Quando acordar é um martírio

A maioria de nós já viveu este cenário, mas, quando o mesmo é recorrente temos de tentar perceber o que se passa.

 

Segundo os especialistas na área do sono, quando temos muita dificuldade em levantar-nos da cama, ficamos irritados por ser a hora de acordar, desligamos sucessivamente o despertador e adiamos o momento de saltar para o dia, estamos perante um fenómeno que se designa por dysaina.

 

Depois de uma semana cansativa e exigente, são muitas as pessoas que sentem necessidade de descansar um pouco mais e de permanecer mais tempo na cama, o problema é quando a relutância em despertar acontece diariamente ou com muita frequência, já que isso pode indicar uum transtorno que precisa de ser tratado.

 

A dysania é um termo pouco conhecido que se refere à dificuldade que muitas pessoas sentem em levantar-se da cama e que até permanecem nela durante mais tempo do que o recomendado. Todos nós sabemos quantas horas precisamos de dormir diariamente para que nos sintamos bem, logo, tudo o que ultrapasse esse limite, é excessivo, por muito que tenhamos sono ao acordar, explicam os entendidos nesta matéria.

 

Normalmente, este fenómeno é acompanhado por diversos sintomas tais como: problemas de natureza física ou emocional.

 

A dysania também pode estar ligada a distúrbios do sono. Pode ocorrer devido à insónia ou alterações no ciclo de vigília do sono. Acima de tudo, pode ocorrer em pessoas que trabalham por turnos ou que têm muitas preocupações que alteram e dificultam os momentos de descanso. Este sintoma também pode estar associado a distúrbios afetivos, ser o produto da ansiedade, baseada em preocupações excessivas com o futuro. E, como sugere o psiquiatra Mark Salter, do Royal College de Psiquiatras, “é um comportamento que às vezes é observado naqueles que sofrem de um transtorno depressivo, que é diagnosticado com muita frequência”.

 

• Necessidade de voltar para a cama imediatamente após deixá-la.

• Forte preocupação ao pensar em ter de se levantar.

• Constante sensação de cansaço ou fadiga.

• Mau humor.

• Irritabilidade.

• Falta de apetite sexual.

• Abulia, ou falta de capacidade de fazer alguma coisa.

• Estar sob pressão.

Além disso, a dysania implica um desconforto significativo porque afeta as diferentes áreas de vida, como sendo pessoal, familiar, profissional e social.

 

O primeiro passo para combater a dysania é identificar a sua presença e frequência. Se a falta de motivação é diária, se é um drama levantar-se da cama, reagir ao dia, às atividades e, se depois de acordar ainda fica irritado e deseja voltar para a cama, já faz sentido pedir ajuda a um psicólogo, psiquiatra ou especialista na área do sono.

 

A dysania é um sintoma que, juntamente com outros, pode constituir o quadro de um distúrbio, sendo os mais comuns, os transtornos do humor ou do sono.

 

Para além do apoio especializado, é recomendado que a pessoa faça alguns exercícios de   promoção do autoconhecimento para que consiga perceber o que se poderá estar a passar consigo. Entender quando é que perdeu a motivação e o interesse em acordar, o que a preocupa e que faz com que queira desligar-se do mundo, como gostaria de ocupar os seus dias, se sente prazer em estar com outras pessoas, em realizar atividades e que tipo de iniciativas e daí por diante. Quando nos conhecemos melhor, torna-se mais fácil lidar com os problemas e encontrar as soluções, sublinham os especialistas.

 

É fundamental que mudemos os nossos hábitos diários de forma a garantir que desfrutamos de um sono reparador e, para isso, é imperioso que: pratique diariamente exercício físico, que organize os seus dias de forma a sentir-se útil e num ambiente minimamente seguro e controlado, que faça um plano diário de atividades, que tenha algum tempo de relaxamento e de lazer, que se rodeie daqueles que ama, que possa conversar com pessoas confiáveis, que aprenda a viver mais o presente e a gostar de si e que não se esqueça de manter um estilo de vida saudável com uma alimentação equilibrada.

 

 Apreciar as coisas belas da vida, valorizar os pequenos momentos e gestos, é também um aspeto importante a cultivar, tal como fazer escolhas, evitar situações desagradáveis e contactos tóxicos também o vai ajudar a desfrutar de uma vida mais prazerosa e com qualidade.

 

Por fim, não se esqueça que, o que fazemos antes de ir para a cama determina muito a qualidade do sono, por isso, procure relaxar, desligar-se das preocupações do dia, planear a manhã seguinte, mentalizar-se de que um novo dia lhe trará um novo olhar sobre uma situação, afastar-se dos ecrãs um bom tempo antes de dormir e, se depois de tudo o que leu, continua a ter vontade de permanecer na cama, não hesite em pedir ajuda especializada.