Saúde

Primeiro Centro de Saúde Universitário do País foi inaugurado em Loulé

Fotos - CM Loulé
Fotos - CM Loulé  
Abriu este sábado, o primeiro Centro de Saúde Universitário do país, na cidade de Loulé, num investimento de 7,3 milhões de euros, valor repartido pelo Município (65%) e Ministério da Saúde (35%). É um espaço de partilha, com várias valências integradas, nomeadamente a nova casa da Unidade de Saúde Familiar Lauroé, da Unidade de Cuidados de Saúde na Comunidade Gentes de Loulé e da Unidade de Apoio à Gestão do ACES e direção dos Cuidados de Saúde Primários da ULS Algarve.

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Segundo comunicado do Município de Loulé, o fator diferenciador da infraestrutura de saúde, é a Unidade Académica de Formação e Investigação em Cuidados de Saúde Primários, com espaços dedicados à formação pré e pós-graduada.

“Este será um centro onde a prática inspira a ciência — e onde a ciência transforma a prática”, frisou Rubina Correia, diretora clínica dos cuidados de saúde primários do Algarve, durante a apresentação da nova unidade.

Com salas de formação, de reuniões, uma sala de videoconferência e gabinetes de consulta para ensino e prática médica em contexto formativo privilegiado, “este Centro foi planeado para integrar o ensino, a prática e a investigação”. Permite acolher formações presenciais e à distância, estabelecendo pontes “com a Faculdade de Medicina do Algarve e com as mais prestigiadas escolas de medicina do país e do mundo, facilitando o acesso a professores e investigadores de referência internacional”, adiantou Rubina Correia, que considera que irá também “contribuir para a fixação de profissionais qualificados na região”.  O ABC - Algarve Biomedical Center ficará responsável por este núcleo, sendo esta uma cooperação entre autarquia, Universidade e ULS.

Durante a cerimónia de inauguração, o autarca de Loulé, Vítor Aleixo, anunciou que o Município irá destinar uma verba anual de 200 mil euros para criar uma bolsa de investigação clínica aplicada "Saúde em Loulé Aqui e Agora" .“Os médicos de medicina geral e familiar que trabalham no SNS no concelho de Loulé, e que queiram ligar o seu trabalho no dia a dia à investigação, aproveitando as mais-valias deste Centro de Saúde, poderão contar com este apoio anual”, explicou.

“O Ensino Superior e a Saúde caminham lado a lado”, sublinhou o reitor da Universidade do Algarve, uma instituição que atualmente já possui 1800 estudantes em diversos cursos na área da saúde e que "pretende chegar aos 3000 estudantes nesta área numa década, desde médicos, enfermeiros, terapeutas da fala, fisioterapeutas e nutricionistas”, referiu Paulo Águas.

Em nome da Faculdade de Medicina e do ABC – Algarve Biomedical Center, Paulo Castelo Branco, destacou as duas vertentes do Centro de Saúde. “A primeira, a melhoria da formação dos médicos, mas também dos enfermeiros e dos auxiliares. Dotar estas pessoas de melhores acessos à informação e à partilha do conhecimento irá melhorar a forma como estes profissionais de saúde executam as suas tarefas no dia a dia, o que terá um impacto nos utentes deste serviço. A segunda, a investigação. A investigação na área da saúde salva vidas!”, enfatizou. E adiantou ainda: “Da nossa parte tudo faremos para tornar este Centro de Saúde numa referência nacional e internacional”.

Para o responsável da ULS, Tiago Botelho, este edifício representa “um novo conceito de proximidade entre o ensino, a investigação e a prestação de cuidados de saúde”, e vem reforçar “a capacidade de resposta assistencial às populações”. Como tal, anunciou que no concelho de Loulé, a ULS Algarve “está a tomar decisões organizativas que irão permitir atribuir médico de família a mais cerca de 10 mil cidadãos que hoje em dia não o têm, ainda em 2025”.

A autarquia regista que A USF Lauroé, assegura atualmente os cuidados de saúde a 13.448 utentes, número que em breve irá aumentar para 15.250, com a integração de mais um médico e um enfermeiro. Esta unidade inclui também as extensões de Cortelha e Ameixial, é composta por uma equipa de 7 médicos, 7 enfermeiros e 6 assistentes técnicos, contando também com 4 internos de Medicina Geral e Familiar. "Os seus indicadores de desempenho nos últimos anos colocam-na no top dos melhores do pais", lê-se. 

A outra valência, a UCC Gentes de Loulé, que percorre as nove freguesias do concelho, abrange 71.791 utentes. Esta unidade apresenta uma das maiores redes de cuidados domiciliários da região, com 4 equipas de cuidados continuados integrados, que acompanham mais de 100 utentes. Desenvolve projetos como a preparação para o parto, a intervenção precoce, Saúde Escolar e Cantinho da Amamentação. Conta com uma equipa multiprofissional de 15 enfermeiros, 2 assistentes técnicos e vários profissionais especializados, como fisioterapeutas, terapeutas, nutricionistas e psicólogos e médico.

O edifício passa a albergar também suporte administrativo e logístico do ACES e das suas unidades funcionais.

Vítor Aleixo recordou o processo que levou a este dia inaugural, “uma história muito longa, de avanços e recuos”, que teve início em 2010, com a celebração de um protocolo entre o Município e a antiga ARS para construir na cidade um novo edifício para a saúde. Mas só em 2020 foi introduzida a componente de “Centro Universitário”, em que o projeto do edifício foi escolhido, após consulta pública de um concurso de ideias.

Ainda na área da Saúde, o Município reforça que neste momento já funciona em Loulé um Centro de Simulação Cirúrgica, destinado à formação dos médicos, e o primeiro Laboratório de Genética Médica, no acompanhamento de muitas doenças através de análises de genética, entre elas o cancro. Por outro lado, a servir não só o Algarve como o Alentejo, está também a ressonância magnética adquirida pela Câmara de Loulé, com o apoio da CCDR. Este equipamento, a funcionar em contentores provisórios junto do Pavilhão, irá relocalizar-se no novo edifício que irá nascer na Rua Humberto Pacheco, num terreno cedido pela autarquia, juntamente a PET-TAC, um equipamento de diagnóstico, e ainda com o Serviço de Procriação Medicamente Assistida, o segundo do país integrado no SNS (apenas existe um no Hospital de S. João do Porto), com diagnóstico genético pré-Implantatório.

“Estamos a construir este ecossistema porque queremos que as pessoas usufruam de mais e melhores cuidados de saúde, acrescendo-se ainda o objetivo de diversificação da base económica do Algarve. Não podemos continuar eternamente amarrados à atividade turística e imobiliária. O Algarve tem todas as condições para atrair jovens investigadores e clínicos, pessoas que querem trabalhar com condições”, sublinhou Vítor Aleixo.

É também nesse sentido que surge o investimento público no futuro Edifício Mariano Gago, um equipamento de investigação na área das ciências biomédicas, um investimento que rondará os 30 milhões de euros.

Por outro lado, a mesma fonte adianta que vai ser adjudicada em reunião camarária desta segunda-feira, o concurso para a recuperação do antigo Centro de Saúde, que agrega a Unidade de Saúde Familiar Serra Mar.