O trabalho em exposição documenta a recuperação da pesca do atum-rabilho na costa algarvia, após duas décadas de interregno, revelando a fusão de tradicionais armações com técnicas modernas introduzidas por uma empresa japonesa.
A pesca do atum-rabilho no Algarve esteve extinta entre 1972 e o início dos anos 1990, e a sua reativação foi impulsionada por uma empresa nipónica, sediada em Olhão há 30 anos.
“Combinando métodos de pesca tradicionais portugueses com tecnologia japonesa", a retoma veio criar um "património em rede", em que "saberes ancestrais se adaptam às exigências do mercado global”, salienta um texto sobre a exposição.
A mosta reforça esta relação - uma das imagens em destaque utiliza o Arquivo do Arraial Ferreira Neto, em Tavira, com o último atum pescado em 1972.
A técnica híbrida desenvolvida na pesca, documentada pela lente de Eduardo Martins, combina armações algarvias, redes japonesas e um método inovador de abate com uma cana de bambu e uma bala metálica, garantindo a morte instantânea do peixe.
A maior parte do atum capturado é destinada ao Japão, onde atinge preços elevados em leilões para sushi e sashimi, já que o consumo deste peixe no Algarve é residual, ficando praticamente restrito ao bife de atum.
"Património em Rede: um peixe, uma comunidade, dois países" mostra a tradição ancestral da pesca do atum no Algarve, impulsionada pela sua localização estratégica, e a sua atual relevância económica, especialmente no mercado japonês.
A exposição, que fica patente em Ílhavo até 25 de maio, será acompanhada por um programa de atividades, incluindo uma ação com jovens, em 23 de abril, e outra para famílias, em 26 de abril, seguindo depois para Olhão, onde será inaugurada no final do mês.
Há dois anos, Eduardo Martins inaugurou no Mira Forum, no Porto, a exposição “Nelayan: Vontade em Trânsito”, sobre o quotidiano da comunidade indonésia que trabalha no setor das pescas em Caxinas, Vila do Conde, culminando um trabalho documental de ano e meio.
Lusa