“Foi uma apresentação feita à pressa para um período pré-eleitoral, é apenas isso”, disse António Miguel Pina à agência Lusa, instado a reagir à estratégia nacional “Água que Une”, apresentada no domingo pelo Governo, em Coimbra.
Para o presidente da AMAL, associação que congrega os 16 municípios algarvios, a proposta, que conta com quase 300 medidas a implementar (algumas até 2050), “tem apenas o mérito de replicar ao país a estratégia do Algarve”.
A estratégia prevê um aumento da eficiência através da redução de perdas de água nos sistemas de abastecimento público, agrícola, turístico e industrial, a utilização de água residual tratada, a otimização de barragens e a construção de novas.
No Algarve, entre outros, está prevista a conclusão da modernização do aproveitamento do Alvor e estudos de viabilidade para a construção de duas barragens.
António Miguel Pina considera que a proposta do Governo “tem o mérito de desbloquear o preconceito que existia quanto à necessidade de criar mais retenções de água, chamem-lhes barragens ou açudes, ao longo do país”.
Contudo, adianta, é uma estratégia “não apresenta a solução” que está a ser reivindicada para o Algarve, que é a ligação do Alqueva, via barragem de Santa Clara.
“A nossa expectativa era a de que aparecesse neste documento a solução que estamos a reivindicar, daí não ver que aporte nada de novo para a região algarvia”, notou.
O também presidente da Câmara de Olhão considera a estratégia de eficiência do Governo, “uma réplica do Plano de Resiliência Hídrica do Algarve, que olha para a problemática da água por três vetores”.
“Trata-se da eficiência, com o combate às perdas e a melhoria dos usos, a reutilização das águas residuais e a criação de novas fontes de reservas, que elencam um conjunto de barragens”, apontou.
O presidente da AMAL criticou a proposta do Governo ao elencar um conjunto de possíveis barragens, “que aponta para uma verba superior a mil milhões de euros”, referindo que “sobre a sua fonte de financiamento, diz zero”.
Segundo a estratégia, os investimentos regionais dividem-se com 479 milhões de euros para o Tejo e Oeste, 448 milhões de euros para o Norte, 267 milhões para Vouga, Mondego e Lis, 156 milhões de euros para o Alentejo e 126 milhões de euros no Algarve.
Lusa