Teve lugar na passada quinta-feira, em Loulé, a palestra de Rui Portugal, subdiretor-geral da Saúde, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Laura Ayres.
“A pandemia e os desafios pós-COVID” foi o mote desta conferência, mas, «durante duas horas, o orador deu uma verdadeira aula de saúde pública sobre os seus fundamentos e a sua importância na vida das comunidades», resume a autarquia em nota de imprensa.
O que é a saúde pública? Quais as aprendizagens retidas com a pandemia? E no futuro, como nos podemos posicionar relativamente ao pós-COVID?, foram alguns dos temas abordados por Rui Portugal, um dos responsáveis pelo Plano Nacional de Saúde, que apontou as componentes da proteção, promoção, prevenção como fundamentos da saúde pública, completa a mesma fonte.
Com a COVID-19 ficou bem claro que é “necessário gerar cenários para atuar no futuro”, algo que Rui Portugal considera ser uma matéria que não estava bem estudada. Mas se a pandemia destacou os pontos fortes do regulamento sanitário internacional e outros convénios e compromissos, o conferencista é da opinião de que, a partir de agora, é fundamental discutir e aprender sobre a pandemia que tivemos, testar os sistemas de resposta e a sua efetividade “muito antes de as emergências acontecerem”. E recordou que foram precisamente as estruturas e sistemas de resposta funcionais antes da pandemia que permitiram aos países que o fizeram, “alcançar uma ação mais organizada e coordenada”.
A colaboração demonstrada pela comunidade científica global para entregar uma vacina no espaço de um ano é exemplo “da evolução rápida de descobertas emergentes em biotecnologia, genética e em virologia, em particular, e naturalmente na área da saúde e da medicina em geral”, geradas com a pandemia, considerou o palestrante.
Numa nota quanto ao papel do SNS no contexto pandémico, este médico referiu que “a rede de saúde pública permitiu uma resposta de proximidade rápida”. “O SNS funcionou, deu a garantia de universalidade e respondeu com alguma agilidade. Naturalmente deve ser melhorado”, destacou.
Quanto ao futuro, Rui Portugal ressalvou que “a preparação para emergências precisa de estar no centro de todas as funções dos sistemas de saúde”.
O caminho passa por procurar desenvolver uma “saúde pública personalizada”, individualizando iniciativas e práticas para o bem-estar das comunidades e populações, garantindo sustentabilidade relativamente ao sistema.
No que concerne à agenda de saúde pública, para além de reforçar as áreas de emergência, terá de ser desenvolvida uma estratégia e criados programas ou recursos relativamente a áreas como a saúde global (imigrantes ou refugiados), a saúde ocupacional, a longevidade, a saúde ambiental ou a saúde urbana.
Quanto à organização do serviço de saúde, Rui Portugal é da opinião de que a criação de unidades locais de saúde são também “uma boa oportunidade para o sistema ganhar as mais-valias da prática de saúde pública”.
O autarca Vítor Aleixo falou da experiência vivida pelo município durante a pandemia, sublinhando ser ainda cedo para fazer um balanço, mas uma coisa é certa: “Esta é uma situação que pode se repetir!”. O responsável disse que uma das principais consequências da pandemia foi um abrir de olhos para a importância da saúde pública e para o investimento que é necessário realizar para promover esta área.