Desde o ato do nascimento, as crianças passam por diferentes fases sendo que, a qualidade da relação com os pais desde o início é determinante para manter uma boa convivência.
Muitos pais queixam-se que, quando chegam à adolescência, os filhos deixam de conversar com eles, de lhes pedir ajuda, conselhos, de desabafar, de contar como foi o dia na escola e daí por diante.
Efetivamente, os jovens passam por mudanças que se manifestam no aspeto físico, mas também emocional e comportamental, pelo que, particularmente na fase da adolescência, é comum que tendam a fechar-se mais e a recorrer aos colegas e amigos para satisfazerem as suas dúvidas, o que é natural, contudo, os especialistas em comportamento humano dizem que, apesar de existir essa maior autonomia e necessidade de partilha e afirmação com os pares, «é fundamental que não se perca a relação com os pais».
Os pais podem e devem aconselhar os filhos, encaminhá-los, protegê-los e, não é por eles estarem mais crescidos, com a voz mais grave e com um corpo diferente «que deixam de precisar de amor, carinho, diálogo e compreensão, mas é preciso chegar-lhes e saber o que dizer», sugerem.
Muitos pais tendem a criticar os jovens pela forma de vestir, comparam-nos aos outros, muitas vezes de forma depreciativa, chamam-lhes nomes, tecem críticas destrutivas face aos seus amigos, gostos e preferências e sentem muita dificuldade em perceber que, os jovens não os querem provocar, magoar ou ferir, mas sim, estão numa fase de afirmação e de mostrarem que já não são crianças.
Este processo é muito importante para que os jovens construam a sua identidade e que, aos poucos, se vão preparando para ser adultos, mas nem sempre colhem a aceitação, o respeito, o amor e o carinho dos pais, alertam os entendidos.
Seja pela educação que também receberam pouco dada ao diálogo, ao afeto e à compreensão, seja por traços de personalidade ou por desconhecimento do que realmente é a adolescência ou por não aceitarem que os filhos não vão ser crianças e ainda menos obedientes ao longo de toda a vida, muitos progenitores acabam por afastar os filhos do seio familiar e, tal ocorre com mais frequência na fase da adolescência.
Para reverter esta situação, torna-se imperioso que os adultos incutam algumas regras simples, mas essenciais como sendo, fazer as refeições; pelo menos o jantar em família, sem ecrãs e só com disponibilidade para conversarem, que falem acerca do vosso dia para que o jovem também se sinta motivado para fazê-lo, que não critiquem os comentários e comportamentos do jovem de forma destrutiva, já que isso vai inibi-lo de continuar a conversar, que mostrem interesse e respeito pelos seus assuntos porque essa é a base fundamental para que o jovem se liberte e que confie nos pais, que não contem os segredos do filho a outras pessoas e ainda menos na sua presença, uma vez que isso vai arrasar a confiança e a continuidade de uma convivência saudável. Também é importante que os pais não falem do filho a outras pessoas e ainda menos com sentido pejorativo e na sua presença e que tentem resolver os problemas em família, ouvindo, aconselhando e acatando também as ideias do filho que é parte integrante da família e merece ser respeitado.
Os pais precisam de acreditar e de registar de uma vez por todas que, se falarem abertamente com os filhos, se os respeitarem, se os chamarem a si para ouvi-los sem críticas destrutivas, mas com amor, carinho e compreensão, todos os jovens gostam de conversar com os seus adultos de referência. «O problema é que muitos pais insistem em não descer ao nível dos filhos, em criticar-lhes as escolhas, os namoricos, exigem uma profissão, um comportamento exemplar e características semelhantes às suas e, efetivamente, tal não acontece porque cada ser humano é único e especial; não há duas pessoas iguais e o respeito é a única garantia de que as relações são positivas e saudáveis».
Mesmo mais crescido, aquele ou aquela jovem é seu filho/a, por isso, veja-o como um amigo, construa uma relação para a vida com amor, carinho, diálogo aberto e sincero, sem criticar os erros porque todos falhamos, sem lhe apontar o que ainda não sabe, mas ensine-o, ajude-o a melhorar-se diariamente para que possa ultrapassar os problemas, e tenha muita paciência para que ele também lhe possa retribuir esses sentimentos e valores, aconselham os especialistas em comportamento humano.