Em 2015 foram registados 46,8 milhões de pessoas com demência em todo o mundo e, em 2050 estima-se que o número se deverá situar nos 135 milhões.
Segundo os dados disponíveis, a demência é já considerada uma das principais causas de incapacidade e mortalidade no mundo: em 2016 foi a quinta causa de morte, sendo a mais comum a doença de Alzheimer.
As demências estão dentro dos chamados distúrbios neurocognitivos. As entidades clínicas que estão neste grupo caracterizam-se por produzir uma deterioração das capacidades mentais, com gravidade suficiente para afetar o funcionamento social e profissional.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), as demências caracterizam-se por produzir:
•Comprometimento da memória: a alteração na capacidade de registar, armazenar e recuperar informações. A perda de informação também se refere à família ou ao passado.
•A deterioração do pensamento e raciocínio: o fluxo de pensamentos e ideias é reduzido.
A longevidade é um dos fatores que contribuem para o aumento das demências. De um modo geral, vive-se mais, mas nem sempre com mais qualidade, afirmam os especialistas.
De acordo com vários estudos, foram encontrados diferentes fatores de risco que, por si só, não explicam o aparecimento da doença, mas quando combinados, dão origem a uma mistura explosiva que pode desencadear o fusível da doença de Alzheimer, são eles:
•A idade. Este é o maior fator de risco. A partir dos 60 anos, a cada 5 anos, o risco dobra. Assim, aos 60, 1% das pessoas podem sofrer de Alzheimer, enquanto que, aos 90, 28,5% podem sofrer desta demência.
•O sexo. Há duas mulheres com Alzheimer para cada homem. Isso pode ser explicado porque a expectativa de vida das mulheres é maior. A menopausa também tem muito a ver com isso: os estrogénios previnem a morte celular característica da doença. Com a menopausa, essa proteção desaparece.
•A genética. Os investigadores destacam o papel dos genes PPA, PSEN-1 e PSEN-2 no caso da doença de Alzheimer precoce (que ocorre antes dos 65 anos). Enquanto na doença de Alzheimer tardia, destaca-se o APOE4.
•O tabaco. Há algum debate sobre o papel que o tabaco desempenha no desenvolvimento da doença de Alzheimer, embora a maioria dos especialistas o aponte como uma variável que nos torna mais vulneráveis.
•Ter familiares com Alzheimer. 40% das pessoas com Alzheimer têm parentes que sofrem ou padeceram da doença. Ter um familiar que sofre da doença aumenta a probabilidade de a sofrer entre 2 e 7 vezes.
•Trauma cranioencefálico. O que foi demonstrado é que as pessoas que têm o gene APOE4 têm uma resposta menor após o trauma e um risco maior de demência após o trauma.
Perante estes resultados, nunca é demais apontar algumas orientações que podem ajudar a prevenir a doença, ou pelo menos a retardá-la. Assim, é essencial que aprenda algo novo todos os dias e que mantenha a sua mente ativa. É ainda muito relevante que leia o mais que puder, que escreva, que realize palavras cruzadas e outros desafios que o ajudem a aumentar a capacidade de raciocínio. Estimular a memória também é muito significativo, por isso, tente recordar eventos em vez de apontar tudo. Registe que, ter um cérebro ativo ajuda a prevenir o desenvolvimento de deficiências cognitivas.
Depois, também é importante evidenciar outros fatores que estão associados ao aparecimento de demências e, nesse contexto, os estudos demonstram que, as doenças cardiovasculares, a nutrição, o sedentarismo e a fraca exercitação mental, também apresentam uma forte influência, no entanto, esses aspetos podem ser melhorados com uma mudança no estilo de vida, nomeadamente apostar numa melhor alimentação, na prática de exercício físico, em tarefas que estimulem a atividade cerebral, vigiar a saúde em geral e seguir as orientações médicas.
Fátima Fernandes