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Riscos de conviver com pessoas tóxicas

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Estudos recentes demonstram o quanto o contacto com pessoas tóxicas nos afeta a saúde mental e a qualidade de vida.

Segundo os cientistas, temos de começar a admitir que não podemos mudar os outros e fazer com que todas as pessoas sejam “boas” e agradáveis na convivência e sim, modificar a nossa atitude perante quem nos faz mal.
 
Basta que uma pessoa tenha passado por uma infância dolorosa, por um episódio negativo numa qualquer fase de vida para que se torne numa pessoa tóxica, logo, temos sempre duas soluções: ou afastamo-nos de quem descarrega as suas frustrações em nós ou simplesmente tomamos consciência dos riscos que corremos ao aproximar-nos dessas pessoas para que possamos proteger-nos.
 
O principal dano que as pessoas tóxicas nos causam é o contágio. É impossível conviver com alguém tão negativo e destrutivo sem que passemos a ver a vida dessa forma. Por muito que lutemos contra, é inevitável devido à força dessa negatividade e destruição, afirmam os cientistas.
 
As pessoas com comportamentos tóxicos são profundamente infelizes devido ao seu passado e percurso e não aceitam que os outros consigam ser livres e felizes. “Agarram-se a nós e fazem de tudo para que percamos o que possuímos, em especial a força, a motivação e a alegria de viver”, logo, quando optamos por manter-nos perto de pessoas assim, temos forçosamente de tomar consciência desse facto, estabelecer limites, ignorar o que nos fazem e dizem e reunir forças para prosseguir a nossa vida, mas «é uma tarefa muito difícil e que requer pensar até que ponto compensa…», analisam os especialistas na área da psicologia.
 
Outro ponto essencial a reter é que as pessoas tóxicas sentem satisfação em criar conflitos, têm prazer em estragar os momentos e os ambientes e em perceber que os outros ficam infelizes e afetados. “Espalham veneno e esperam pelos resultados que são sempre prejudiciais para os outros e benéficos para quem se sente bem com o mal dos outros”, explicam.
 
O problema é que, quem não é assim passa a sofrer de muito stress, angústia e depressão, o que lhe compromete a qualidade de vida e, sobretudo a saúde mental, alertam os cientistas.
 
São muitos os estudos que mostram que, «o stress pode ter um impacto negativo e irreversível no cérebro. Mesmo com poucos dias de contacto com uma pessoa tóxica, «a exposição ao stress compromete a eficácia dos neurónios no hipocampo, uma importante área do cérebro responsável pelo raciocínio e pela memória». Ao perdurar durante várias semanas, o stress danifica os dendritos (os pequenos “braços” que as células cerebrais utilizam para comunicar entre si). Se continuar por vários meses, o stress pode destruir permanentemente os neurónios, esclarecem os cientistas.
 
Um trabalho de investigação recente do Departamento de Psicologia Biológica e Clínica da Universidade Friedrich Schiller, na Alemanha, descobriu que a exposição a estímulos que causam fortes emoções negativas – o mesmo tipo de exposição que se recebe ao lidar com pessoas tóxicas – fez com que o cérebro dos indivíduos tivesse uma forte reação ao stress.
 
Assim, seja através da negatividade, da crueldade ou do vitimismo (entre outras estratégias), as pessoas tóxicas provocam no cérebro dos outros indivíduos um estado de stress que requer uma resposta emocional inteligente para desaparecer, resumem.
 
Para conseguir proteger-se e reduzir o impacto dessa negatividade, os especialistas recomendam que, «lide de forma inteligente com este tipo de pessoas, sendo essencial cultivar a capacidade de controlar as suas emoções e de manter a calma em situações de pressão.
 
Uma das maiores qualidades das pessoas que sabem lidar com o stress é a capacidade de neutralizar os efeitos das pessoas tóxicas. Como? Desprezando a opinião dessas pessoas, libertando-nos das críticas, da culpa, não permitindo qualquer tipo de manipulação, humilhação ou que as pessoas tóxicas ultrapassem os limites que estabeleceu para si e para o vosso contacto. Ao mesmo tempo, é crucial programar muito bem e com antecedência o encontro para que possamos estar alerta, não podemos idealizar que, desta vez a pessoa vai ser melhor e que não nos vaio provocar porque isso é falso e uma ilusão perigosa, tal como não podemos acreditar que a pessoa tóxica vai mudar e aprender a não esperar dos outros aquilo que eles não têm para lhe dar, por muito que isso custe. Assuma que está na presença de uma pessoa tóxica e que pode sempre decidir se quer continuar a conviver com ela e com que frequência e ambiente.
 
Admita que, as pessoas tóxicas fazem de tudo para colher a atenção dos outros, pelo que temos de fazer-lhes exatamente o oposto, ou seja, não lhes dar muita importância nem levá-las a sério. Respeitá-las apenas como seres humanos e não esperar nada delas.
 
É um facto que as pessoas não têm um selo na testa a dizer que são tóxicas, pelo que cabe a cada um de nós a inteligência e a habilidade de as observar antes de nos darmos demais ou antes de lhes abrirmos a porta do nosso coração. Neste ponto, é preciso reconhecer que, as pessoas tóxicas são muito manipuladoras, conflituosas, passam-se por vítimas, reclamam de tudo como se fossem capazes de fazer melhor, criticam os outros, humilham, estão sempre insatisfeitas com tudo, não se dão emocionalmente, controlam-nos a opinião, os gestos, os pensamentos e os sentimentos porque querem tudo para elas, não lidam bem com a felicidade e o bem-estar dos outros e ainda menos com casais felizes e famílias estáveis, bons profissionais e pessoas bem sucedidas. Tudo as irrita e só se sentem bem quando veem o outro mal, especialmente quem estava bem e perdeu o que tinha.
 
Ao mesmo tempo, é preciso registar que, qualquer um de nós sabe muito bem quem são as pessoas que nos provocam, que nos atacam, que encontram sempre um motivo para nos aborrecer, para nos deixar em stress, com mal-estar e estragar o ambiente, por isso, temos mesmo de ser lúcidos e conscientes para evitar que a sua ação nos atinja, realçam os cientistas.
 
Uma pessoa tóxica não desiste de ferir-nos, de atacar-nos e de nos provocar sensações negativas, pelo que temos mesmo de evitá-las a todo o custo, por muito que possam ser familiares, que estejam no nosso grupo de amigos ou colegas de trabalho. Aprender a ignorá-las é sempre a melhor solução, completam.
 
Seja assertivo em todos e quaisquer contactos, já que assim, estará sempre a proteger-se das ações tóxicas dos outros, mas seja particularmente vigilante com comportamentos que já identificou como destrutivos e que o magoam. Nos tempos atuais, já não se defende a ideia do aceitar passivamente e esperar que as pessoas mudem, que aprendam a respeitar-nos e aceitar-nos tal como somos, mas sim, a termos uma atitude preventiva. Sabemos que aquelas pessoas nos afetam a qualidade de vida, que invejam o que temos, que não lidam bem com a nossa alegria e felicidade e que até fazem de tudo para nos afetar, então temos que reagir e não permitir que concretizem o que pretendem e, isso consegue-se com muita inteligência, com respeito por nós mesmos, com consciência de que há pessoas assim e que esse é o seu único objetivo de vida e que não queremos entrar na sua rede.
 
Não temos de imitar e deixar-nos contagiar por este tipo de pessoas, mas sim, mudar a rota, olhar bem para nós, para quem nos trata bem, reunir uma boa autoestima e autoconfiança e desligar-nos de quem nos trata mal, concluem os mesmos entendidos.
 
“O desqualificador tem como objetivo controlar-nos a autoestima, fazer com que nos sintamos inúteis em relação aos outros para que, dessa forma, possa brilhar e ser o centro do universo.” -Bernardo Stamateas-