
 
Há pessoas que nada fazem sem que seja imitação de alguém, que só se movimentam em função da raiva que sentem pelo que o outro possui e cuja motivação resulta do conflito e da necessidade de destruir alguém só porque tem algo melhor, porque é mais feliz e daí por diante.
 
«Não podemos continuar a desperdiçar a nossa vida em função do que os outros fazem ou conquistam, até porque isso não traduz que, se o possuíssemos, seríamos tão ou mais felizes, mas sim aprender a desenvolver uma proteção contra a inveja», sublinham os especialistas.
 
A inveja é um fenómeno especialmente comum em ambientes de trabalho, na família, entre amigos ou direcionada a figuras públicas em que se experimenta um conjunto de emoções negativas e que nos comprometem a saúde mental.
 
Perguntamo-nos muitas vezes como é que aquela pessoa consegue ter aquele corpo, aquela vida, tanto dinheiro e daí por diante. Isso é inveja, por muito que não queiramos assumir e conduz-nos ao desconforto e à infelicidade, a ponto de, muitas vezes, não sentirmos forças para lutar e para enfrentar o nosso dia a dia, sofrermos de depressão e transtorno de humor.
 
Não devemos confundir inveja com ciúme, ou seja, com aquele estado que uma pessoa sente diante da possibilidade de perder alguém com quem mantém algum tipo de relacionamento, alertam os entendidos.
 
É ainda de referir que a inveja nunca é positiva, na medida em que nos afeta a autoestima e a saúde mental, pelo que, podemos inspirar-nos numa figura que admiramos e seguir o nosso caminho com as nossas habilidades, capacidades e conquistas, tendo em conta que, de vez em quando, todos somos afetados por esse sentimento e que temos de nos libertar dele, sob pena de perdermos qualidade de vida.
 
«Por trás da inveja há vergonha e falta de autoestima. É uma sensação permanente de não estar à altura e pensar que os outros têm sempre mais sorte do que nós», completam.
 
Assim, o primeiro antídoto para a inveja é cada um de nós aprender a gostar de si mesmo, valorizar-se, aceitar-se e até sentir orgulho em quem é para que possa enfrentar a vida com mais força, coragem e sem uma constante comparação com os outros.
 
Devemos cultivar uma identidade firme, positiva e saudável que se baseie na capacidade de entender que os outros têm o seu percurso, a sua dor e que só exibem o que querem, tal como nós o podemos fazer. «Podemos sempre optar por ir às redes sociais publicar o melhor das nossas vidas, a nossa melhor versão, educação e forma de estar. Não temos de ir lamentar-nos, muito menos falar mal dos outros ou mostrar a nossa raiva perante o sucesso alheio. Note que é isso que as pessoas bem sucedidas fazem, logo dá a sensação que são perfeitas e que tudo lhes corre sempre bem», alertam os entendidos.
 
Também não temos de andar sempre a observar a vida dos outros, seja dentro ou fora das redes sociais e sim dedicarmos mais tempo a quem amamos, a estar connosco próprios, a fazer algo que nos dê prazer. Muito menos temos de colocar tudo nas redes para que os outros coloquem ou não a sua crítica ou apreciação porque faz com que dependamos demasiado da opinião alheia e, isso enfraquece-nos, completam.
 
É importante que aprendamos a tirar partido daquilo que temos e que não precisemos de mostrar a alguém as nossas conquistas e felicidade, pois isso sente-se dentro de nós e não deve ser alvo de aprovação social.
 
É essencial ainda que saibamos muito bem aquilo com que podemos contar em nós próprios, que sejamos mais conscientes e esclarecidos, pois dessa forma iremos perceber que, muitas vezes, andamos atrás dos outros quando temos tudo dentro de nós.
 
Acreditar verdadeiramente nas nossas capacidades também nos ajuda e muito, a reunir valor em torno do que somos e retira-nos o interesse em procurar infinitamente esse reconhecimento que pode ou não surgir por parte de outrem. Alguém que gosta de si, que acredita no seu valor, não precisa de mendigar a atenção alheia e ainda menos de imitar quem quer que seja, concluem os especialistas.
 
Fátima Fernandes