Ambiente

Presidente da RTA revelou como setor turístico se adapta à falta de água

 
Sobre a questão da seca na região, e como esta pode afetar o turismo, o presidente da RTA, refere que a falta de água não é de agora, "é com preocupação que vemos passar anos, décadas e continuamos sempre com o problema por resolver".

André Gomes explicou que nesta matéria, desde 2019/20, "temos vindo a elaborar um plano de eficiência hídrica na região com uma forte componente de medidas e intervenções ao nível do setor do turismo, a que se junta um pacto da água, em que próprio setor propôs um conjunto de compromissos bastante relevantes, rumo à eficiência hídrica que se pretende para toda a região".
 
Ao Algarve Primeiro, avançou que neste momento há quatro campos de golfe regados com águas residuais tratadas: "quando muitas vezes ouvimos falar dos campos de golfe como grandes consumidores de água, posso dizer que esse setor consome cerca de 6% de água na região, e acrescento que já sofreram cortes de consumo a meio deste ano com a implementação de um conjunto de medidas para algumas zonas, em face da escassez de água que se verifica, que acabaram por cumprir em prejuízo próprio e de uma atividade tão relevante como o golf". A adaptação dos campos de golf face à nova realidade não pode esperar, e num espaço de um ano, há mais três campos que estão a ser regados com águas tratadas. A previsão é de que até 2026, a região passe a ter 18 campos de golf totalmente regados com recurso a águas residuais. 
 
Ao nível da hotelaria, André Gomes apontou para um estudo, que indicava que em 2022, mais de 73% do setor no Algarve, já tinha medidas implementadas no âmbito da eficiência hídrica, acreditando que até ao momento mais de 90% das unidades hoteleiras implementaram medidas a este nível. "Sublinho que há reuniões recorrentes e permanentes envolvendo todos os setores, quer do turismo, da agricultura, urbano, quer com responsáveis das entidades que gerem a água como a Agência Portuguesa do Ambiente, Águas do Algarve e o próprio Governo, num compromisso forte da região para combater a falta de água", assegurou. 
 
A sensibilização é uma das apostas para envolver habitantes e turistas, e nesse sentido, o presidente do Turismo do Algarve, adiantou que já foi feita uma campanha forte com a empresa Águas do Algarve, mas há outras que vão ser lançadas. Quanto aos turistas, a realidade diz que são cada vez mais exigentes com aquilo que são as boas práticas ambientais e de sustentabilidade. "Também a região aí, tem tudo a ganhar com a implementação destas medidas, porque os visitantes valorizam aquilo que é uma oferta sustentável por parte dos destinos, e nessa medida, tanto temos a sensibilização relativamente ao consumo, como a valorização da oferta, porque sabemos que os turistas procuram cada vez mais ofertas ambientalmente sustentáveis, falo dos empreendimentos turísticos, mas também das atividades de animação turística. Dou o exemplo do Zoomarine, que utiliza através de uma dessalinizadora a água do mar e outros empreedimentos de animação turística que estão a fazer investimentos ao nível da eficiência hídrica e reconheço que o setor turístico está a fazer o seu trabalho", notou. 
 
André Gomes sublinha que esses investimentos são uma necessidade que se tornou urgente, mas ao mesmo tempo, uma valorização enquanto destino turístico de excelência que se quer para o Algarve.