Dicas

Riscos de namorar com uma pessoa ciumenta

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Uma pessoa que não confia não consegue amar.

O primeiro passo para deixar de ser uma pessoa ciumenta é assumir que se sente ciúmes.
 
Quem sofre de ciúmes exagerados, não só tem uma vida limitada como compromete a dos outros. O ciúme é um sentimento destrutivo e, para que possa ser trabalhado, tem forçosamente de ser assumido.
 
É fundamental que se admitam os ciúmes, que se perceba os motivos pelos quais se sentem ciúmes, as pessoas alvo dos nossos ciúmes e, acima de tudo, querer sair desse círculo vicioso negativo que não só arrasa com a vida da pessoa, como destrói todo e qualquer relacionamento.
 
Para que uma pessoa se liberte do ciúme necessita também de deixar de se rodear de pessoas que lhe alimentem esse sentimento, já que, é muito comum que, familiares, colegas e/ou amigos acrescentem os ciúmes com dicas, provocações e comentários. Depois, é preciso saber exatamente que existe um tipo de ciúme natural e saudável e um patológico e exagerado.
 
O ciúme, como qualquer outra emoção, é natural e aceitável porque o vivemos como uma forma de proteção. Sabendo que existe um risco de perdermos alguém que amamos por sermos trocados por outra pessoa, por exemplo, faz com que tenhamos alguns cuidados para mantermos a relação viva e ativa, interessante e capaz de resistir “às tentações”. No entanto, quando a desconfiança se torna maior do que o amor, quando a obsessão nos invade, quando necessitamos de andar sempre atrás da pessoa que vive connosco, procurar objetos, cheiros, mensagens ou outros acessórios para que possamos confiar e acreditar que a pessoa só tem olhos para nós, já estamos no domínio do patológico, que também inclui a posse e a ideia de considerarmos que o outro nos pertence e que não pode conviver com outras pessoas, sorrir com elas e daí por diante. Ninguém é dono de ninguém e amar impõe fidelidade, respeito e confiança, mas também liberdade para que o outro esteja ao nosso lado porque quer e não porque isso lhe é imposto.
 
Perfil psicológico de uma pessoa ciumenta
 
• Ideia constante de que aqueles que ama lhe são infiéis de alguma forma;
 
• Apesar das evidências em contrário, os sentimentos de ciúme persistem e são encontrados detalhes que os perpetuam;
 
• Aparecem comportamentos controladores (vasculhar o computador, a agenda, o telemóvel, as roupas, criticar amigos em comum, proibições, etc.);
 
•A ideia constante de que as pessoas que ama se vão embora, o que gera muito medo e angústia;
 
• A insegurança sobre o valor pessoal projeta-se na forma de ciúme;
 
• Existem pensamentos distorcidos e vieses cognitivos que favorecem a ideia de que alguém está a ser traído.
 
Relativamente ao ciúme patológico, é fundamental assumir que se perdeu o autocontrole, que se assumem comportamentos exagerados, descontextualizados, muitas vezes irreais, desproporcionais e daí por diante. Muitas pessoas conseguem, a partir desta tomada de consciência, controlar-se, pensar de forma pragmática e realista e ultrapassar uma boa parte dos seus ciúmes, mas também são muitas as que necessitam do apoio de um psicólogo para diminuírem a sua ação negativa e destrutiva seja para si mesmas, seja para os outros.
 
Se suspeita que namora com uma pessoa ciumenta, verifique se a mesma apresenta estes sinais:
 
• Apresenta pensamentos irracionais que podem tornar-se delírios, comparações constantes, emoções intensas de angústia, raiva, medo e nervosismo, estado de alerta permanente. Existe um medo excessivo de perder a outra pessoa e uma tendência bastante grande para assumir comportamentos impulsivos;
 
- Queixa-se de insónias, palpitações, desconforto gástrico e outros sintomas físicos de stress e ansiedade.
 
• Apresenta comportamentos agressivos ou mesmo muito violentos, sejam físicos ou verbais.
 
- Ocorrem cenas de ciúme e adoção de medidas de controle que implicam uma vigilância ativa do outro para evitar que fique sozinho num qualquer local ou que possa contactar com outras pessoas, o que também constitui uma forma de violência.
 
Dicas para minimizar o ciúme:
 
O ciúme é uma emoção natural, pelo que não tem cura, o que pode ser tratado são os exageros que se cometem em função dele, assim registe estas dicas dos especialistas:
 
1. Aceite as suas emoções e assuma a responsabilidade pelo que já fez em função do ciúme que sente por alguém. Apesar de não ser fácil, é fundamental que sinta o desconforto do que fez para que o evite em situações futuras.
 
2. Suporte-se no apoio de quem ama e de quem o ama
 
Diga a quem o rodeia e com quem estabelece relações de proximidade que quer mudar e libertar-se do ciúme. Assuma esse compromisso de forma a que, também sejam essas pessoas a ajudá-lo quando se sente tentado a cometer excessos.
 
3. Ouça
 
Ouvir é o próximo passo para deixar de ser uma pessoa ciumenta. Os outros têm o direito de expressar-se, e essa informação será muito útil para que o leitor possa mudar. Aceite as suas palavras e as suas emoções e inicie um diálogo construtivo e positivo.
 
4. Trabalhe a sua autoestima
 
Lembre-se de que parte do seu ciúme vem da sua insegurança e falta de autoestima, pelo que melhorar a imagem que tem de si mesmo, é a base para que se sinta mais confiante, seguro e mais concentrado em si. Esta opção faz com que diminua naturalmente o foco nos outros, que descontraia mais e valorize mais os momentos e quem tem ao seu lado.
 
Depois, quem cresceu numa família ciumenta, possessiva, controladora e que exige tudo à sua maneira, também terá de fazer um esforço acrescido em construir uma mente mais liberta e aberta ao conhecimento, aos outros e a conseguir transformar essas linhas culturais em algo mais moderno e atualizado. Trabalhe a pessoa que é hoje e tente descartar as crenças que lhe limitam a liberdade e a felicidade através do ciúme e da posse sobre os outros.
 
Perder alguém não significa que tenhamos menos valor, mas sim, que nem todas as pessoas são compatíveis, pelo que, não vale a pena fazer de tudo para evitar o afastamento quando o imperativo é o respeito por nós mesmos e pela vontade do outro.
 
O ciúme pode dar lugar a transtornos como depressão ou ansiedade, ou estes podem ser o resultado de quadros clínicos, como um distúrbio de personalidade ou um vício.
 
Mudar a nossa linha de orientação implica reconhecer que já temos muitos problemas motivados pelo ciúme e que temos de encontrar um caminho alternativo onde possamos dar e receber amor e atenção. Uma relação não pode, de modo algum, ser pautada pela imposição, pela posse, pela chantagem ou por algum tipo de violência, falta de respeito e de amor-próprio. A tarefa é muito difícil, mas, se não pararmos em algum momento, a escalada será cada vez maior e podemos acabar por ficar mesmo sem ninguém ao nosso lado, por isso, enquanto é tempo, cuide de si e trate os ciúmes.
 
Registe ainda que, os episódios de ciúme patológico são os que requerem mais atenção, na medida em que, a longo prazo, representam riscos perigosos para a própria pessoa, para o parceiro, o rival, ou o rival imaginário.
 
Por isso, não hesite em pedir ajuda, em levar consigo a pessoa que ama para que, em conjunto, possam tratar um problema que vos diz respeito e que, não sendo intervencionado, acaba por vos destruir em conjunto, advertem os entendidos nesta matéria.