São muitos os filhos que enfrentam a desaprovação dos pais face à pessoa que escolheram para casar.
Na posição dos especialistas nesta área, os principais motivos que estão na base dessa desaprovação são:
- O medo de perder os filhos
Muitos pais imaginam que, quando os filhos se autonomizam e preparam a saída de casa, vão desaparecer das suas vidas, pelo que, fazem de tudo para prejudicar a relação como maneira de manterem o filho ou a filha sob o seu controle. Nesse sentido, é frequente que o pai ou a mãe usem termos depreciativos em relação ao gebro ou à nora de modo a pressionarem o filho ou a filha a permanecerem em casa e sob a sua alçada.
Estes pais são muito dependentes dos filhos e, só uma atitude madura e responsável por parte dos descendentes é que pode alterar este cenário. Note-se que, em muitos casos, esta pressão parental dá lugar a muitos problemas no relacionamento e, também não são raros os casos em que ocorre o fim da relação.
É importante que os filhos saibam muito bem o que querem e que “enfrentem” os pais, sob pena de viverem este problema em todas as situações em que queiram partilhar a sua vida com alguém. É evidente que o ideal é que os pais entendam que não vão perder o filho ou a filha, mas sim ganhar mais um elemento na família e que se esforcem por manter uma boa relação também com a nora ou com o genro. Quando tal não acontece, são muitas as famílias que se desmembram e sem necessidade, pelo que, uma boa conversa, o estabelecimento de limites e uma atitude firme dos mais novos é fundamental, recomendam os entendidos.
- O preconceito
Este é o segundo motivo pelo qual muitos pais não aceitam o casamento dos seus descendentes: o facto de o filho ou filha estar com uma pessoa diferente daquela que os progenitores estavam à espera, a pertença a um grupo social distinto, ter menos recursos económicos, pertencer a outro grupo étnico, ser mais novo ou mais velho, ter outra religião, modo de vestir, entre outros. Nestes casos, é importante que os filhos adotem, mais uma vez, uma postura madura e que expliquem aos pais que, aquela é a pessoa que amam e com quem querem partilhar a sua vida. Cabe aos filhos a decisão e a escolha da pessoa com quem se querem casar e os pais devem entender e aceitar esse facto, por muito que isso implique que tenham de mudar algo na sua forma de estar e de pensar. Também é importante que os pais percebam que, ter uma boa relação com o parceiro ou parceira do filho ou filha, é a base para que mantenham a desejada proximidade com os descendentes, caso contrário, correm o risco de perderem um elemento que tanto amam.
Na posição dos especialistas, só os filhos podem ajudar a resolver essa situação, mais uma vez, com uma atitude consciente e capaz de mostrar a nova realidade aos pais. É ainda essencial que não fiquem a morar na casa dos progenitores e ainda menos que dependam deles financeiramente, uma vez que, esses aspetos só vão agravar a situação e o decurso da relação. A independência dita o estabelecimento de regras e de limites, situação que todos sabem e que, em muitos casos, também lutam contra, pois muitos pais usam os seus bens e heranças para chantagear e manipular as escolhas dos filhos. É imperioso que os descendentes também saibam lutar contra isso, alertam.
- A dificuldade em aceitar que os filhos cresceram
Muitos pais encaram os filhos como eternas crianças ou adolescentes e, quando estes lhes comunicam que vão casar, rapidamente os alertam para o facto de “ser muito cedo”, de eles não estarem preparados para dar esse passo ou de voltarem a tratá-los como “meninos” ou “meninas”, mesmo para que voltem atrás e que tenham medo de arriscar entrar numa nova vida. Os filhos têm aqui uma longa batalha pela frente de forma a mostrarem aos progenitores que cresceram, que são independentes, que são responsáveis pelas suas escolhas, que vão correr o risco de casar-se e que, se não der certo, que vão ter de reunir forças para recomeçar. Terão também de assumir que uma relação tem altos e baixos e que não vão poder estar sempre a chorar no ombro dos pais e a pedir apoio, pois é tempo de assumirem as suas escolhas e decisões, pois no fundo, é tudo isso que nos torna adultos, maduros, responsáveis e capazes de enfrentar a vida. Note-se que, a atitude dos filhos é que vai fazer com que os pais lidem da melhor ou da pior forma com o casamento e com a pessoa que escolheram para partilhar a vida.
Depois de tudo isto, é essencial que os filhos saibam respeitar-se e respeitar a pessoa que têm ao seu lado, sob pena de os pais interferirem demasiado no seio da relação. Manter alguma distância do colo da mãe é a base para que se encontre o conforto na pessoa com quem nos casamos e que queremos que permaneça ao nosso lado.
Nunca é demais evidenciar que, quando os filhos sabem ser “crescidos”, mais cedo ou mais tarde, os pais acabam por aceitar a pessoa com quem se casaram. Quando tal não acontece, os progenitores “ganham terreno”, interferem na vida do casal e destroem a relação, pelo que, os entendidos recomendam que tudo seja feito com base no diálogo aberto, na procura de um entendimento e, acima de tudo, que todos se respeitem o mais possível.
Por fim, é de apontar que, quando existe amor verdadeiro e um interesse genuíno em manter uma boa convivência familiar, os problemas minimizam-se e abrem-se várias janelas de oportunidade. Pais que sempre foram amigos dos filhos, aceitam as suas decisões e, filhos que querem manter a amizade dos pais, igualmente a constroem diariamente com muito afeto, paciência e compreensão.
Progenitores habituados a assumir uma atitude autoritária, negativa e destrutiva, vão enfrentar muitas dificuldades numa qualquer mudança dos filhos, pelo que, em muitos casos, é necessário recorrer a um apoio especializado para que se possa encontrar um ponto de equilíbrio familiar.
Há também casos em que a relação entre pais e filhos se torna complexa e impossível devido aos muitos prejuízos emocionais que acarreta. Seja qual for o caso do leitor, esteja no lado de pai ou de filho, certifique-se de que fez o seu melhor e tudo o que estava ao seu alcance para tentar manter uma boa relação, pois caso não o consiga, essa será a sua base de segurança para que se sinta mais confiante e tranquilo com a sua decisão e com o decurso dos acontecimentos.
Registe ainda que, os problemas familiares existem desde sempre e vão permanecer no tempo porque implicam gerações distintas e formas de estar e de pensar diferentes. O que minimiza os conflitos é o respeito por nós próprios e pelos outros, a vontade de manter a relação e os sentimentos que nos unem. Sem esta definição, é fácil que cada um siga o seu caminho. Com as emoções que a relação envolve, faz-se de tudo para manter uma boa convivência familiar e para que a paz impere.