A maior associação portuguesa de operadores de citrinos, a AlgarOrange, estimou hoje em 10% o aumento de produção do setor na campanha que terminou em setembro (2023-2024) em relação à média dos anos anteriores.
“A produção deste ano poderá ter estado cerca de 10% acima do ano normal”, disse à agência Lusa o presidente da AlgarOrange, José Oliveira, à margem da conferência que teve lugar hoje, em Faro, sobre o Balanço de Campanha dos Citrinos 2023-2024.
Segundo este dirigente agrícola, a última campanha “correu bem”, apesar dos problemas que os produtores tiveram de enfrentar, nomeadamente a falta de água e as pragas que atacaram as árvores.
José Oliveira previu, por outro lado, que “as expectativas para a próxima campanha [2024-2025] são muito idênticas àquela que terminou em setembro”.
As estimativas foram feitas a partir de uma amostra de um grupo de associados da AlgarOrange responsáveis por cerca de 30% da produção do Algarve.
Essa amostra representativa do setor indica ainda que, da totalidade de citrinos produzidos, cerca de 84% foram laranjas, 8% tangerinas e clementinas e 7% limões.
Dados apresentados na conferência indicam, no entanto, que a produção estimada para a campanha 2023-2024, 335 mil toneladas, ficou abaixo das estimativas feitas em 2022 baseadas em dados da União Europeia, que apontava para 462 mil toneladas.
Segundo a AlgarOrange, cerca de 74% da área e 88% da produção de citrinos do país está localizada no Algarve.
José Oliveira lamentou os impedimentos e entraves ao aumento da área de regadio e de plantação de citrinos, principalmente impostos pela falta de água no Algarve.
“Nós não estamos em plano de igualdade com outros setores, como o do turismo, que continua a fazer projetos e a inaugurar ‘resorts’. O setor da agricultura está impedido de fazer novos pomares”, disse.
O presidente da AlgarOrange assegurou que “existe a vontade” de aumentar a área de produção, mas neste momento os associados “estão completamente condicionados”.
José Oliveira referiu que a evolução do preço das laranjas é imprevisível, dependente das condições de um mercado internacional onde há muitos concorrentes.
“Provavelmente o desastre que aconteceu em Valência [Espanha] poderá ter influência nos preços, mas, por outro lado, temos as laranjas importadas do Egito e da África do Sul que também não sabemos exatamente” qual será o preço, afirmou.
Os associados da AlgarOrange representam cerca de 40% da produção de citrinos no Algarve e 30% da produção nacional.
Lusa