Sociedade

Presidente do Conselho de Geoparques da UNESCO visitou território do Algarvensis

 
Guy Martini, presidente do Conselho de Geoparques da UNESCO e responsável da Global Geoparks Network (GGN), esteve no Algarve entre 17 a 21 de janeiro, para inteirar-se do trabalho que está a ser desenvolvido no território do aspirante Geoparque Algarvensis, onde teve ainda a oportunidade de partilhar algumas experiências com a comunidade.

Na visita foi acompanhado pelos especialistas Elizabeth Silva, investigadora do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra/Polo da UTAD, e Artur Sá, Coordenador da Cátedra UNESCO de “Geoparques, Desenvolvimento Regional Sustentado e Estilos de Vida Saudáveis” da UTAD.
 
Além da visita aos locais, o representante mundial dos Geoparques reuniu-se com a equipa do aspirante a Geoparque Mundial da UNESCO, o Algarvensis, para aprofundar detalhes e deixar algumas sugestões para possíveis caminhos que possam ser importantes para a elaboração da candidatura algarvia.
 
Entre montes e valados, no território – Loulé, Silves e Albufeira - que ambiciona vir a ser reconhecido pela UNESCO como Geoparque, Guy Martini fez-se acompanhar pelos autarcas dos três municípios, pela coordenadora científica, Cristina Veiga Pires, e pelo coordenador executivo, Luís Pereira, e respetivos técnicos.
 
 
No final da visita o presidente do Conselho dos Geoparques Mundiais da UNESCO mostrou-se surpreendido com o que encontrou: “Encontrámos uma visão fantástica de desenvolvimento do território, líderes eleitos visionários que desejam desenvolver um projeto de Geoparque que fortaleça a identidade cultural da sua população, devolva o sentimento de dignidade e orgulho e trabalhe a coesão social. Ao unir uma rica história da Terra, que abrange os últimos 400 milhões de anos, com uma história humana de mais de 6.000 anos repleta de conhecimentos e práticas locais que são ativamente transmitidos às novas gerações, a visão para este projeto é de poder vir a criar uma nova economia sustentável, um desenvolvimento territorial que permita uma distribuição equitativa dos benefícios económicos do turismo massivo até agora concentrado na zona costeira”, sublinhou Guy Martini.
 
O responsável destacou ainda o papel das pessoas, “habitantes ativos na defesa das suas tradições, empenhados em transmitir às novas gerações o conhecimento dos seus ancestrais”.
 
Artur Sá, geólogo e enquanto coordenador da Cátedra UNESCO da UTAD, que tem apoiado este projeto, salientou como elemento diferenciador do território, “as ocorrências geológicas singulares nos permitem compreender momentos especiais da história no Planeta e da história de evolução da vida na Terra, mas integradas naquilo que é realidade atual, a biodiversidade atual; o que são as pessoas, a cultura, na componente tangível, os monumentos construídos e as questões materiais, e aquilo que é o elemento intangível, o saber fazer, o que nos diferencia”.
 
Entretanto, Elizabeth Silva, explicou que até novembro, a equipa terá de trabalhar para cumprir o prazo de entrega do dossier de candidatura, que deverá ser remetido à UNESCO e à IUGS (União Internacional das Ciências Geológicas). Se estas entidades atestarem a importância internacional de alguns dos geossítios que existem na região, como a descoberta do Metopossaurus, para além do envolvimento das comunidades locais em todo o processo, de seguida haverá uma visita dos avaliadores da UNESCO. “Não se trata de um projeto de mandatos políticos, mas de gerações. Nunca se tem a obra acabada, o território terá de ser constantemente dinâmico, vibrante e inovador”, completou Elizabeth Silva.
 
Também Guy Martini declarou que, mesmo que o Algarvensis fique integrado como Geoparque Mundial da UNESCO, “será um trabalho contínuo, que não vai parar”. “Um Geoparque é um território vivo, feito pelas pessoas, com as pessoas e para as pessoas, mas que nunca está acabado. Temos Geoparques no mundo que têm 24 anos e continuam a procurar novas formas que contribuam para um desenvolvimento territorial sustentável…”, disse. O responsável deixou ainda a mensagem, que encontrou todos os componentes necessários para desenvolver um projeto candidato à designação de Geoparque Mundial da UNESCO de qualidade exemplar.