As férias são sempre um desafio para os casais e, neste apontamento vamos identificar os problemas e as soluções para que as mesmas sejam desfrutadas da melhor forma.
O facto de criarmos expectativas muito elevadas para as férias é logo o primeiro aspeto que pode prejudicar a convivência do casal.
Segue-se a necessidade de adaptação ao outro, uma vez que, ao longo dos restantes meses do ano, é comum que cada um tenha o seu tempo preenchido e que apenas passe algum tempo diário em família. Estar juntos 24 horas por dia pode dificultar a convivência e levantar “defeitos” do parceiro ou parceira que, nos restantes meses passavam quase despercebidos.
Igualmente dá lugar a conflitos conjugais a escolha do destino, dos locais a visitar, a gestão do tempo e aquilo em que se deseja participar nesse período de descontração.
De acordo com os terapeutas de casal, as férias podem afetar de alguma forma a relação porque exigem quase como que uma nova adaptação àquela pessoa, ao cenário novo onde se vai estar, às refeições, aos locais a visitar, ao tipo de diversão que se pretende, ao cuidado com os filhos quando estes existem e a criação de uma nova rotina, pelo que, naturalmente temos de dar uma atenção redobrada a este tema e minimizar os pontos menos positivos.
Naturalmente que, a qualidade do relacionamento determina o prazer das férias em conjunto. Um casal que, ao longo de todo o ano mantém uma relação próxima, afetuosa, participativa nas diferentes tarefas diárias, que divide as responsabilidades com os filhos e, sobretudo, que estabelece um diálogo franco e sincero, terá muito menos problemas em estar com quem ama seja por uma semana ou um mês, explicam os especialistas.
Contudo, nem todos os parceiros o fazem e aguardam pelas férias para poderem estar em família, por idealizarem os seus dias, os momentos, as emoções, os desafios, mas nem sempre contabilizam as dificuldades, os imprevistos e as responsabilidades que vão ter de assumir.
Neste contexto estão também os casais sem um tempo diário para conversar e para decidir em conjunto o local e a forma como desejam passar esses dias em família, pelo que, quando se confrontam com a realidade, acabam por não saber como reagir ou por fazê-lo da forma menos correta.
Idealmente as férias devem ser planeadas em conjunto, tendo em atenção os gostos de ambos, os interesses da família e uma definição do papel de cada um durante esses dias. A que horas se vão levantar, onde vão e o que vão fazer são respostas que devem ser dadas antes de partir.
Também deve ser dado um espaço para que cada elemento tenha algum tempo sozinho e a fazer algo que lhe dá prazer, sem descurar a organização e as suas responsabilidades perante a família.
Planear as férias antes de sair de casa deve fazer parte dos requisitos familiares antes de uma qualquer deslocação para que todos saibam minimamente com o que contam e para que possam ajustar as suas expectativas à realidade, aconselham os entendidos.
É evidente que também se pode e deve dar largas à imaginação e desfrutar de uma saída improvisada e surpresa, o que acontece quando o casal gosta desse tipo de aventura, mas no essencial, todos devem fazer parte do planeamento para evitar desilusões que estraguem esse período de interrupção da rotina diária.
Quando a viagem se alarga a outros membros da família ou amigos, o planeamento também deve estender-se a todos, sob pena de se instalar uma enorme confusão e de ninguém aproveitar o que deseja, alertam os entendidos destacando que, em muitos casos, há problemas devido ao tipo de relação que se estabelece com essas pessoas (o medo de enfrentar ou de contrariar os pais e ter de aceitar tudo mesmo colocando em causa os interesses da parceria amorosa e dos filhos, a falta de liberdade para sugerir os locais que gostaria de visitar, facto que coloca em causa o compromisso entre o casal, como ocupar as crianças, gerir o tempo livre, o tempo do casal e daí por diante), sob pena de não gozarem de férias, mas de uma “escola de rancores”.
É importante admitir que, a maioria de nós tem mais paciência para os pais, primos, tios e amigos do que para o/a parceiro/, com quem tendemos a ser mais exigentes e bruscos. Ao reconhecermos esta realidade, torna-se mais fácil equilibrar melhor a atenção que se dá ao outro, aos filhos e aos amigos, sob pena de as férias serem um tormento e uma fonte de mal-estar.
Também é um facto que é mais fácil querer agradar a um amigo do que ao parceiro ou aos filhos e que nem sempre estamos à altura do que a pessoa amada espera de nós porque temos de dividir a atenção com muitas pessoas. Em muitos casos, seria importante “treinar” bem a convivência com o/a companheiro/a antes de entrar numa aventura com muitas pessoas, pois ao conhecerem-se melhor, haverá mais confiança e estabilidade para depois organizarem umas férias com mais pessoas, mais gostos, diferenças e exigências, aconselham os especialistas.
Por fim, retenha que, não é inevitável que ocorra uma crise de casal nas férias, mas que a probabilidade aumenta à medida em que não estamos preparados para gerir tudo o que nos é exigido e, quando não tomamos consciência daquilo que podemos melhorar, da forma como encaramos a pessoa que está ao nosso lado que, talvez esteja mais relaxada nesses dias e que precise de mais apoio e compreensão, que afinal não é um drama dormirem até mais tarde e perderem uma sessão ou visita, tudo se torna mais fácil e agradável.
Se colocarmos a nossa família acima das férias, dos locais e dos restaurantes, certamente que vamos reunir tolerância, compreensão, apoio mútuo, muito diálogo, acertos e mudanças de planos, de forma a não perdemos o sentimento que nos une, o prazer de estar em família e a riqueza de estar fora de casa com quem amamos.
Sem esta conciliação, é provável que o casal seja colocado à prova e que possam surgir marcas negativas das férias em família, concluem.