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Psicologia enumera requisitos para ser feliz

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Segundo a Psicologia Positiva, muitas pessoas não conseguem ser felizes porque não sabem verdadeiramente o que é a felicidade.

Durante muitas décadas, acreditou-se que, para alcançar um estado de felicidade era necessário passar por um conjunto de desafios e etapas. Concluir um curso, conquistar um emprego, ser pai ou mãe, ter uma casa e daí por diante era a base para que um ser humano se pudesse considerar feliz. Reunidas as condições dadas como elementares, supostamente a nossa vida seria “um mar de rosas”, não teríamos problemas porque estava tudo assegurado e era só manter o que se conquistou. O problema é que, mesmo com tudo isso, a infelicidade teimava em surgir.
 
Ao mesmo tempo, a psicologia dedicou-se a estudar e a tratar os problemas psicológicos para evitar que o indivíduo tivesse tais condicionalismos que o impedissem de ser feliz e de conquistar aquilo que pretendia.
 
Nos últimos anos, a Psicologia Positiva tem-se focado nas características e estados psicológicos positivos das pessoas com vista a contribuir para o encontro da felicidade.
 
Sabe-se hoje que, na base da felicidade estão o sentido de humor, o afeto, a resiliência, o amor, a harmonia e a gratidão que constituem aspetos psicológicos capazes de ajudar-nos a alcançar as nossas metas e a transformar os momentos negativos em positivos.
 
A grande questão reside no facto de ser difícil manter esse conjunto de ingredientes no tempo para que possamos prolongar o estado de felicidade e, nesse contexto, a Psicologia Positiva fala de uma mudança de mentalidades que passa por aprender a viver diariamente de uma forma mais criativa e direcionada para o otimismo, para a crença de que somos sempre capazes de fazer melhor, de acreditarmos mais em nós mesmos e de procurarmos companhias à altura desses desejos.
 
Ao construirmos uma nova forma de encarar a vida e as situações, naturalmente procuramos pessoas mais compatíveis connosco e com o nosso estilo de vida e permitimo-nos viver mais momentos de prazer e de bem-estar, explicam os especialistas.
 
Quem fica à espera de reunir um conjunto de conquistas para ser feliz, dificilmente encontrará o estado de felicidade, tal como quem projeta a sua vida numa meta para que consiga sentir-se merecedor dessa alegria, explicam.
 
«O importante é que consigamos pensar de forma a que, todos os dias encontremos motivos para sermos felizes, pois só assim conseguiremos prolongar esse bem-estar no tempo». Trata-se de um tipo de felicidade moderada que contempla a valorização das pequenas conquistas, a capacidade de apreciar um momento, de desfrutar do afeto de quem amamos, de dar um significado especial a uma paisagem ou de reconhecer um gesto de alguém, completam.
 
Com um conjunto de emoções positivas que evidenciamos diariamente, «torna-se possível manter um estado de felicidade, conforto e bem-estar, para além da saúde física, mental e emocional», sublinham. «Não temos de definir a felicidade como um momento de euforia, explosivo, em que somos realmente «o máximo» e que nos sentimos as pessoas mais felizes do mundo, mas sim, aproveitar um momento de cada vez e permitir que, pequenas coisas, nos envolvam em grandes momentos de prazer, explicam.
 
Ao mesmo tempo, os especialistas lembram que, ninguém é portador só de emoções positivas ou negativas e, «também temos de estar preparados para os momentos menos bons que todos temos. É importante assumir que estamos tristes quando algo de menos positivo nos acontece, que perdemos alguém querido, que tivemos de mudar de emprego, que temos de enfrentar um problema de saúde. O essencial é que, mesmo nesses momentos, encontremos sempre o nosso ponto de equilíbrio e que saibamos interpretar e ressignificar o que nos acontece sem perder a esperança em nós mesmos e na vida, pois só assim conseguiremos ultrapassar as batalhas mais difíceis».
 
«É tudo uma questão de mentalidade e de atitude. Tentar retirar o positivo de cada situação, mesmo quando parece que não existe nada de bom. Muitas vezes, temos de mudar de direção, concentrar-nos noutra área de vida até que consigamos aceitar o que nos ocorreu, mas também essa opção, para além de inteligente, oferece-nos alguma harmonia e prazer de viver porque as emoções negativas fazem parte de nós e temos de as encarar de forma natural, apesar de não as desejarmos. Quanto mais pensarmos assim, mais maturidade desenvolveremos e mais preparados estaremos para continuar a viver e a manter um estado de felicidade, explicam os cientistas.
 
Segundo a psicologia, a felicidade é um estado de espírito, um estado emocional e um estado mental. Para definir se uma pessoa é feliz, temos de ter como referência as suas emoções e o grau de prazer ou desprazer que as mesmas lhe provocam.
 
As pessoas mais felizes não são as que experimentam emoções prazerosas mais intensamente, mas as que têm emoções positivas com uma intensidade moderada de forma frequente. Os momentos gratificantes de alta intensidade são pouco comuns, até para as pessoas mais felizes. Por isso, a felicidade está associada a um sentimento de plenitude interna e de bem-estar psicológico, resumem os mesmos especialistas.
 
O sentimento de felicidade é sentido pelas pessoas que valorizam emoções positivas com uma intensidade moderada de forma frequente. Pelo contrário, as pessoas que estão recorrentemente insatisfeitas e que reclamam de tudo, acabam por reunir tanta negatividade que não conseguem ver o lado positivo da vida, das pessoas e das situações e, segundo a psicologia, são profundamente infelizes.
 
Por seu turno, as pessoas que andam sempre à procura daquele estado único e máximo de felicidade, acabam por nunca encontrar a paz interior, o bem-estar e a harmonia. Mudam constantemente de amigos, de relações, de emprego, às vezes até de cidade ou de país porque não se sentem bem em lugar algum e porque querem sempre mais e mais prazer. Isto não é felicidade, muito pelo contrário, leva-nos a estados de profunda tristeza, frustração e infelicidade porque nunca conseguimos o que queremos. Idealmente temos de valorizar o que vamos conquistando, sem esquecer de nos valorizar-mos a nós mesmos também e de aproveitar cada dia como único e especial, digno de vários momentos de prazer, evidenciam os especialistas nesta matéria.
 
Também há pessoas que não conseguem ser felizes porque não se consideram merecedoras desse estado. Não aceitam oportunidades, não valorizam momentos, não estão com pessoas que amam e cujo sentimento é recíproco porque se desvalorizam de tal modo que não conseguem aproveitar o que são e o que têm. Este é um erro tremendo, alertam os psicólogos.
 
Depois, também há quem tema ser bafejado pela felicidade porque podem surgir momentos de infelicidade, pelo que acabam por pouco viver, por não se libertar e por permitir que estas crenças limitantes as impeçam de ser felizes.
 
Na mesma sequência, também existem pessoas que usam como referência um momento em que foram muito felizes e que, quando não conseguem repeti-lo, deixam de valorizar a situação por não se assemelhar à anterior. Esta também é uma perda de tempo e de energia que deve ser ultrapassada, tal como as demais crenças que só nos remetem para a infelicidade, para a falta de prazer e para o cansaço de viver, alertam os psicólogos.
 
Por fim, também merece um registo o facto de muitos estudos terem demonstrado que, as mulheres sentem mais emoções: com maior frequência e intensidade do que os homens. Dentre as emoções de valor negativo, elas costumam sentir mais medo e tristeza que eles.
 
É interessante analisar que muitas das discussões dos casais estão relacionadas com queixas que os homens têm das mulheres no geral e vice-versa. O sexo feminino queixa-se de que, o companheiro não expressa o que sente e que, por isso, não conseguem estar libertos numa determinada situação e aproveitá-la com a felicidade que merecem.
 
Por seu turno, eles lamentam a expressividade delas que, em muitos casos, consideram exagerada. Segundo os psicólogos, se homens e mulheres admitirem que são distintos, que sentem de forma diferente, mas que ambas são válidas, «certamente que conseguem reunir mais pontos em comum, encontrar-se mutuamente e encontrar mais prazer e felicidade no seu quotidiano».
 
Anote ainda que, é comum que cintamos muito prazer e satisfação quando alcançamos um objetivo ou concretizamos algo muito desejado, mas se não soubermos lidar com esse sentimento, para além do imediato e momentâneo, ele pode desaparecer muito rapidamente.
 
Assim, para podermos atingir e manter um estado de felicidade frequente e de intensidade moderada, é preciso atribuir a cada acontecimento a sua devida importância. A moderação, o equilíbrio, a prudência e a relativização são aspetos fundamentais para poder lidar adequadamente com os nossos sentimentos, finalizam os mesmos psicólogos.