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Principais características dos pais manipuladores

Principais características dos pais manipuladores
Principais características dos pais manipuladores  
Foto Freepik
A ciência reuniu 7 sinais que demonstram que uma pessoa foi criada por pais manipuladores.

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No topo da lista estão os problemas de ansiedade, a baixa autoestima e a raiva acumulada, mas há mais consequências para a saúde física e mental.

O impacto de ser criado por pais manipuladores é frequentemente negligenciado. Assumimos que, ao atingir a idade adulta, todas as dinâmicas negativas vividas no seio familiar desaparecem, dissolvem-se e perdem relevância automaticamente. Mas isso não é assim. As marcas do controle psicológico prevalecem e alteram muitas camadas da personalidade e da identidade humana, afirmam os especialistas nesta matéria.

Crescer na presença de um pai, uma mãe ou ambos dominadores, naturalmente que acarreta uma diminuição significativa na autonomia. Por norma, os filhos mesmo com 30 ou 40 anos, não conseguem tomar decisões, sentem-se inseguros, vivem relações instáveis, sentem-se pouco confortáveis enquanto pais, sem esquecer que, não conseguem fazer escolhas importantes sem consultarem os progenitores, o que acarreta muitos prejuízos para o namoro ou casamento, na profissão e nas demais áreas de vida.

Atualmente, os “pais helicóptero” mostram sinais claros de manipulação e controle sobre os filhos, apesar de estarem carregados de boas intenções, de quererem protegê-los e dar-lhes o melhor, mas acabam por sufocá-los e por impedir que cresçam responsáveis, conscientes, que amadureçam e que se autonomizem, alertam os especialistas em comportamento humano.

A parentalidade deve basear-se no afeto e na proteção, mas também na capacidade de dar ao mundo pessoas independentes, felizes e maduras. Os pais manipuladores não educam para a felicidade, mas com base na coerção e na repressão.

Num estudo publicado na revista Frontiers in Psychology, os investigadores  destacam que os “pais helicóptero” apresentam exatamente esse padrão superprotetor que assenta no controle quase absoluto da vida dos filhos. O padrão não é novo, mas dado os prejuízos para o bem-estar físico e psicológico destas crianças que crescem completamente dependentes dos pais, faz todo o sentido para a ciência que se aborde cada vez mais o tema.

Os cientistas da Liverpool John Moores University, apontam que a manipulação também é comum entre os pais narcisistas. As consequências dessas dinâmicas têm um impacto duradouro na idade adulta, afetando inclusive as esferas relacional e afetiva. A sombra dessas presenças tende a impedir que estes filhos mantenham relações saudáveis sejam elas de amizade, camaradagem e, acima de tudo, parcerias amorosas.

Para saber se foi criado por pais manipuladores, responda sinceramente a estas questões:

1. Sente dificuldade em tomar decisões?

Quando uma pessoa é criada num ambiente familiar que decide por si, naturalmente que aumentam as inseguranças e o medo de tomar decisões sejam elas mais ou menos importantes. O simples facto de iniciar um novo projeto, uma relação, aceitar ou declinar um convite, pode ser “um tormento” quando temos medo de assumir uma posição e de escolher o que queremos e até aquilo de que gostamos ou não.

2. Costuma comparar-se aos outros?

Apesar de tratar-se de um processo natural, as pessoas que foram criadas num ambiente dominador, passam a vida a observar o que os outros fazem para os poder imitar, acreditando que assim serão mais aceites e que vão conseguir integrar-se e reagir às situações. É quase como se usassem uma procuração para que os demais decidam em seu nome e que só se limitem a seguir os seus exemplos. Isto acontece porque os pais manipuladores estão sempre a comparar os filhos com os outros para mostrar-lhes que serão sempre menores do que eles, o que arrasa com a autoestima e faz com que os filhos permaneçam dependentes dos pais.

3. Sente-se digno de ser amado?

As pessoas que foram educadas por pais manipuladores sentem dificuldade em desfrutar do amor porque entendem que têm sempre de dar algo em troca para que sejam aceites. Estas condições normalmente são impostas num ambiente familiar tóxico, possessivo e pouco dado aos afetos, mas que ”comanda” as decisões de filhos que crescem sem saber amar e valorizar o mundo afetivo. Então  têm de ter dinheiro, poder ou algo que se destaque para que alguém possa gostar delas. Esta crença não as deixa desfrutar de uma relação plena e, se não for tratada, vai acabar por refletir-se em tudo e até quando esta pessoa for pai ou mãe.

4. Anda sempre à procura de reconhecimento?

Uma das consequências de ser criado por pais manipuladores é a necessidade de reforço externo que acaba por prolongar-se pela vida fora até que tome consciência e consiga alterar esta conduta. Até lá, é natural que muitas pessoas se afastem de si porque não suportam essa dependência e constante necessidade de valorização, medo de tomar decisões, tantas incertezas e dependência porque se sente inseguro, rejeitado, sem ambição pessoal, desvalorizado e daí por diante.

5. Tende a controlar os outros mesmo sem que se aperceba?

Os padrões de comportamento dos pais  são inconscientemente internalizados pelos filhos. Além disso, no caso de pais narcisistas, existe o risco de os filhos herdarem esse perfil, dado que existe uma relação genética. Estar ciente de que podemos estar a imitar o padrão dos nossos pais é o primeiro passo para começarmos a fazer algo novo, sustentam os entendidos nesta matéria.

6. Tem dificuldade em expressar o que sente?

Ser criado por pais manipuladores resulta, na maioria das vezes, em repressão emocional. Os filhos passam a acreditar que as suas emoções não fazem sentido e que devem escondê-las e desvalorizá-las porque os pais também fizeram assim e vivem. Ao abandonarmos o mundo emocional afastamo-nos de nós próprios e daquilo que nos torna humanos o que naturalmente acarreta muitas consequências, entre elas, o sofrimento diário que não se pode expressar.

7. É uma pessoa instável emocionalmente?

Os pais que controlam, manipulam e invalidam os filhos, carregam marcas de traumas psicológicos que transmitem aos seus descendentes que, por sua vez, também passam a ter de aguentar os seus por serem criados num ambiente destrutivo e negativo.

Isso significa que, ao atingir a idade adulta, a pessoa sofre de sérios problemas de regulação emocional e torna-se refém do stress e da ansiedade.

Após passarmos décadas num ambiente manipulador, criamos uma ideia errada de mundo, de sentimentos e acima de tudo, de nós próprios. Não tomamos consciência do que nos fizeram porque sofremos, mas consideramos “normal”, mas o corpo vai dando sinais de um desconforto cada vez maior, alertam os psicólogos.

Uma publicação na revista Personality and Individual Differences regista que, de alguma forma, todos nós usamos técnicas manipulativas. No entanto, há quem as pratique de forma nociva e com táticas muito sofisticadas, pelo que, só tomando consciência do que nos limita, indo ao fundo de nós próprios é que pode ajudar a iniciar um processo de cura e de libertação que nos será muito útil para desfrutarmos mais e melhor da vida.

Para começar já hoje a aliviar essa dor, siga estas dicas:

• Melhore  a sua assertividade.

• Trabalhe a sua autoestima.

• Treine a  inteligência emocional.

• Pratique a autocompaixão e o autocuidado.

• Apoie-se no seu próprio círculo social: amigos, parceiro e pessoas que, mesmo mais distantes, lhe possam ensinar algo positivo;

• Desenvolva estratégias que melhorem a autoconfiança.

• Aprenda técnicas para resolver problemas e tomar decisões.

• Estabeleça limites saudáveis com os seus pais. Decida se deseja continuar a vê-los e em que circunstâncias. Mas seja o leitor a tomar essa decisão e não eles.

• A terapia de aceitação e compromisso ou terapia EMDR permitirá abordar possíveis traumas.

• Dê espaço às suas emoções e valide-as. A raiva, tristeza, vergonha e angústia que sente pelo que já viveu são normais e aceitáveis, por isso, assuma-as e trabalhe-as, aconselham os psicólogos.