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Psicóloga ensina a tirar crianças dos ecrãs nas férias

Psicóloga ensina a tirar crianças dos ecrãs nas férias
Psicóloga ensina a tirar crianças dos ecrãs nas férias  
Foto Freepik
As tecnologias assumem um papel tão relevante na vida das crianças, jovens e adultos que é preciso criar alternativas.

Segundo a psicóloga Márcia Frederico, do Laboratório Inteligência de Vida (LIV), a base para retirar as crianças dos ecrãs é a negociação e o encontro de alternativas para que os mais novos se divirtam afastados das tecnologias durante alguns momentos do dia».
 
Em tempo de férias escolares, torna-se ainda mais difícil que crianças e jovens ocupem os dias com menos ecrãs, «mas temos de insistir, de ser criativos enquanto pais para evitar longos períodos de exposição».
 
Note-se que, muitos estudos apontam que, quando utilizados em excesso, os dispositivos digitais e o acesso a muitos conteúdos desajustados, «podem levar as crianças e jovens à depressão e a estados elevados de ansiedade», pelo que é importante reagir.
 
Também não nos podemos esquecer de que, muitos adultos são igualmente dependentes das tecnologias e que as utilizam em demasia no seu tempo livre, pelo que, as sugestões apontadas pela psicóloga, acabam por ser positivas para toda a família.
 
Márcia Frederico, diz à Globo que não adianta simplesmente proibir o uso dos ecrãs, impedir que os mais novos acedam a jogos e vídeos, por exemplo, «a base é a negociação e desenvolver ideias para que todos se divirtam num tempo de qualidade e afastados dos monitores, seja do computador ou do smartphone.
 

1. Sair de casa é sempre a melhor aposta.

Uma ida à praia, ao mercado, às compras pode ser um desafio interessante e divertido para todos. Os pais podem deslocar-se a pé com os filhos, apreciar a rua e a rotina das pessoas e chamar a atenção dos filhos para essa realidade. Podem apreciar as árvores, fazer um jogo com elementos observáveis no passeio e preencher o tempo à procura de letras nas matrículas dos carros, por exemplo, o número de pessoas que andam de bicicleta, os nomes dos edifícios e daí por diante. O importante é que não recorram aos ecrãs durante esse tempo de descompressão e que todos se interessem por informações novas e diferentes, pois o mundo virtual afasta-nos muito do mundo real e temos de o manter nem que seja através da brincadeira.
 

2. Realização de tarefas em casa

Os mais novos, consoante a sua idade, devem ser chamados para ajudar nas tarefas domésticas: colocar a mesa, fazer a cama, colocar a roupa suja no cesto, limpar a casa de banho, preparar uma sobremesa, entre outras ideias que podem estimular a criatividade.
 

3. Jogos de tabuleiro

Esta também é uma excelente opção para o tempo livre e que, naturalmente estimula a criatividade, a cooperação, a partilha, a criação de estratégias, o espírito de grupo e preenche-nos no tempo real e presente que é fundamental. Os jogos de cartas também são positivos, sendo que, o objetivo destes entretenimentos é afastar-nos dos ecrãs, mas também desenvolver outras habilidades em família, pelo que, os pais devem estar disponíveis para apresentar estas propostas aos mais novos, sejam crianças ou adolescentes.
 

4. Leitura ativa

Ler um livro em família também é uma tarefa muito apreciada pelos mais novos que podem aproveitar para brincar com a história. Uma leitura adequada aos jovens também pode surtir efeitos positivos quando os pais mostram interesse e envolvem-se no conteúdo. Depois, podem fazer um desenho ou um trabalho artesanal que ilustre a leitura, pintar, responder a um questionário sobre a narrativa e daí por diante.
 

5. Caminhar pela natureza

No final do dia ou logo pela manhã, é muito gratificante saírem de casa em família, caminharem pelo campo ou por outro local do vosso interesse, conversarem sobre os mais variados assuntos, fazere uma paragem para um lanche, para visitar algo e desfrutar de um tempo de qualidade em conjunto. Também está incluída uma ida à praia sem ecrãs para que possam apreciar a paisagem e a deslocação, descobrir um monumento ou um outro qualquer lugar de interesse na vossa zona ou onde passam as férias, sendo que, o importante é sair de casa, apanhar sol, ar no rosto, conviver e desenvolver habilidades sociais em família.
 
“Propor um tempo específico para o uso dos aparelhos eletrónicos é o caminho. A dica é oferecer uma outra atividade em troca”, afirma Marisa Frederico.
 
O cuidado que os pais devem ter não é à toa. Uma pesquisa da Universidade de San Diego, em conjunto com a Universidade da Geórgia, revelou que a exposição prolongada aos ecrãs, pode afetar a saúde mental de crianças e adolescentes e causar ansiedade, dificuldades de aprendizagem e diminuir a atenção.
 
Um outro estudo, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontou que o uso excessivo de ecrãs, está associado a uma diminuição da saúde mental em todas as faixas etárias. Em relação ás crianças, registam-se aumentos nos casos de depressão, pelo que, Márcia Frederico sugere que, se aposte no maior tempo possível fora dos ecrãs, sendo que, os passeios ao ar livre são sempre a melhor opção.
 
“Essas atividades ajudam a desenvolver habilidades socioemocionais das crianças e adolescentes, como criatividade e comunicação. Num jogo, com regras, aprendemos a questão do limite, o respeito ao tempo do outro participante, a ganhar ou perder, despertando crianças e adultos para que saibam lidar com os sentimentos”, finaliza.